63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 1. Ética
IMPLICAÇÕES ÉTICAS DA FILOSOFIA DE LIBERDADE EM O CONCEITO DE ANGÚSTIA, DE SOREN KIERKEGAARD.
Juvenal Dias da Rocha 1
1. Universidade Federal de Uberlândia - UFU
INTRODUÇÃO:
Este estudo trata-se de uma investigação que visa descrever as implicações éticas da filosofia de Liberdade, em Kierkegaard, como liberdade de crer, pensar, agir e se expressar livremente de acordo com sua consciência, em sua cosmovisão ético-filosófica. Pretende-se refletir sobre a condição humana e como a angústia do existir afeta ou explica o ser livre, que vive em comunidade, compartilhando espaços comuns, mas tendo que divergir em crenças, princípios, interesses, política, filosofia e objetivos de vida. E elaborar uma advertência por meio da descrição das implicações éticas da ideia desenvolvida por Kierkegaard, sobre o risco de repetição da história, na qual se viu tolher a liberdade, sob justificativas infundadas de déspotas, reis e governadores ao redor do mundo e em nosso país. É preciso evitar o radicalismo expressado no mau uso do termo “discriminação”. Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo e, em todas as suas obras proferiu a angústia do ser humano face à conquista da liberdade e busca compreender que nas relações interpessoais, os limites da liberdade de um, são questionáveis em relação aos limites da liberdade de outro – a expressão do pensamento sem afetar negativamente a convivência.
METODOLOGIA:
Elegeu-se a pesquisa teórica, a partir da obra “O Conceito de Angústia, de Kierkegaard. Teve como fundamento filosófico o existencialismo cristão, adotado na cosmovisão Kierkegaardiana a partir de sua inquietação relacionada com o pecado original, ou seja, trabalha a queda do homem e a angústia gerada pela constante busca de reconciliação, que ele chama de “salto da fé”. Utilizando-se do estudo dedutivo em torno de embasamentos teóricos na concepção do conceito de liberdade em Kierkegaard para o aprofundamento do tema – ao detectar o postulado histórico no qual a liberdade se realiza; procurando demonstrar que esse caminho e essa inquietação é o que gera a angústia e desemboca na plena realização da liberdade do ser humano em Deus, outorgando benefícios ao outro, como semelhante de fato e de direito. Acompanhando assim, o desenvolvimento de conceitos relacionais, na medida em que esses se processem, delineando-os até o desfecho final do estudo. Será efetuada a analise textual, procedendo a uma leitura investigativa e interpretativa a partir da obra básica como porta de entrada da pesquisa; além disso, foi feita a leitura das outras obras do autor e de outros que também debruçaram sobre o assunto, fechando a fundamentação do tema.
RESULTADOS:
O estudo foi organizado a partir de três eixos temáticos, que nortearam o trabalho e a compreensão dos objetivos, a saber: Existência (estética, ética e religiosa), Consciência e Liberdade. Para atacar essa trilogia sistematizou-se em torno dos comentadores, do resgate biográfico do autor, do estudo e interpretação de suas obras e do desenvolvimento teórico do tema. De acordo com alguns dos comentadores o existencialismo de Kierkegaard, tem dado origem ao existencialismo cristão, por contraposição ao existencialismo ateísta que Sartre, e outros professaram. Sua filosofia de liberdade parte da ideia (existencialista, a qual o homem desenvolve ao longo da sua vida. Baseia-se no conceito de desespero, implicado pelo pecado mortal, implícito nas Escrituras, já que vacilar no espírito significa abandonar a fé em Deus, ainda que por breves momentos. Na obra O Conceito de Angustia, a liberdade relaciona-se com a angústia oriunda do pecado hereditário, a angústia do bem, do mal, do demoníaco. Suas inquietações são reflexos da relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo – herança de um pai extremamente religioso, que cultuava segundo os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião do estado.
CONCLUSÃO:
O trabalho contemplou, em uma primeira instancia a filosofia Kierkegaardiana de liberdade, tendo estabelecido a fundamentação teórica por meio da investigação da filosofia de liberdade desenvolvida a partir do Conceito de Angustia, com aproveitamento da outras teorias ou conceitos de liberdade. Desse modo, pois, chegou-se à questão da garantia de liberdade humana em relação ao outro, estudando as questões ligadas ao seu desenvolvimento; e o que foi possível verificar acerca das verdadeiras implicações éticas da filosofia de liberdade e a angústia de liberdade de consciência – questão conclusiva da ética desenvolvida por Kierkegaard. Em um segundo momento, se realizou investigação das implicações éticas da filosofia de liberdade à medida que o desdobramento teórico permita delinear o caminho para o estabelecimento da liberdade de consciência, definindo o conceito, esclarecendo o significado, sua contextualização e importância para a sociedade pós-moderna. E, finalmente, foi elaborada uma proposta de liberdade humana em relação ao outro, por meio de uma descrição da liberdade de consciência corroborada pela fonte teórica.
Palavras-chave: Existência, Consciência, Liberdade.