63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica
ANÁLISE DO POLIMORFISMO DO GENE P53 NO CÓDON 72 EM CARCINOMAS PENIANOS
Angela Adamski da Silva Reis 1
Adriano Augusto Peclat de Paula 2
Ananda Moreno de Farias Borges 3
Antoniella Fernanda Mendanha Souza 3
Aparecido Divino da Cruz 3
1. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás
2. Serviço de Urologia do Hospital Araujo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás
3. Núcleo de Pesquisas Replicon do Departamento de Biologia da Pontifícia Universidade Católica de Goias
INTRODUÇÃO:
O câncer de pênis é um tipo raro de neoplasia, com maior incidência em países em desenvolvimento, acometendo principalmente indivíduos da classe social e nível de instrução baixa, com maus hábitos de higiene e presença de fimose, independente da sua origem étnica. Estudos nesta neoplasia têm demonstrado a associação com infecção por papilomavírus humano (HPV), levantando considerações sobre o papel deste vírus na etiologia deste câncer. O HPV é capaz de alterar o ciclo celular pela expressão das oncoproteínas virais E6 e E7 e inativar os produtos de genes supressores de tumor (p53 e Rb). O produto do gene E6 se liga a proteína p53 levando a sua degradação pela via de proteólise dependente de ubiquitina. As formas polimórficas de p53 no códon 72 apresentam propriedades bioquímicas e biológicas diferentes, em função de uma mudança na sequência de aminoácidos, codificando arginina (Arg) ou prolina (Pro). Neste sentido, vários estudos foram conduzidos na tentativa de associar tais formas polimórficas como fator de risco e prognóstico de inúmeras neoplasias. O objetivo do presente estudo foi avaliar o polimorfismo do gene p53 em pacientes com carcinoma peniano diagnosticados no Serviço de Urologia do Hospital Araújo Jorge em Goiânia-GO no período de 2003 a 2009.
METODOLOGIA:
Para avaliar o papel do polimorfismo no gene p53 , foram incluídos no grupo casos 63 pacientes com carcinoma peniano, destes 29 eram amostras teciduais congeladas e 34 amostras teciduais conservadas em parafina, ambas oriundas de penectomia. As 63 amostras foram caracterizadas previamente em termos histológicos, qualidade de DNA e genotipagem de HPV. Os casos foram comparados ao grupo controle, composto por DNA de amostras de sangue periférico heparinizado de 100 homens saudáveis da população da cidade de Goiânia-GO. Para a genotipagem do polimorfismo, as Reações em Cadeia da Polimerase (PCR) foram realizadas utilizando conjuntos de “primers” específicos para cada variante polimórfica arginina e prolina. Os amplicons foram submetidos a eletroforese em gel de agarose 2,0% e corados em solução com Brometo de Etídeo e foto-documentados para classificação dos genótipos. Na análise estatística foi usado o teste do qui-quadrado (χ2) para examinar a homogeneidade entre os casos e os controles com relação aos genótipos. Para a análise de risco usou-se Odds ratio (OR) para indicar o risco que um determinado genótipo possui em relação ao grupo controle e, se a presença de HPV associado a determinado genótipo representa susceptibilidade ao câncer de pênis.
RESULTADOS:
O grupo casos apresentava HPV positivo em 17,46% (11/63), sendo a maior prevalência para o tipo viral 16 (11/11) com co-infecção para o HPV 18 (3/11), corroborando com a dados da literatura. As frequências alélicas para p53Arg mostraram-se elevada tanto nos casos quanto no grupo controle, (50/63) e (78/100) respectivamente. Entretanto, não houve diferença estatística significativa (p= 0,836) pelo teste do χ2. A distribuição das frequências alélicas de p53Arg entre os grupos analisados corroboram com evidências de que o alelo p53Arg é o mais comum nas populações Latino-Americanas. A variante p53Arg é a mais eficiente na indução da apoptose, enquanto que a variante p53Pro induz o bloqueio do ciclo celular em G1 e a ativação de mecanismos de reparo p53-dependentes de forma mais eficaz. A análise de OR não revelou nenhum genótipo como fator potencial ao risco de câncer de pênis e / ou associado a HPV positivo, sendo o valor de p>0,05. Por outro lado, estudos relatam que a presença do alelo arginina pode implicar como um efeito protetor para o câncer de pênis. Entretanto, dados de frequências gênicas e genotípicas da literatura mundial são conflitantes em diversos sítios anatômicos, fato que pode ser atribuído às diferenças étnicas entre as populações estudadas.
CONCLUSÃO:
O papel do polimorfismo de p53 não apresentou associação significativa entre as características clínico-patológicas (HPV positivo) analisadas e o risco de desenvolvimento do tumor. Não foi possível determinar um genótipo de risco para esta neoplasia em particular. O câncer de pênis é uma doença rara e existem poucos estudos descritos na literatura envolvendo a análise deste polimorfismo e o risco de desenvolvimento da neoplasia. Neste sentido, estudos epidemiológicos e moleculares devem ser intensificados objetivando obter informações mais consistentes, pois o tratamento é na maioria dos casos a penectomia geralmente acompanhado de diagnóstico tardio, causando repercussões psicológicas e funcionais desfavoráveis, situação que dificulta a reabilitação e a reintegração social do paciente.
Palavras-chave: Polimorfismo genético, Câncer de Pênis, HPV.