63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) |
PRÁTICA DE ENSINO COMO ESPAÇO POLÍTICO DE CRIAÇÃO NO IFES: PARCERIA ENTRE LICENCIATURA EM QUÍMICA, ENSINO TÉCNICO INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO |
Cynthia Torres Daher Fortunato 1 Antonio Donizetti Sgarbi 2 Maria Geralda Oliver Rosa 3 Sidnei Quezada Meireles Leite 4,5 |
1. Professora de Educação em Ciências, M.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Aracruz do Instituto Federal do Espírito Santo 2. Professor de Educação, D.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírito Santo 3. Professora de Educação, M. Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírito Santo 4. Professor de Educação em Ciências/Química, D.Sc., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírit 5. Professor, Doutor, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, Campus Vitória do IFES |
INTRODUÇÃO: |
As Diretrizes Curriculares Nacionais para formação de professores apontam para a necessidade de formação inicial docente orientada por situações de ensino e de aprendizagem equivalentes àquelas que serão vivenciadas no exercício profissional. De maneira geral a concepção dominante nestes cursos segmenta-os em dois pólos: um caracteriza o trabalho na sala de aula e outro as práticas pedagógicas [1]. No primeiro caso os conhecimentos teóricos são mais valorizados desprezando-se as práticas como fonte de conteúdos e no segundo o fazer pedagógico é supervalorizado em detrimento da dimensão teórica dos conhecimentos como meio de análise das práticas [1]. O estudo aqui apresentado teve como objetivo investigar uma tentativa de superação desta lógica dualista por meio de planejamento colaborativo do componente curricular Oficina de Gestão de Sala de Aula, cursado pelos discentes do 6º período do curso de Licenciatura em Química 2010/2 do Ifes campus Vitória, e por meio de parceria entre este e o Ensino Técnico Integrado com o Ensino Médio regular e com o Proeja. Este componente curricular representa espaço criado para subsidiar a formação de professores orientada por situações equivalentes de ensino e de aprendizagem e auxiliar na superação da compreensão restrita de prática de ensino. |
METODOLOGIA: |
Tratou-se de estudo de caso de cunho exploratório [2] concernente ao componente curricular Oficina de Gestão de Sala de Aula, cursado por discentes do 6º período de Licenciatura em Química do Ifes Vitória 2010/2, por meio de planejamento colaborativo e de parceria entre o referido curso e o Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio regular e ao Proeja. O fato de todos os cursos serem oferecidos na mesma estrutura física favoreceu a parceria. A turma de licenciandos constava de 23 discentes sendo que 14 (60,86%) expressaram, por meio de questionário inicial de expectativas, a intenção de não exercer a profissão docente. Nesse sentido, a professora buscou oportunizar situações de ensino que favorecessem a aplicação de conhecimentos teóricos e práticos e ainda estimular a autonomia discente. De forma colaborativa planejou-se o percurso metodológico da disciplina [3]. Cada licenciando ministrou três aulas de Química: a primeira na própria sala para seus pares, a segunda nas turmas do Ensino Técnico Integrado e a terceira em sala abordando conteúdos a partir de temas de CTS [4]. Ao final da disciplina os discentes preencheram novo questionário avaliando todo o processo. Os professores titulares e dois discentes de cada turma visitada avaliaram as aulas ministradas pelos licenciandos. |
RESULTADOS: |
A inicial resistência de alguns discentes foi vencida pelo entusiasmo dos demais com a possibilidade de construir os caminhos metodológicos que viriam a percorrer e de exercitar a docência em sala de aula real. ARANHA [5] ao tratar das questões axiológicas da educação, ressalta a educação política como ponto relevante na formação do cidadão ativo e autônomo. Foi possível verificar que quando decisões são tomadas em conjunto e por consenso todos se sentem responsáveis pelos resultados. Conciliar a teoria Química estudada ao longo do curso com as diferentes possibilidades de ensiná-las foi de significativa importância na tomada de consciência quanto à compreensão do fazer docente. Não basta saber e saber fazer é preciso compreender o que faz e porque faz [1]. Ao final da disciplina, 9 (64,3%) dos 14 discentes que tinham manifestado desejo de não exercer a docência repensaram a postura, 1 (7,1%) desistiu e os outros 4 (28,6%) mantiveram o mesmo sentimento. Os professores titulares e os discentes das turmas visitadas avaliaram positivamente a parceria estabelecida, sendo importante destacar a empolgação de alguns dos discentes do Ensino Médio Integrado em função das variadas metodologias utilizadas pelos licenciandos como jogos, experimentos demonstrativos, músicas, vídeos etc. |
CONCLUSÃO: |
Por meio desta disciplina o licenciando teve oportunidade de entrar em contato com diferentes dimensões da gestão de aulas e de exercitar sua cidadania de forma autônoma e ativa reconhecendo-se como ser político de direitos, de deveres e de participação. Para que a educação oportunize a formação de indivíduos autônomos, ativos, sensíveis e criativos [5] é válido que os futuros professores sejam formados a partir dessas perspectivas. Trata-se da “simetria invertida, onde o preparo do professor, por ocorrer em lugar similar àquele em que vai atuar, demanda consistência entre o que se faz na formação e o que dele se espera” [1]. Ref. 1) BRASIL. MEC. Parecer CNE/09/2001, de 08 de maio de 2001. DCN para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. 2) GIL, A. C. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 3) VEIGA, I. P. A. Organização didática da aula: um projeto colaborativo de ação imediata. In: VEIGA, I. P. A. (Org.). Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas: Papirus, 2008. 4) AULER, D. Alfabetização científico-tecnológica: um novo “paradigma”? Ensaio. Belo Horizonte: v. 5, n.1, p.1-16, 2003 5) ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. |
Palavras-chave: Prática de ensino, Formação de professor, político. |