63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem |
CONCEPÇÕES SOBRE TRANSGÊNICOS APRESENTADOS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS |
Ricardo Pereira Sepini 1 Djalma de Oliveira Bispo Filho 1 Maria Delourdes Maciel 2 |
1. Doutorando em Ensino de Ciências e Matamética pela Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo 2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Pós-Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo |
INTRODUÇÃO: |
O processo de ensino e aprendizagem de Ciências tem revelado que os estudantes apresentam concepções limitadas, distanciado dos conhecimentos científicos (CABALAR, GIMENEZ, 1993; BASTOS, 1998; BIZZO, KAWASAKI, 1999). Observa-se que a maioria da população sente-se despreparada para emitir opiniões, às vezes simples sobre determinados temas, na qual demonstra que os conhecimentos adquiridos na escola não ultrapassam o saber do senso comum ou dos primeiros conhecimentos adquiridos na vivência dos sujeitos (PEDRANCINI, et al., 2008). Assim, objetivou-se nesta pesquisa investigar quais as concepções que os alunos da etapa final da educação básica apresentam sobre os Transgênicos (aplicações e implicações) sabendo que esta Biotecnologia já faz parte de nosso dia a dia. A relevância deste estudo demonstrou que o modo como o ensino é organizado e muitas vezes desenvolvido pouco contribui para desenvolver uma compreensão e competência nos estudantes e, ao mesmo tempo, alertamos para que o ensino deva avançar por meio de rupturas e descontinuidades e não pelo simples acúmulo de informações. |
METODOLOGIA: |
Para a obtenção de dados foram utilizadas as questões dissertativas do trabalho realizado por Pedrancini, et al (2008), na qual o questionário abrange conceitos básicos e polêmicos sobre Transgênicos e suas aplicações e implicações. O questionário foi aplicado a 63 alunos do 3º ano do Ensino Médio com idade entre 16 e 19 anos, de uma Escola Estadual da Região do Sul do Estado de Minas Gerais. Tendo o referido instrumento da pesquisa as seguintes questões: 1. Você já ouviu falar sobre os transgênicos? 2. O que você entende por transgênicos? 3. Você acha que existe alguma diferença entre organismo Geneticamente Modificado (GMs) e os Transgênicos? 4. Como você acha que se faz um transgênico? 5. Você conhece algum transgênico? Cite exemplos? 6. Na sua vida cotidiana você tem utilizado transgênicos? 7. Quais as vantagens que você vê em fazer os transgênicos? 8. Na sua opinião, quais são as desvantagens desta técnica? 9. Você é contra ou a favor dos transgênicos? Por que? As respostas foram agrupadas a nível que expressam o entendimento dos alunos sobre a questão. |
RESULTADOS: |
Do total de alunos entrevistados na pesquisa apenas um aluno relatou desconhecer essa biotecnologia. Na segunda questão os alunos utilizaram o conceito apresentado pela mídia “são organismos geneticamente modificados”. Na terceira questão 39,7% dos alunos disseram que sim, 57,1% que não e 3,2% não souberam responder. Na quarta questão responderam que os transgênicos são “feitos em laboratório”, “sofrem manipulação e modificação em seu DNA”, e a “adição de produtos químicos”, tendo como área responsável a “Engenharia Genética”. Na quinta questão todos os alunos afirmaram que conhece algum transgênico, sendo soja, feijão, arroz, canola, algodão, os mais citados. Na sexta questão 63,6% dos alunos afirmaram que utilizam transgênicos, 22,2% que não e 14,2% não souberam responder. Na sétima questão responderam que os transgênicos “aumentam a qualidade e validade do produto”, “apresentam resistência a pragas”, “melhoria do cultivo” e 10% desconhecem tais vantagens. Na oitava questão afirmaram que os transgênicos podem: “altera e desequilibrar as proteínas do produto”, “gera novas doenças, prejudicando a saúde e o meio ambiente” e 20% dos alunos não souberam opinar. Na nona questão 50% dos alunos eram contra os transgênicos, 40% a favor e 10% disseram não ter opinião formada. |
CONCLUSÃO: |
As opiniões e conhecimentos apresentados pelos estudantes revelaram que estes ainda não possuem uma concepção que ultrapasse o senso comum. As dificuldades detectadas nas respostas ingênuas dos estudantes pode ser resultado da aplicação de currículos lineares e de práticas em sala de aula meramente memoristicas que transformam o ensino de ciências, não em descobertas, mas sim, em simples memorização de conteúdos estanque (CABALAR, GIMENEZ, 1993; BASTOS, 1998; BIZZO, KAWASAKI, 1999). Sobre as implicações e aplicações desta biotecnologia os estudantes expressaram conhecimentos quase sempre utilizados pela mídia, onde reduziram o conceito à palavra ou à definição destituída de significados. Conforme Pedrancini et al. (2008) muitas vezes essas informações fornecidas pela mídia, aliadas ao modo pelo qual o ensino é conduzido, não são suficientes para a abstração e generalização do conhecimento. A escola deve promover um processo de ensino e aprendizagem apoiado em um currículo dinâmico e atual que trate o ensino de ciências como um processo contínuo e sempre em construção, e não, uma ciência única e acabada através de sequências didáticas conteudistas e lineares. |
Palavras-chave: Biotecnologia, Educação, Transgênicos. |