63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
OCORRÊNCIA DE CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO EM Cissus gongylodes (Burch. ex Baker) Planch. (Vitaceae)
Ludmila Gondim Rodrigues 1
Marcos Vinícius Dantas de Queiroz 1
Letícia de Almeida Gonçalves 1, 2
1. Departamento de Biologia Geral, UFG
2. Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Biologia Geral – UFG
INTRODUÇÃO:
Cissus gongylodes (Burch. ex Baker) Planch. (Vitaceae) é uma liana que se fixa ao substrato através de gavinhas com discos adesivos. É uma planta domesticada, no Brasil, pelos índios kayapós, que a utilizam como fonte de folhas e frutos comestíveis. Os cristais de oxalato de cálcio são inclusões sólidas que, segundo vários autores, podem atuar como reserva de cálcio e, ou, ácido oxálico e também atuar na proteção contra a herbivoria. Esses cristais podem ainda estar associados a outras substâncias como lipídeos, proteínas e alcalóides, encontrados nos idioblastos cristalíferos. Além da importância ecológica, os cristais são utilizados, muitas vezes, nos trabalhos taxonômicos e filogenéticos. A ocorrência de cristais de oxalato de cálcio em C. gongylodes é documentada em alguns trabalhos. Entretanto, não há estudos aprofundados sobre sua ocorrência em todos os seus órgãos. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar os cristais de oxalato de cálcio ocorrentes nos órgãos vegetativos de C. gongylodes visando ampliar o conhecimento acerca da espécie.
METODOLOGIA:
Os espécimes de C. gongylodes foram obtidos em residência particular na cidade de Goiânia (GO). Foram utilizadas amostras de folhas, caules, raízes adventícias aéreas e gavinhas. Secções transversais das folhas (lâmina e pecíolo), do caule (2º. e 3º. entrenós do ápice para a base), das raízes e das gavinhas foram obtidas à mão livre com auxílio de lâmina de aço inoxidável. Estas foram clarificadas, submetidas à dupla coloração com azul de astra 0,3% e fucsina básica 0,1% e montadas, entre lâmina e lamínulas, em glicerina hidratada 50%. As gavinhas foram utilizadas também para inclusão em parafina. Secções longitudinais foram obtidas com micrótomo rotativo Spencer com espessura de 10 µm e, após coloração com safranina 1%, azul de astra 0,3% e hematoxilina férrica de Heidenhain, as mesmas foram montadas, entre lâmina e lamínula, com verniz vitral. O registro das estruturas anatômicas e de suas respectivas escalas foi feito em fotomicroscópio Zeiss modelo Axioskop equipado com luz polarizada.
RESULTADOS:
Os cristais de oxalato de cálcio encontrados em C. gongylodes são dos tipos ráfides e drusas, e estão presentes em todos os órgãos vegetativos analisados. Os mesmos são armazenados em idioblastos que podem variar em tamanho. Na região internervura da lâmina foliar, os cristais estão localizados nos parênquimas lacunoso e paliçádico, e na nervura central as ráfides e as drusas ocorrem em maior quantidade no parênquima cortical. No pecíolo, as drusas ocorrem em maior quantidade no parênquima cortical e as ráfides em maior quantidade no parênquima medular. No caule, a presença de ráfides e drusas foi observada com maior freqüência no parênquima cortical. Nas raízes, as ráfides ocorrem em menor quantidade que as drusas, que estão presentes com maior frequência no parênquima cortical. Nas gavinhas, os cristais ocorrem no parênquima cortical e as drusas são mais frequentes que as ráfides.
CONCLUSÃO:
Todos os órgãos vegetativos de C. gongylodes possuem cristais de oxalato de cálcio dos tipos drusa e ráfides. Na raiz, no caule e na gavinha, no pecíolo e na nervura mediana da folha, os cristais ocorrem, com mais freqüência, na região cortical. Na região internervura da folha, os cristais ocorrem no mesofilo, sendo ausentes na epiderme.
Palavras-chave: Cissus gongylodes (Burch. ex Baker) Planch., Cristais de oxalato de cálcio, Ráfides e drusas.