63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 6. Recursos Florestais e Engenharia Floresta |
ANÁLISE DE FOURIER DA UMIDADE RELATIVA DO AR NA FLORESTA DE TRANSIÇÃO EM SINOP |
Stéfano Teixeira Silva 1 Sérgio Roberto de Paulo 2 |
1. Instituto de Física - PPGFA – UFMT 2. Prof. Dr./ Orientador - Instituto de Física – PPGFA - UFMT |
INTRODUÇÃO: |
Em todo o mundo tem sido feitas muitas pesquisas a respeito de processos envolvidos no funcionamento de ecossistemas, mesmo assim pouco se sabe sobre a dinâmica própria deles. Isso se deve ao fato dos mesmos serem sistemas abertos e fora do equilíbrio, envolvendo processos determinísticos e estocásticos. O Brasil é um país que tem uma grande diversidade de ecossistemas e conforme é bastante conhecido, a região do Estado de Mato Grosso tem uma importância especial no que diz respeito à questão das mudanças climatológicas globais. Apesar de não contar com um parque industrial que contribua significativamente para a adição de gás carbônico na atmosfera, as queimadas no estado se constituem numa respeitável taxa de conversão de carbono sólido vegetal em CO2, além do que (e talvez este seja o fator principal) a ocupação humana no estado tem convertido em grande escala regiões de floresta em áreas de plantio e criação de gado. Um importante ecossistema do estado mato-grossense é a Floresta de Transição Amzônica-Cerrado em Sinop. A compreensão dos processos envolvidos e da periodicidade das variáveis ajudaria a entender o funcionamento do mesmo. O objetivo deste trabalho foi identificar os períodos dominantes intradiários da umidade relativa do ar da floresta de Sinop. |
METODOLOGIA: |
Os dados utilizados neste estudo foram coletados no período de 1999-2007 em uma área plana localizada a 50 km NE de Sinop, Norte de Mato Grosso (distante aproximadamente 500 Km da capital, Cuiabá), Brasil (11°24,75'S: 55°19,50'W), pertencente à fazenda Maracaí (área aproximada de 20 Km2), numa Floresta de Transição Cerrado-Amazônia. As medidas de umidade relativa do ar (UR) foram realizadas por psicrômetros (HMP 35, Vaisala, Inc., Helsinki, Finland) instalados a 42 m. Para a variável analisada foram realizadas médias horárias mensais, anuais e interanuais com dados registrados de 30 em 30 minutos (00h00min as 23h30min) e depois calculados os 24 primeiros coeficientes an e bn para cada série mensal, anual e interanual. Para o cálculo dos coeficientes utilizou-se de um programa escrito em linguagem C++ desenvolvido pelo próprio Grupo de Pesquisa em Física Ambiental da UFMT. Procedeu-se com a Análise de Fourier para identificação dos períodos dominantes. |
RESULTADOS: |
Os períodos dominantes para a variável umidade relativa obtidos pelas análises mensais, anuais e interanual são de 24h, 12h, 8h, 6h e 4h para os dois coeficientes (an e bn), com alguns períodos menores (4,8h e 3,4h) sendo encontrados durante a análise. Verificou-se também que esses períodos se mantêm quando são consideradas médias horárias de dados de intervalos de tempos longos (mensais, anuais e interanuais) indicando que os mesmos fazem parte da dinâmica do sistema não sendo, portanto, os períodos menores (4,8h e 3,4h) devido a ruídos no sinal de origem. Notadamente os ciclos encontrados para a variável em estudo sugerem que os mesmos correspondam ao ciclo diário e semi-diário da radiação solar; quanto ao período de 6h e 8h, os mesmos podem estar relacionados ao tempo em que efetivamente as folhas ficam submetidas à radiação solar direta, já que, enquanto o Sol está relativamente próximo do horizonte, o dossel como um todo pode projetar sombra sobre a maioria das folhas, ficando estas submetidas apenas à radiação solar difusa. Já os períodos de 4,8h e 3,4h podem possivelmente estar relacionados ao tempo de abertura e fechamento dos estômatos. |
CONCLUSÃO: |
Com o estudo realizado da variável micrometeorológica umidade relativa utilizando a análise de Fourier foi possível verificar que os períodos dominantes da dinâmica do sistema são de 24h, 12h, 8h, 6h, 4,8h e 3,4h. Com relação à sazonalidade dos coeficientes, não foi possível observar uma dependência dos valores dos coeficientes com os meses do ano, porém no período de seca os valores são menores do que nos outros períodos, mostrando que em alguns casos a variação dos coeficientes durante o ano obedece à própria variação sazonal da variável. |
Palavras-chave: Umidade Relativa, Analise de Fourier, Floresta de Transição. |