63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 3. Biologia Geral |
CARACTERIZAÇÃO HIDROQUÍMICA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IPORÁ, GOIÁS |
Alex Batista Moreira Rios 1 Sandra Macedo Rodrigues Lopes 1 |
1. Universidade Estadual de Goiás |
INTRODUÇÃO: |
Estudos que visam caracterizar os aspectos hidroquímicos de drenagens contribuem para compreender a composição química das águas de uma determinada região, contribuindo desta forma para quantificar o grau de contaminação e subsidiar a elaboração de estratégias para proteção e melhoria da qualidade da água de mananciais em áreas naturais e urbanas. Contudo, trabalhos referentes à hidroquímica em Unidades de Conservação são escassos, sobretudo naquelas que visam resguardar áreas ocupadas pelo Cerrado, um dos domínios morfoclimáticos mais biodiversos e ameaçados da biosfera, do qual nascem três grandes bacias hidrográficas da América do Sul. O Município de Iporá, localizado no Estado de Goiás, possui duas Unidades de Conservação (UCs): A Área de Proteção Ambiental Morro do Macaco, com aproximadamente 1.000 ha e o Parque Ecológico da Cachoeirinha Valdeson José de Lima, localizado próximo a cidade e apresenta acentuado processo de antropização. A biodiversidade destas áreas é pouco conhecida. Buscando ampliar o conhecimento destas UCs, este trabalho teve por objetivo caracterizar as águas superficiais destas quanto à composição físico-química e química. |
METODOLOGIA: |
As amostras foram coletadas aleatoriamente em dois córregos sazonais da Área de Proteção Ambiental Morro do Macaco (16° 25’ 212” S 51° 02’ 455’ W), denominada UC1 e em trechos do Ribeirão Santo Antônio e Córrego Tamanduá inseridos no Parque Ecológico da Cachoeirinha Valdeson José de Lima (16° 26’36’’ S 51°07’54’’ W), denominada UC2. As coletas ocorreram em dois períodos: um durante o mês de setembro, durante o período da estiagem no ano de 2010 e um segundo no decorrer do período chuvoso, em fevereiro do ano de 2011, sendo que as coletas na UC2 ocorreram apenas no segundo período. Seguiu-se as técnicas de coleta, acondicionamento e análises das amostras adotadas pela Saneamento de Goiás (SANEAGO). Foram determinados os parâmetros temperatura, turbidez, cor aparente, pH, condutividade, alcalinidade total, alcalinidade à HCO3, alcalinidade à CO2, ferro total, dureza total, matéria orgânica (oxigênio consumido), sólidos totais dissolvidos, condutividade, índice coliforme total e índice de Escherichia coli. |
RESULTADOS: |
A temperatura das amostras coletadas na UC1 apresentou temperatura de 24°C, enquanto que a água coletada nos cursos d’água da UC2 teve variação na temperatura nos períodos analisados, entre 25°C e 26°C durante a estação da seca, em agosto de 2010, e de 24°C e 29°C na estação chuvosa, em fevereiro de 2011. As análises físico-químicas indicaram baixos valores para turbidez em todas as amostras, incluindo na estação chuvosa, onde se encontrou valores abaixo de 130 FTU. As águas apresentaram baixa acidez e altos valores para condutividade, e valores variados para alcalinidade, cujos maiores foram encontrados na UC1, aspecto de água com muito material dissolvido, sendo que a matéria orgânica apresentou valores na estação chuvosa. Os valores para sólidos totais dissolvidos foram altos para UC1 quando comparados aos de UC2 em fevereiro. Encontrou-se baixa quantidade de ferro e a dureza variou entre 28mg/L a 40mg/L na estação seca e de 30mg/L a 60mg/L na estação chuvosa. Todas as amostras de UC1 e UC2 apresentaram altos índices de contaminação por coliformes totais e presença de E. coli. Estes dados revelam que as águas fluviais destas UCs encontram-se poluídas, principalmente as da UC2, devido à descarga direta de esgoto, comprometendo a biodiversidade e moradores locais. |
CONCLUSÃO: |
Os parâmetros considerados para análise neste estudo revelam que os cursos fluviais existentes no interior das Unidades de Conservação do Município de Iporá têm sua qualidade comprometida, incluindo os córregos sazonais de UC1, que apesar de situar-se longe da cidade, é atingida por ações antrópicas, podendo ser classificadas quanto ao uso como destinadas a harmonia paisagística. O Ribeirão Santo Antônio e o Córrego Tamanduá devem ser considerados com maior atenção, por apresentar altos índices de poluição, por receberem esgoto urbano e muitos resíduos sólidos, sobretudo o Córrego Tamanduá que percorre a região central da cidade e atua como calha para escoamento de efluentes. Outro fator a ser considerado sobre estes dois corpos d’água possuem parte de seus trechos situados no interior de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, e o transporte de material poluente para esta área pode ameaçar a estabilidade dos ecossistemas locais e a extinção de espécies, sobretudo aquáticas. Com base nos dados obtidos neste trabalho, é imperativo que atitudes mitigadoras sejam adotadas, como a implantação de sistema de tratamento de esgoto e trabalhos de educação ambiental que tratem sobre o descarte do lixo e conservação dos ambientes naturais destas Unidades de Conservação. |
Palavras-chave: Água, Análise, Biodiversidade. |