63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental |
REMOÇÃO DO PESTICIDA GLIFOSATO EM ÁGUA UTILIZANDO BIOSSORVENTE A BASE DE BORRA DE CAFÉ |
Lilian Ribeiro Batista 1 Julião Pereira 1 Marcos Alexandro Abreu Silva 1 Nelson Roberto Antoniosi Filho 2 |
1. Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química, UFG 2. Prof. Dr./Orientador - Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES) - Instituto de Química - UFG |
INTRODUÇÃO: |
O uso de pesticidas vem crescendo consideravelmente com o avanço da agricultura, com isso criou-se uma série de medidas a fim de evitar maiores impactos ambientais. Um destes problemas se dá pela escassez de água tratada que vem atingindo diversas regiões do mundo. A contaminação da água ocorre pela utilização de substâncias que interferem na saúde humana, dentre estes o herbicida glifosato (N-(fosfonometil)-glicina), considerado não-seletivo, sistêmico e pós-emergente, e que representa 60% do Mercado mundial por sua elevada eficiência no combate a ervas daninhas. A ampla manipulação do glifosato tem levado ao desenvolvimento de técnicas de purificação de águas contaminadas. Estudos mostram que a adsorção se apresenta como um método alternativo no tratamento destas águas e a borra de café isenta de óleo como adsorvente, comparado ao carvão ativado, possui alta capacidade de adsorção, resistência a variação de pH e baixo custo de produção, além de ser encontrado em abundância devido ao alto consumo de café. Assim, este trabalho tem por objetivo avaliar a adsorção do glifosato utilizando a borra de café isenta de óleo como adsorvente para produção de filtros purificadores. |
METODOLOGIA: |
As amostras da borra de café foram armazenadas em geladeira após o processo de produção da bebida nas dependências do Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES–UFG). A borra de café foi exposta ao sol para secagem simples durante 4 dias, efetuando-se o acompanhamento da perda de água por análise termogravimétrica. A realização do estudo foi feita utilizando amostras derivadas da borra de café: torta de café obtida após a extração do óleo e do aroma com o uso de etanol (TC) e carvão ativado da torta de café (CA) que é um produto derivado da borra de café isenta de óleo. Utilizou-se um carvão ativado comercial (CAC) como adsorvente referencial nos estudos de adsorção. O experimento foi realizado em condição de pH 5 e 7. Foram colocadas as quantidades crescentes (0; 100; 200; 300; 400; 500 e 600 mg) de adsorvente em erlenmeyer e foram adicionados um volume fixo de 50 mL de solução aquosa fortificada com o pesticida glifosato a 40 ppm. O estudo de remoção foi feito via processo de agitação em incubadora durante 1h30min sendo em seguida submetida ao processo de filtração utilizando filtro de Millipore. Posteriormente os extratos filtrados das amostras foram analisados por HPLC com detector de UV/vis. |
RESULTADOS: |
Os resultados acerca da remoção do glifosato em condição de pH 5,0 e 7,0 demonstram um aumento na adsorção de glifosato à medida que aumenta a massa dos adsorventes. Em pH 5,0 a TC e o CAC apresentam praticamente a mesma capacidade de adsorção, o que é extremamente importante já que é ao redor deste valor de pH que se encontram a maioria das águas doces naturais. Em pH 7,0 há manutenção da capacidade de adsorção de glifosato pelo adsorvente TC, comparado com pH 5,0. Entretanto, em pH 7,0 o CAC apresenta aumento da adsorção, quando comparado com pH 5,0. O CA demonstrou não ser capaz de adsorver o pesticida polar glifosato, tanto em pH 5,0 quanto em pH 7,0, o que diminui a utilidade deste adsorvente em comparação com a apresentada pelo adsorvente TC. Observa-se que as concentrações de glifosato desses experimentos foram 80 vezes superior ao Valor Máximo Permitido (VMP) em água de abastecimento - de 0,5 ppm - definido pela Portaria 518 do Ministério da Saúde, o que fez com que em nenhum dos experimentos de adsorção com glifosato se obtivesse a remoção completa deste a partir da água. Entretanto, em concentração de glifosato equivalente ao VMP pode-se garantir a remoção deste pesticida utilizando-se, por exemplo, a proporção de 10 g de adsorvente TC por litro de solução aquosa. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados obtidos neste estudo mostraram a possibilidade de utilizar torta de café (TC) como material adsorvente para remediação de águas contaminadas pelo pesticida glifosato. Por sua vez, o carvão ativado da torta de café (CA) não foi efetivo na remoção do glifosato, o que indica que não há necessidade de converter o material de partida em carvão ativado, tal como é feito para muitos adsorventes. A torta de café pode ser assim considerada uma alternativa eficiente e de baixo custo para adsorção de pesticidas em matrizes aquosas, considerando que é um co-produto e não foi submetido previamente a nenhum tratamento tedioso e de alto custo, somente tendo sido efetuado o tratamento químico para extração de óleo graxo e aromas. |
Palavras-chave: Glifosato, Borra de café, Adsorção. |