63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 1. Comportamento Político
PERFIL E TRAJETÓRIA DAS PARLAMENTARES GOIANAS
Milton de Souza Mendonça Sobrinho 1
Denise Paiva Ferreira 2
1. Graduando em Ciências Sociais (Modalidade: Bacharelado) / Faculdade de Ciências Sociais - UFG
2. Profa. Dra. Orientadora / Faculdade de Ciências Sociais - UFG
INTRODUÇÃO:
As estatísticas têm, reiteradamente, observado uma paulatina inversão na composição do eleitorado brasileiro. Tardiamente incorporadas ao sufrágio no Brasil, hoje as mulheres correspondem a 51,81% dos cidadãos aptos a votar no país (TSE, 2010), constituindo-se assim uma expressiva força eleitoral. Em que pese todos os esforços de engenharias institucionais para a paridade representativa nas instâncias decisórias (Cotas, Lei Federal no 9504/97), as mulheres continuam sub-representadas na arena política. O presente estudo se insere no âmbito de reflexão e análise da participação feminina na arena político-eleitoral. Este trabalho tem suas atenções voltadas à arena eleitoral e parlamentar do estado de Goiás, especificamente investiga a participação feminina no poder legislativo estadual e federal no período 1982-2006. O estudo identifica e quantifica as legisladoras eleitas por Goiás no período supracitado bem como estudo reflete acerca da trajetória das parlamentares goianas, de modo a levantar o perfil dessas mulheres e averiguar como este influencia em sua inserção e a ascensão na vida pública. O trabalho ainda procura apresentar do ponto de vista das parlamentares eleitas a necessidade da paridade de gênero nas instituições representativas formais.
METODOLOGIA:
Para investigar o perfil e a trajetória das parlamentares goianas adotamos como recurso metodológico o mapeamento biográfico das parlamentares e também a realização de entrevistas semi-estruturadas e em profundidade. A partir do mapeamento de quantas foram e quem foram as deputadas eleitas podemos traçar questionamentos mais específicos, como: a) idade de ingresso na Assembléia Legislativa de Goiás / Câmara dos Deputados; b) grau de escolaridade; c) filiação partidária; d) se possuem familiares atuantes na política; e mesmo, e) se existe realmente a figura do marido famoso que contribua e dê suporte a essas mulheres que estão entrando em um espaço de poder predominantemente ocupado por homens. Nas entrevistas investigamos principalmente a percepção das parlamentares acerca da: a) participação feminina na política; b) se enfrentaram dificuldades na carreira política por ser mulher; c) se receberam o apoio familiar em suas carreiras políticas; d) como conciliaram a vida familiar e profissional com a vida pública; e, e) como é o relacionamento intra-partidário com as lideranças e o acesso a recursos para a campanha eleitoral.
RESULTADOS:
Nas Assembléias Legislativas do país o crescimento da participação feminina vem ocorrendo de forma expressiva desde o ano de 1974 (PRÁ, 1997). Em circunscrição regional vale destacar que desde 1986, Goiás acompanha paulatinamente a tendência do crescimento da participação feminina nos legislativos estaduais, naquela data duas parlamentares foram eleitas, duas eleições depois já eram 5 e atualmente 7 estão no parlamento goiano (TRE-GO, 2009). No plano federal, ao longo dos setenta e oito anos de sufrágio feminino no Brasil, Goiás elegeu apenas sete mulheres para o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Em 1986 foi eleita primeira deputada goiana para a Câmara dos Deputados. Quando voltamos nossos olhos para o Senado Federal a baixa representação feminina adquire tonalidade ainda mais vibrante, aquele ainda é um território a ser conquistado pelas mulheres. Os dados apresentados por Bohn (2007) mostram que, em toda nossa história republicana, apenas 28 mulheres lograram se eleger para o senado. Em Goiás o cenário não é diferente, apenas a senadora Lúcia Vânia (PSDB), conseguiu se eleger para aquela casa legislativa.
CONCLUSÃO:
Os dados apresentados mostram que Goiás não difere muito do restante do país, o déficit de representação feminina verificado no plano nacional se repete na política local. Embora se observe uma tendência de crescimento da representação feminina, os números ainda são bastante inexpressivos se confrontados a participação masculina na arena político-eleitoral. É evidente que os avanços são consideráveis, há pouco mais de 70 anos as mulheres nem sequer estavam incorporadas ao sufrágio, atualmente correspondem a mais da metade do eleitorado brasileiro, tem o direito de votar e de serem votadas e de participarem com protagonismo nas instâncias políticas decisórias. Entretanto, esse progresso não deve ser encarado como suficiente, longe disso, a participação feminina ainda não logrou o êxito necessário para uma diminuição significativa da disparidade de gênero, de forma que há ainda uma longa jornada a ser trilhada rumo a uma representação política mais paritária.
Palavras-chave: Representação Política, Participação Feminina, Política Local.