63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
CATEGORIZAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Renata Innecco Bittencourt de Carvalho 1,2
Marcella Godoy Evangelista da Rocha 2
1. Profa. Mse e Dda - Faculdade de Educação, Universidade de Brasília - UnB
2. Centro Universitário de Brasília - UniCEUB
INTRODUÇÃO:
Ao abordar os diferentes níveis de escolarização brasileiros, enquanto a formação de professores para o Ensino Fundamental e Médio contempla a preparação para a prática pedagógica, os da Educação Superior, na sua maioria, não têm contato, na formação acadêmica, com conteúdos ou práticas relacionadas à didática ou à metodologia do Ensino Superior (LUCARELLI, 2000).
Percebe-se, hipoteticamente, que a organização do trabalho pedagógico nas instituições de educação superior brasileiras tem preparado os alunos para o exercício profissional específico de cada área. Concomitantemente, é freqüente encontrar, na legislação e nas políticas educacionais, a afirmação que a Educação Superior tem como objetivo preparar alunos críticos, reflexivos e aptos para atuarem como cidadãos construtores de uma sociedade futura mais igualitária e justa. No entanto, percebe-se que essas duas afirmações se confluem em uma contradição, pois preparar os alunos o exercício das profissões existentes no mercado de trabalho leva a crer que, no futuro, será mantida igual ou semelhante estrutura econômico-social.
É preciso, neste sentido, compreender a prática docente na Educação Superior.
METODOLOGIA:
Para que se possa analisar o trabalho pedagógico do professor dos cursos de graduação, considerou-se adequada a categorização desenvolvida por D’Ávila (1985) a partir do estudo da evolução das idéias pedagógicas que classifica os autores que dizem respeito à relação entre a educação institucional e a sociedade nas Categorias A, B e C.
A partir dessas categorias, seria interessante analisar o docente universitário de diversas áreas do conhecimento. A partir da contextualização histórico-social e da ideologia que serve de base à formação do aluno nos cursos de graduação.
RESULTADOS:
A Categoria A contempla a sociologia educacional de Durkheim com uma perspectiva da história a partir de uma linha ascensional e progressiva. Se para Durkheim a educação é o princípio constitutivo da sociedade, para Mannheim ela é o princípio constitutivo da organização do poder nesta sociedade e seu caráter político é explícito. Dewey voltou-se mais ao estudo da instituição social como instrumento para a reforma total da sociedade. Cita, também, a chamada “teoria do capital humano” que demonstrava a rentabilidade do investimento econômico feito pelos pais nos estudos do filho.
A Categoria B pode ser analisada a partir de Bourdieu e Passeron que não aceitam a independência e a neutralidade dos sistemas de ensino e social. O sistema escolar é responsável por homogeneizar a percepção de pensamento e de ação ao mesmo tempo em que desenvolve a “pedagogia da não-pedagogia”.
Na Categoria C, os temas apresentados como base em Snyders, Levitas, Gramsci, Basaglia, Gorz e Mandel são: a reivindicação de educação para as massas; a exploração das contradições da escola; a ligação classes médias-proletariado, ou seja, ao problema das relações entre as classes fundamentais da sociedade capitalista; e a relação da escola com a organização e a condução.
CONCLUSÃO:
O desafio de desvincular o conceito dos espaços educacionais como ambientes afastados da realidade, passa por questões não tão explícitas, mas, nem por isso, complexas. Contudo percebe-se a intencionalidade na manutenção de uma sociedade que privilegia uma minoria interessada na continuidade das estruturas vigentes.
Nesse cenário, surge a idéia de que pela educação é possível contribuir para a melhoria das condições de vida futuras. A (trans)formação de indivíduos em agentes sociais remete à idéia da passagem dos mesmos pelas universidades e, mais ainda, ao período em que passam pelas experiências desenvolvidas nos cursos do Ensino Superior.
D´Ávila (1985) parte do exame das condições da práxis do processo de contra-hegemonia a partir dos espaços da anti-hegemonia. A organização é apresentada como “a argamassa” para articulação de ações contra- hegemônicas e a condução teórica sólida como indispensável para a solidez das ações.
As categorias de análise desenvolvidas por D`Ávila (1985) surgem como chaves para abertura de um campo ainda obscuro, talvez inconscientemente para alguns, mas intencionalmente para outros. A partir da compreensão da postura do professor universitário brasileiro com relação ao trabalho por ele desenvolvido e, consequentemente, à formação do aluno, acredita-se possível, com a análise estruturada a partir dessas categorias, identificar caminhos a serem trilhados pela contra-hegemonia.
Palavras-chave: Formação docente, Prática docente, Educação Superior.