63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
ESTUDO DAS ABELHAS NATIVAS EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA POSSIBILIDADE DE INTERAÇÃO DO ENSINO COM O MEIO AMBIENTE.
Maria José Oliveira de Faria Almeida 1
Maria Judy de Mello Ferreira 2
Isabel Antunes Oliveira de Faria Almeida 3
1. Profa. Dra. do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – CEPAE da Universidade Federal de Goiás - UFG.
2. Profa. Titular do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – CEPAE da Universidade Federal de Goiás - UFG.
3. Acadêmica do Curso de Bacharelado em Estatística da Universidade Federal de Goiás – UFG.
INTRODUÇÃO:
Estudar abelhas nativas em escolas formais não é um evento comum, mas a partir do ano de 2006 é o que ocorre no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) da Universidade Federal de Goiás (UFG) com a implantação da disciplina Química das Abelhas que é ofertada aos alunos do Ensino Médio. O meliponário onde os estudos são realizados foi instalado em 1998 e desde então é utilizado para visitas dos alunos desta e de outras escolas da região com a finalidade de divulgar e conhecer as espécies de abelhas nativas e da conscientização da importância destas na preservação do meio ambiente. Apesar de possuir uma estrutura simples e de pequenas dimensões, o meliponário do CEPAE/UFG apresentava inicialmente colônias de seis espécies de meliponíneos, a saber: Frieseomelitta varia (marmelada ou moça branca); Tetragonisca angustula (jataí); Scaptotrigona postica (mandaguari); Scaura latitassis (cupinheira); Scaura longula (jataí níger). Posteriormente foi introduzida a Tetragonisca weyrauchi (abelha frango). Ao estudar as abelhas de forma geral é possível abordar interdisciplinarmente conteúdos de Biologia e Química já que a interação dentro das colmeias se dá quimicamente por meio de feromônios. As abelhas nativas são muito importantes para manutenção das espécies no ecossistema.
METODOLOGIA:
Alunos do primeiro ao terceiro ano do Ensino Médio se juntam para estudar a vida, a forma de reprodução, os produtos, o sistema de defesa e os hábitos alimentares das abelhas nativas, entre outros assuntos. Para as práticas de campo os alunos foram divididos em grupos e fizeram a observação da coleta de alimento pelas abelhas, durante dez minutos de hora em hora, ou de duas em duas horas, ao longo de todo o dia. Foi anotado o número de abelhas que saem das colméias e as que chegam: com pólen e as que trazem apenas néctar. Com uso de um termo higrômetro foram medidas a temperatura e a umidade relativa do ar para verificar se estes dados influenciam na tarefa de coleta de alimentos. Com os dados os alunos construíam gráficos para facilitar as comparações entre espécies diferentes e entre famílias de mesma espécie de abelhas quanto às atividades de forrageamento. Foram realizadas ainda análises físicas e químicas dos produtos das abelhas como mel e cera. Em 2009 foram observadas também as visitas das abelhas às flores das plantas existentes na horta escolar do CEPAE, que se localiza próximo ao meliponário. Com o auxílio de um puçá, foram coletadas essas abelhas nas flores para tentar identificá-las e relacionar o período da visita com a coleta de alimento observada nas colmeias.
RESULTADOS:
A atividade prática desenvolvida na coleta de alimento das abelhas não teve a intenção determinada de análise dos dados. A quantidade de colmeias avaliadas e o número de dias de coleta variaram ao longo dos anos, mas é possível inferir e tirar algumas conclusões sobre o forrageamento das abelhas nativas existentes no meliponário do CEPAE. De 2006 a 2010 foram avaliadas anualmente de seis a sete famílias. As primeiras observações ocorreram nos dias 22/02 e 02/03/2006, nesse período a temperatura variou de 22 a 33 ºC e a umidade de 61 a 84. Em 2007 as coletas ocorreram nos dias 27; 28 e 29/08 e dias 17 e 18/9/2007. A temperatura nesses dias variou de 20 a 29 ºC. Em 2009 as coletas foram nos dias 14 e 21/10 e a temperatura variou de 21 a 31ºC enquanto a unidade variou de 50 a 78. Nos dias 11 e 18/11/2009 foram realizadas também coleta de abelhas nas flores da horta escolar. No ano de 2010 as coletas foram realizadas nos dias 08, 09 e 10/11/2010 e a temperatura variou de 20 a 29ºC nesse período. Com esse trabalho de campo, os alunos puderam ter conhecimento de metodologia de pesquisa, de técnicas de coleta e montagem de insetos, do uso de aparelhos de campo para medição de temperatura e umidade do ar e do comportamento das espécies.
CONCLUSÃO:
A disciplina Química das abelhas é um desafio também para o professor que trabalha com turmas tão heterogêneas. Embora a intenção dessa disciplina fosse apenas introduzir as atividades de observação e análise no Ensino Médio, avaliando os dados coletados ao longo desse tempo é possível obter informações sistemáticas sobre a coleta de alimento pelas abelhas do meliponário do CEPAE/UFG. Os dados indicam que a coleta de alimento é influenciada pela temperatura e umidade relativa do ar. A espécie Tetragonisca weyrauchi é a que apresenta maior população de todas as espécies estudadas. Embora varie um pouco a hora de maior atividade de coleta de alimentos foi em torno do meio dia, e o número de abelhas retornando com pólen foi sempre menor que as retornando com néctar. Das plantas existentes na horta escolar do CEPAE a que mais recebeu visitas das abelhas foi a erva-cidreira.Também receberam visitas as flores de abóbora (Cucurbitaceae), alfavaca (Ocimum basilicum L), batata doce (Ipomoea batatas), cidreira (Melissa officinalis), maracuja (Passiflora edulis), erva-cidreira (Melissa officinalis), melissa e pimenta. Além das espécies existentes no meliponário, foram observadas e coletadas nas flores da horta do CEPAE abelhas diferentes que possivelmente habitam a mata no entorno da escola.
Palavras-chave: Meliponário, Flores, Ensino.