63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
DIVERGÊNCIAS GENÉTICAS EM ETNOVARIEDADES DE CUBIU (Solanum sessiliflorum Dunal, Solanaceae) DA REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO, ESTADO DO AMAZONAS.
Danilo Fernandes da Silva Filho 1
Jorge Emídio de Carvalho Soares 1
Hiroshi Noda 1
Francisco Manoares Machado 1
1. Coord. de Pesq. em Ciências Agronômicas, Inst. Nac. Pesq. da Amazônia – INPA
INTRODUÇÃO:
Na família Solanaceae são encontradas várias espécies amplamente cultivadas por causa da importância econômica e nutricional de seus frutos comestíveis (tomate, pimentão, pimentas doces e/ou pungentes, berinjela e jiló). Outras são potencialmente importantes como fonte de germoplasmas. O cubiu é uma importante fruteira nativa da Amazônia que teve origem por meio de seleção indígena, em algum lugar da distribuição de Solanum sessiliflorum var. georgicum, na Amazônia Ocidental. O mercado brasileiro para essa espécie vem sofrendo transformações e assumindo grande importância, em função da versatilidade de aproveitamento dos frutos como alimentos, medicamentos e cosméticos. Ela tem se destacado pela sua adaptação ao clima tropical e ampla variabilidade genética evidenciada, principalmente, na forma, tamanho, peso e composição química no conteúdo de vitaminas e macro e micro-elementos nos frutos. A manutenção e conservação da variabilidade em bancos de germoplasma são de fundamental importância para o programa de melhoramento genético da espécie.
METODOLOGIA:
Foram avaliadas 24 etnovariedades (ETNs) de cubiu procedentes de diversas localidades dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, região do Alto Rio Negro, Estado do Amazonas. O experimento foi conduzido em um Argissolo de baixa fertilidade, na Estação Experimental de Hortaliças do INPA, em Manaus. Empregou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com 24 tratamentos (ETNs) e quatro repetições. A unidade experimental constituiu-se de uma área de 7,5 m2, contendo cinco plantas úteis. Os seguintes caracteres morfoagronômicos dos frutos foram avaliados: forma do fruto (FF), altura da planta (AP), diâmetro do caule (DC), comprimento da copa (CC), número médio de fruto por planta (NMF), comprimento do fruto (CF), largura do fruto (LF), peso médio do fruto (PMF), espessura da polpa (EP) e número de lóculos (NL) e volume de suco (VS). Sobre os caracteres quantitativos procederam-se análises de variância, estimativas das distâncias genéticas e comparação das médias pelo teste de Scott-Knott, em nível de 5% de probabilidade. Como medida de dissimilaridade aplicou-se o método de agrupamento do Vizinho mais Próximo (VMP).
RESULTADOS:
As 24 ETNs produziram nove fenótipos de frutos. Os frutos globosos e ovalados são maiores, com até 12 cm de comprimento. As análises de variância detectaram diferenças significativas entre todos os caracteres avaliados. Os caracteres NMF e VS se destacaram, respectivamente como menor (dois) e maior (quatorze) formadores de classes entre as ETNs avaliadas. As 24 ETNs produziram entre 28 e 192 frutos/planta. O número de frutos produzidos é proporcional ao tamanho e peso do fruto. As plantas das ETN-21 e ETN-24 foram as que produziram os menores (18 g) e maiores frutos (496,7 g), respectivamente, e são procedentes de Nazaré do Enuixi e Tabocal do Enuixi, respectivamente, ambas localizadas no município de Santa Isabel do Rio Negro. Na ETN-24 foram encontrados frutos com três lóculos, portanto, um caso inédito em frutos de cubiu. Esses frutos apresentam padrão mais uniforme e são mais resistentes ao transporte a longas distâncias. O dendrograma formado pelo método do VMP, usando as distâncias médias de Mahalanobis (D2), com um corte transversal entre 45% e 50% de variação, agrupou as 24 ETNs em quatro grupos diferentes. A ETN-24 foi agrupada exclusivamente no Grupo IV e considerada a mais divergente.
CONCLUSÃO:
A divulgação de uma espécie vegetal com grande potencial para o agronegócio brasileiro, principalmente para região Amazônica, é de grande importância. As 24 etnovariedades avaliadas apresentam ampla variabilidade genética para todos caracteres estudados, com ênfase para os componentes de produtividade, número e peso dos frutos. Com esses fortes indicadores agronômicos é plenamente possível selecionar variedades do cubiu para a utilização imediata em cultivos comerciais e/ou em futuros programas de melhoramento da espécie. Esses resultados preliminares acenam com real possibilidade para a criação de oportunidades, com geração de emprego e renda, para os agricultores familiares que vierem cultivar as etnovariedades de cubiu que estão sendo selecionadas para o cultivo na Amazônia.
Palavras-chave: Solanum sessiliflorum, recurso genético, agricultura sustentável.