63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana |
Territorialidade Camponesa na Comunidade de São Judas no Nordeste Paraense |
Rafael Benevides de Sousa 1 Cátia Oliveira Macedo 2,3 |
1. Núcleo de Meio Ambiente – UFPA 2. Profa. Dra. / Orientadora - Depto. Ciências Humanas – IFPA 3. Depto. Ciências Humanas - UEPA |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada entre 2009 e 2010 na comunidade de São Judas no município de Bujaru, e tem como objetivo compreender a construção da territorialidade camponesa no nordeste paraense. No trabalho seguimos como orientação teórica, a vertente de autores que entendem a existência dos camponeses na sociedade como resultado da própria contradição do capitalismo. No ensaio discuti-se a produção e a religiosidade camponesa e as influencias externa na agricultura e na vida em comunidade. Através do trabalho de campo foi possível adentrar no universo desses camponeses, e a partir dele traçar considerações acerca do campesinato amazônico e em particular acerca da territorialidade em construção nesta comunidade. Assim, por meio da pesquisa tentamos apresentar o substrato da vida camponesa no meio rural brasileiro. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa de campo foi a opção metodológica que nos permitiu observar às formas como os camponeses de São Judas constroem o seu território. Com isso pudemos vivenciar a vida desses camponeses, observando seu cotidiano, sua jornada de trabalho, aspectos da religiosidade, enfim, compreendendo os diversos aspectos do campesinato, colhendo informações acerca dos problemas vivenciados por esses lavradores, e suas relações dentro do espaço. Como técnica de pesquisa, optamos pela observação assistemática para coleta de dados, utilizando basicamente a técnica de entrevistas abertas e semi-abertas, e a historia de vida que possibilitou muitas conversas. Estas entrevistas foram realizadas com as pessoas mais idosas, com lideranças, com os jovens e com grande parte dos agricultores da comunidade. Também foi utilizado questionário socioeconômico, sobre a origem familiar e sobre a produção agrícola. |
RESULTADOS: |
Mesmo após o advento de todas as transformações capitalistas ocorridas na Amazônia, encontramos territórios na qual o campesinato permanece vivo, não como um resíduo social, mas com uma estética de vida na qual viver-se bem é possui um pedaço de terra para poder trabalhar e sustentar-se com o que se produz. Assim é marcada a territorialidade camponesa na comunidade de São Judas no nordeste paraense, na qual existe uma forte relação entre os camponeses, que é traçada pelos fortes laços familiares existentes na comunidade, personificada pelas famílias do Carmo e Cruz. Nas narrativas das entrevistas, observamos um forte laço de sociabilidade e de reciprocidade entre os integrantes da comunidade, que é expressa nas relações de parentesco e vizinhança, materializado na socialização dos objetos de trabalho, nas trocas e divisão de alimentos, nos momentos de lazer, enfim no cotidiano em comunidade. A terra se apresenta como um bem de fundamental importância na constituição desse território. Isso se evidência quando todos os moradores da comunidade tiram da terra o sustento de suas famílias, e vendem uma parte da sua produção para comprar o que não produzem. Um fator que também caracteriza o território de São Judas é a religiosidade, que se apresenta como um forte elemento na vida camponesa. Assim, a construção desse trabalho partiu da historia de vida desses camponeses, que abriram as portas de suas casas, de seus trabalhos, de suas vidas, para a realização deste trabalho. |
CONCLUSÃO: |
Este trabalho se propôs compreender a territorialidade camponesa no nordeste paraense, buscando desvendar o processo de produção e reprodução do modo de vida camponês na comunidade de São Judas. Dessa forma, destacamos em São Judas três elementos que tece a reprodução camponesa nesta comunidade, expressos por meio da família, da terra e da religiosidade. Percebemos assim, que as afirmativas de determinados teóricos de que a os camponeses estariam fadados ao desaparecimento devido a expansão capitalista no campo, não se concretizou, pois surgiram territórios e outros se recriaram sob o modo de vida camponês, tal qual observado na Comunidade de São Judas. |
Palavras-chave: Comunidade de São Judas – Bujaru – Pará, Territorialidade, Campesinato. |