62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
DA TRAVESSIA TRANSATLÂNTICA DOS AFRICANOS RUMO À ESCRAVIDÃO NO BRASIL, AOS DIAS ATUAIS: A SITUAÇÃO DOS AFRODESCENDENTES TRABALHADA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PERNAMBUCO À LUZ DA LEI FEDERAL 10.639 DE 09 DE JANEIRO DE 2003.
Clicidalva Barbosa Albuquerque 1
Gilma Cristina Barbosa de Albuquerque 2
Maria Betânia Barbosa Albuquerque 3
1. Escola Municipal Profº Aderbal Jurema - Ipojuca
2. Escola Municipal Walfrido Coelho - Jaboatão dos Guararapes
3. Escola Municipal Monteiro Lobato - Cabo de Santo Agostinho
INTRODUÇÃO:

Introdução - As relações comerciais Brasil-África confundem-se com a história do nosso país e hoje tem sido intensificada com mais atividades e produtos. No passado elas foram basicamente através do tráfico de escravos durante a exploração colonial portuguesa com o objetivo de serem vilipendiados como mão de obra em diversas atividades. O objetivo do trabalho é analisar a aplicação da Lei Federal 10.639 de 2003 nas escolas da rede pública de três cidades de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes, em função de seus potenciais econômicos e grande concentração de escolas. O foco da pesquisa é conhecer as estratégias pedagógicas das escolas para atingir a meta de debater a História e Cultura Afro-brasileira e a valorização e contribuição dos africanos à riqueza do Brasil, tendo em vista reconhecermos nosso país ainda como discriminador e desvalorizador da participação africana no nosso desenvolvimento. Sabendo-se que a escola representa um espaço privilegiado para esse debate, resolvemos verificar como tem sido realizada as atividades multidisciplinares nos diversos momentos e como os educadores e educandos registram, compreendem e ressignificam esses conhecimentos durante o ano letivo.

METODOLOGIA:

Métodos - A metodologia baseou-se num cronograma de atividades que abrangeu: entrevistas com os educadores e educandos para a exposição dos objetivos da pesquisa, coleta de depoimentos orais e escritos sobre o tema abordado, formação de grupos de estudos para análise e discussão de textos propostos, pesquisa bibliográfica consistente e atualizada, debates, análise de discursos, questionários de avaliação e auto-avaliação de educadores e educandos.

RESULTADOS:

Resultados e discussão - Aproximadamente 95% tanto de educadores quanto de educandos reconhecem a importância dos afrodescendentes para formação e desenvolvimento do Brasil, assim como admitem encontrar ainda hoje atos de racismo, tanto nas escolas como fora delas. A maioria absoluta dos professores conhecem a Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, mas apenas os da área de Ciências Humanas dizem trabalhar os temas referentes à pesquisa em sala de aula. Os educandos acham necessário o trabalho de todos os professores sobre a História da África e dos afrodescendentes, bem como a importância de sua valorização, mas reconhecem que nem todos os professores e nem a escola trabalham o tem como observa a lei. Um dado interessante é que a maioria dos pesquisados se reconhecem como negros quando questionados sobre sua origem étnica (segundo a classificação do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE) e reconhecem que o trabalho africano foi fundamental para construção dessa nação.

CONCLUSÃO:

Conclusões - Os professores conhecem a lei, sabem da necessidade aplica-la, mas principalmente aqueles que não são da área de Ciências Humanas admitem que não a trabalham porque não tem conhecimento científico consistente sobre os temas e pensam que é necessário que as redes de ensino também assumam a responsabilidade da aplicação da lei e desenvolvam trabalhos junto aos educadores que os possibilitem habilitá-los a promover essas atividades. Eles sugerem: palestras, debates, cursos, seminários e outras atividades com profissionais especializados na área numa perspectiva de Formação Continuada. Concordam que a escola ainda não assumiu integralmente a aplicação da lei, na medida que não procura buscar e fornecer subsídios. Os educandos também acham que a escola precisa trabalhar de forma mais efetiva, realista e contínua todos esses temas que são tão relevantes para seus aprendizados e concordam com os professores que as redes de ensino precisam dar maior apoio para que a lei efetivamente saia do papel e entre no currículo escolar de direito e de fato.

Palavras-chave: Lei, Afrodescendentes, Escola.