63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
UM ESTUDO SOBRE O LÓCUS DA EDUCAÇÃO SEXUAL: OS CUIDADOS DA SAÚDE COM O CORPO (EDUCAÇÃO SEXUAL) ENTRE ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA PERIFERIA DE BELÉM.
Jair de Oliveira Silva 1,4
Danielly Coelho Gomes Leite 1,4
Valter dos Santos Vieira 2,5
Rosilene Silva 1,4
Eleanor Gomes da Silva Palhano 1,2,3,4,5
1. Depto. de Filosofia e Ciências Sociais/Curso de Pedadogia-UEPA
2. Faculdade de Ciencias Sociais- UFPA
3. Profa.Dra./Orientadora- Faculdade de Ciencias sociais-UFPA
4. Universidade do Estado do Pará-UEPA
5. Universidade Federal do Pará- UFPA
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho estão apresentados os resultados de investigação tendo como objeto de estudo os cuidados da saúde com o corpo ou educação sexual, junto aos jovens de ambos os sexos, alunos do ensino médio em escola pública de educação básica do bairro Telégrafo periferia de Belém estado do Pará. A escola atende crianças, jovens e adultos dos bairros: Sacramenta, Pedreira, entre outros. Estas áreas são densamente povoadas, por famílias de baixa renda, onde a presença do poder público é praticamente inexistente, com deficiência em saúde e elevado índice de violência.
Ao longo das últimas décadas, a educação para os cuidados com a saúde do corpo ou “educação sexual”, termo já consolidado pelo uso comum para designar o conjunto de ações educativas e preventivas para a transmissão de doenças, têm sido objeto de estudos. Os estudos de Ribeiro (1990, 2005), Lages (2009), Nunes (1987) e Goldenberg (1981) evidenciam a necessidade de espaços educacionais capacitados para esclarecer os jovens em relação à sexualidade e às doenças sexualmente transmissíveis. Esta investigação se propôs a verificar que práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores, contribuem para orientar os alunos de modo a evitar doenças sexualmente transmissíveis.
METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza-se como estudo de caso em uma escola publica da periferia de Belém, convertendo-se em uma representação da realidade educacional vivenciada por outras escolas públicas locais. O estudo de caso, segundo Severino (2007) “consiste na pesquisa que se concentra no estudo particular, considerado significativamente representativo de um conjunto de casos análogos”. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa. Inventariou-se a base teórica deste estudo a partir do acervo digital das bibliotecas das universidades brasileiras, além de artigos indexados pela Scielo e informações coletadas junto aos órgãos especializados no atendimento à saúde e DSTs em Belém. Houve a aplicação de um questionário a 20 sujeitos, sendo 5 docentes e 15 alunos. O critério de escolha dos docentes foi pela declaração positiva de abordagem relativa sobre a sexualidade e educação sexual que desenvolvem em sala de aula. Dos 15 alunos selecionados, 8 são do sexo masculino e 7, feminino, todos cursando o ensino médio, na faixa etária entre 14 a 20 anos. A participação foi aleatória e a partir da recepção positiva ao questionário para coleta de dados da pesquisa. Que foram tratados por sistema de lugar/freqüência e apresentados em porcentagem simples, subsidiando as inferências encontradas.
RESULTADOS:
Esta escola pública é referência por possuir uma infra-estrutura diferenciada, e que objetiva comprometer-se na promoção de atividades educativas. A educação sexual constitui-se em grande desafio. Constatou-se que 100% dos alunos pesquisados confundem sexualidade com o ato sexual,verificou-se que: 67% dos alunos consideram a família responsável pela educação sexual e, 29% os profissionais de saúde e 4% não optaram.A escola pesquisada não há registros de dados estatísticos sobre o percentual de alunos e alunas contaminados por DST/AIDS. Os dados da SESPA (2010), aponta Belém com 49,06% de notificações. O Centro de Atenção e Saúde em Doenças Infectocontagiosas Adquiridas- CASA DIA ( 2010) aponta o bairro do Telégrafo o percentual de casos de AIDS por faixa etária de 15 a 19 anos, em de 2007com 20,59% de casos e 29,41% em 2008, 26,47% em 2009 e 23,53 em 2010. Os dados por gênero mostram que na população masculina foram notificados 19,82% em 2007 e 25,52% em 2008, 24,66 % em 2009, e 29,91% em 2010, de casos. Já para a população feminina contabilizaram-se 21,93% em 2007, 22,89% em 2008, 24,66% em 2009, e 29,91% em 2010. Quanto ao grau de escolaridade, ensino médio incompleto foi contabilizado 25,63% dos casos de AIDS em 2007, 25,63% em 2008, 22,50% em 2009 e 26,25% em 2010.
CONCLUSÃO:
Os parâmetros estabelecidos pelos órgãos de saúde, apontarm a progressão de casos de AIDS entre os jovens na cidade de Belém no bairro do Telégrafo. O estudo realizado evidenciou a necessidade de uma ação sistematizada na escola pública para a promoção de projetos educacionais que contemplem os cuidados com a saúde do corpo e a saúde sexual dos alunos, envolvendo professores e a comunidade escolar. Os docentes não estão capacitados para desenvolver ações educativas em conjunto com os demais conteúdos curriculares que possibilitem aos alunos a educação em saúde do corpo. A escola publica estudada pode reformular seu PPP e proporcionar em seu planejamento, a entrada de parceiros públicos da saúde para, em conjunto, escola + comunidade + parceiro em saúde, desenvolverem atividades contínuas sobre sexualidade e prevenção de doenças. Dessa forma, os professores e técnicos em educação necessitam de uma formação que possibilite o conhecimento, pois como alerta Ribeiro (1990), o professor é um agente transformador e multiplicador de valores e comportamentos da sociedade. Portanto, pensar a educação sexual é promover um estilo de vida que inclua atitudes responsáveis em relação ao outro, sendo o ambiente escolar mais uma ferramenta na prevenção do HIV/AIDS entre os jovens.
Palavras-chave: educação básica, educação sexual, escola pública.