63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 1. Sociologia da Saúde |
MATERNIDADE E PATERNIDADE EM TEFÉ/AM UM DIREITO A SER CONQUISTADO |
Rônisson de Souza de Oliveira 1 Maria de Fátima Ferreira 2 Cristiane da Silveira 1 |
1. Universidade do Estado do Amazonas - UEA 2. Universidade Federal do Recôncavo Baiano - UFRB 3. Profa. Msc./ Orientadora - Universidade do Estado do Amazonas - UEA |
INTRODUÇÃO: |
Tenho em vista a incidência de filhos/as sem pai juridicamente na região do Médio Solimões, 9% para o período de 1998 a 2008 (OLIVEIRA, 2010), buscou-se investigar a parentalidade de três gerações no município de Tefé/AM. Portanto o nosso objetivo neste trabalho foi qualificar a temática da reprodução através de entrevistas com três mulheres/mães e três homens/pais para que narrassem as suas vidas reprodutivas, desde a contracepção até os cuidados com a criança gerada, nossa hipótese é que os direitos sexuais reprodutivos não são assegurados para as diferentes gerações dessa região e isto afeta diretamente as questões de desigualdades nas relações de gênero como a ausência paterna na Certidão de Nascimento. Temos que a reprodução tem as maiores consequências (biológicas) no corpo da mulher (SCAVONE, 2001) e vem há vários anos sendo debatida pelos estudos de gênero pelas questões das responsabilidades parentais não compartilhadas de forma igualitária. E atrelada a essa questão, a falta dos direitos sexuais e reprodutivos tornam-se relevantes para as análises sobre a ausência paterna na Certidão de Nascimento no Médio Solimões. |
METODOLOGIA: |
Esta pesquisa foi feita através da técnica qualitativa, sendo uma das fases do projeto Ausência de Paternidade na Adolescência no Médio Solimões. A partir do objetivo, trabalhamos com entrevistas em que as pessoas envolvidas representavam três gerações diferentes de mulheres e homens, sendo dois adolescentes/jovens, dois adultos e dois idosos, com a característica de que todos/as já tinham passado pela experiência da maternidade e paternidade. As entrevistas foram realizadas na casa dos/as entrevistados/as com o uso de um questionário semi estruturado, um gravador de voz e depois transcritas para o programa de computador Microsoft Office Word, em seguida os dados foram analisados de acordo com a proposta. |
RESULTADOS: |
As três gerações de mulheres e de homens narram suas participações na vida reprodutiva de formas distintas, mas com muitos pontos em comum. A idade por geração dos/as entrevistados/as fica assim distribuída: Mulheres 79, 48 e 17 anos, Homens 70, 40 e 23 anos. O inicio de suas vidas reprodutivas se deu da seguinte forma 18, 21 e 14 anos as mulheres; e os homens 21, 25 e 22 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde que circunscreve o período da adolescência e juventude dos 10 aos 24 anos, somente um entrevistado não iniciou a reprodução nesta fase da vida. Nenhum planejou a vinda do primeiro filho/a, três tiveram o/a filho/a, dentro de relações estáveis com os (as) parceiros (as) após o casamento, para dois o casamento foi uma conseqüência do nascimento do (a) primeiro (a) filho (a) e terceira geração de mulher é mãe solteira. A primeira geração de mulher/ homem afirma que não conhecia os métodos contraceptivos, as outras duas conheciam mais não usaram para evitar a gravidez, sendo esta considerada para a terceira geração um “acidente”. Os cuidados com os/as filhos/as estão atrelados tanto na fala das mulheres como na dos homens aos papéis que cada um desenvolve no âmbito da família: as mulheres papel afetivo maternal e cuidados com os/as filhos/as e ao homem papel de provedor financeiro, porem para a terceira geração de mulher que se tornou a única responsável pela criança gerada o homem pai de seu filho não tem esse papel na família. |
CONCLUSÃO: |
Portanto os dados representam uma face da realidade brasileira com tremendas dificuldades para universalizar o direito ao planejamento familiar, bem como ao livre exercício da sexualidade livre da reprodução. Ao longo da vida de três gerações os direitos a escolha na reprodução não foram assegurados nessa região amazônica, que por vias transversais atinge as relações de gênero, ocasionando desigualdades. Se a reprodução não é uma escolha, as mulheres tornam-se vulneráveis a arcarem com as consequências de uma gravidez, tornando-se as únicas responsáveis social e juridicamente por uma criança gerada. |
Palavras-chave: reprodução, direitos reprodutivos, relações de gênero. |