63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
OS FUNDAMENTOS PARA O TRABALHO DO EDUCADOR NA FORMAÇÃO DO HOMEM AUTÔNOMO
Liliane Barros de Almeida 1
1. Mestranda/Programa de Pós-Graduação em Educação - UFG
INTRODUÇÃO:
Demonstra-se a partir da leitura e da análise da teoria de Rousseau, os fundamentos do trabalho do professor em uma proposta para a formação humana autônoma. As reflexões encontradas em sua obra, a respeito do professor, revelam princípios básicos de educação e política no desenvolvimento da sociedade. Retomar a importância desses princípios e como eles poderiam ser pensados a partir da realidade encontrada no contexto atual da educação se faz necessário para a reconstrução de nossa sociedade. É imprescindível, hoje, constituir um projeto educacional voltado para a formação política do indivíduo buscando reconstruir o sentido da existência humana.
METODOLOGIA:
No que se refere à metodologia, a presente investigação é de cunho filosófico, mediante uma leitura crítica consolidada em uma perspectiva dialética.
É nesse entendimento que se pretende constituir essa investigação filosófica, pois o leitor ao entrar em contato com o filósofo revive sua história com as tensões e conflitos de sua época numa relação recíproca.
Justifica-se a adoção dessa base filosófica por entender-se que tal pensamento permite a leitura de forma contextualizada e dialética do autor na busca de instituir um diálogo entre leitor e autor, realidade e prática social, na busca de superar as aparências do texto e assumir uma postura de participante do pensamento do autor.
Além de apoiar-se nas concepções até aqui expostas, esclarece-se ainda, que as intenções desta pesquisa não residem somente no intuito de se compreender os questionamentos impostos à formação autônoma do homem, mas também o de tentar oferecer uma contribuição no sentido de que se pense uma educação mais crítica, portanto, uma educação mais política. Entendendo que a analise e a construção teórica, podem servir para motivar a transformação do movimento do real para além daquilo que ele aparenta.
RESULTADOS:
Um dos maiores desafios que se apresenta à educação e aos educadores: pensar a educação a partir do estudo da condição humana numa sociedade em que o consumo tem o mais alto valor, o que significa a submissão do homem a uma lógica de mercado que atenda a interesses individuais, que levam o sujeito à conformação de um lado e à desequilibrada busca por desejos de consumo que não serão satisfeitos nunca.
Compreende-se que o mestre deve ter consciência e valorizar o saber; possibilitar um processo de ensino-aprendizagem, que tem a socialização dos indivíduos como cenário de sua ação, estimulando o desenvolvimento do convívio, nas relações sociais do cotidiano.
O indivíduo formado a partir dos pressupostos aqui expostos buscará pensar e agir para além das figuras e das encenações sociais e dispensará o encantamento da imagem e das representações, assumindo uma postura de pensamento livre do engodo da sociedade, agindo de forma a buscar sua constante emancipação, que o constitui como ser social. O homem dotado da capacidade de auto-reflexão, é capaz de ver e entender seu papel no convívio social e a necessidade de se preservar a condição humana como bem comum. Compreendo-se, ao mesmo tempo, como parte e todo do corpo social.
CONCLUSÃO:
Nesse processo o ponto de partida é a necessidade. O professor é aquele que sabe e assume seu lugar, o aluno é aquele que não sabe e deseja sair dessa condição. O professor se desloca em busca do saber junto com seu aluno. É fundamental que esse aluno seja desafiado a superar a si mesmo, é preciso que para isso ele tenha necessidade, força e desejo de saber. O professor tira o aluno do que é superficial, o saber é conquistado quando se retira as viseiras do indivíduo. Aluno e professor se deslocam de seus lugares em busca do saber, o professor não é o saber ele se desloca para provocar a necessidade de saber.
Na leitura de Rousseau é também possível perceber como se engendra um autêntico projeto de cidadania, em que a política e a educação estão totalmente articuladas e se complementam numa relação íntima. Este pensador é enfático em afirmar e demonstrar como a sociedade engana e corrompe-se ao formar os indivíduos na obscuridade, levando-os à instituição da sociedade do espetáculo, onde os homens se submetem à tirania da opinião, cedem sem maiores constrangimentos, aos falsos valores que são impostos de forma degenerada, pela sociedade e ainda em nome desses valores buscam a felicidade fora de si mesmos, na dependência do outro ou na satisfação da posse material.
Palavras-chave: Educação, Rousseau, Filosofia.