63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências |
IMPACTOS NO ECOSSISTEMA MANGUEZAL DEVIDO A URBANIZAÇÃO DO BAIRRO JARACATY, SÃO LUÍS – MA |
Abraão Martins Terceiro 1 Camilla Helena Guimarães Silva 1 Juliana Nogueira de Holanda 2 Edson Franco de Sá Junior 2 Raabe Magalhães 2 Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos 3 |
1. Graduado (a) de Oceanografia - Depto. de Oceanografia e Limnologia - UFMA 2. Graduando (a) de Oceanografia - Depto. de Oceanografia e Limnologia - UFMA 3. Dr. Orientador - Depto. de Oceanografia e Limnologia - UFMA |
INTRODUÇÃO: |
O crescimento populacional desordenado trouxe problemas de habitação, saúde e segurança, além de favorecer o surgimento de ocupações irregulares, tais como palafitas e favelas. Esses problemas têm evoluído consideravelmente, à medida que aumenta a urbanização. Em conseqüência do desenvolvimento urbano não planejado, observam-se sérios impactos ambientais no solo e na estrutura sanitária. Durante cerca de vinte anos (1970-1994), a região do Jaracati, situada na margem direita do rio Anil, foi utilizada para a disposição final de todo lixo urbano da cidade. Operava sob condições sanitárias e ambientais duvidosas, representando um dos principais focos de vetores patológicos à saúde pública. Nessa área houve, ainda, um projeto para a implantação de zona residencial, que resultou em um intenso processo de devastação da cobertura vegetal no sítio Santa Eulália. Atualmente o São Luís Shopping é o maior do Maranhão, localizado no bairro Jaracati, inaugurado em 20 de novembro de 1999. Ocupando uma área de aproximadamente 55.000 m², foi um marco no desenvolvimento de São Luís, devido à expansão comercial e a opção de lazer para a população. Silva et al (2010), citam uma grande fonte de estresse ambiental na zona do estuário do Rio Anil, próximo a construção em questão. Ali convergem rejeitos orgânicos e inorgânicos, proveniente de efluentes domésticos e industriais da cidade. |
METODOLOGIA: |
Para a execução deste trabalho foram utilizadas fotos aéreas da Ilha de São Luís dos anos de 1988 (base cartográfica AEROCONSULT) e 2007 (extraída do programa Google Earth). Essas imagens foram georeferenciadas a partir do programa ER Mapper 7.0, de onde foram extraídas as informações necessárias para a composição deste trabalho. No programa ArcGis 9.2 para cada ano, foi criado um shape para marcar as edificações identificadas, possibilitando assim uma contagem e comparação da urbanização no local nos diferentes anos. Ainda foi feita intersecção dos limites de bairros (base cartográfica AEROCONSULT) com setores do Censo IBGE 2000. Ainda no programa ArcGis 9.2 foram elaborados os mapas temáticos com os resultados do presente trabalho. A partir daí foram atribuídos para cada mapa confeccionado, elementos básicos de cartografia como: grade, legenda, escala e rosa dos ventos. |
RESULTADOS: |
Com a construção do Shopping São Luis no lugar do ‘lixão’ da cidade, foi possível observar um considerável desenvolvimento na área, dando inicio a um processo de urbanização, a partir das invasões de terrenos por famílias e posseiros. Algumas empresas também se instalaram no local, como hospitais, consultórios médicos e odontológicos, lojas, escritórios e postos de combustível, tornando a área comercialmente desenvolvida e ocupada. Foi possível observar que no ano de 1988, no bairro Jaracaty, haviam aproximadamente 170 edificações a partir do ano de 1999, com a construção do Shopping São Luis, houve um crescimento. No ano de 2007 foi possível contar a existência de 327 edificações na localidade. Com a sobreposição da base de dados de 1988 e 2007, pode-se observar o crescimento urbano no entorno. Tal fato deve-se não somente a valorização já citada pelo desenvolvimento comercial da área, mas também pela proximidade com a construção; alguns operários se instalaram na época da realização da obra, para minimizar seus gastos (BONDUKI, 1994). Para possibilitar a expansão, vários hectares de mangue foram desmatados e, onde dantes se encontravam espessos bosques de Rhizophora mangle, foram substituídos por casas e palafitas. Após a fase de supressão vegetal e efetiva instalação das residências, o manguezal passou a sofrer com o despejo de efluentes domésticos in natura, que deteriorou ainda mais a qualidade do ecossistema (SILVA, 2010). |
CONCLUSÃO: |
O crescimento populacional no entorno do shopping no bairro Jaracati foi notoriamente percebido neste trabalho, onde poderemos observar o número de casas e edificações que circundam a área do mesmo. Antes da construção do shopping, a área funcionava como depósito de lixo, sendo quase inabitada. Com o início das obras, muitos terrenos das áreas circunvizinhas foram rapidamente invadidos e ocupados. Com a ausência de políticas de manejo ambiental, ao longo do tempo foram produzidas assimetrias espaciais que frustraram muitas propostas técnicas para da relação homem/ambiente. Para o sucesso dessas propostas, cria-se a necessidade de projetos baseados em modelos que analisem tecnologias não poluentes e degradantes, uma vez que contemplem os níveis possíveis de distúrbios admitidos pelos ecossistemas e proponham recuperá-lo, quando necessário. Em 2006, no mesmo bairro, houve a construção de outro grande empreendimento, denominado Jaracaty Shopping, localizado a poucos metros do Shopping São Luis. Ainda não houve estudos que mensurassem os impactos dessa construção no entorno da área estudada. Acredita-se que, conceitualmente, encontrem-se a mesma tipologia de impactos, porém em diferentes proporções. |
Palavras-chave: ocupação desordenada, geoprocessamento, meio ambiente. |