63ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes |
EDUCAÇÃO FÍSICA NO DF: AS PRÁTICAS CORPORAIS INFANTIS NO AMBIENTE ESCOLAR |
Sheila da Silva Machado 1,2 Tayanne da Costa Freitas 1 Ingrid Dittrich Wiggers 3 |
1. Depto. de Pós-Graduação Latu-Sensu em Educação Física Escolar- UnB 2. Especialista em Educação Física Escolar-UGF/UnB 3. Profa. Dra./ Orientadora- Depto. de Pós-Graduação em Educação Física Escolar- UnB |
INTRODUÇÃO: |
A escola tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, sendo assim deve proporcionar vivências que fortaleçam o crescimento motor, afetivo, cognitivo e social do discente. Faz-se necessário, assim, repensarmos os conceitos de “Educação” e de “Escola”, pois o que é imposto para a criança é o silêncio, o comportamento estático, a passividade, porque nada é permitido, conforme Piccollo (1995, p.22) “Não pode conversar (educação sem diálogo?); não pode rir (educação sem ludicidade?); não pode sair da carteira (educação sem movimento?). Então que escola é essa onde não se pode ter prazer, onde a obediência disciplinar, as ordens autoritárias são mais importantes que a liberdade, a descoberta do saber como estimulação de se solucionar problemas. Como Freire (1994) já dizia que fica impossível conceber uma educação integral deixando de lado, como tem sido feito o movimento corporal das crianças, ocorrendo uma subvalorização da cultura corporal infantil. Assim o presente estudo teve como objetivo principal identificar quais as práticas corporais realizadas pelas crianças com idades entre 6 e 10 anos dentro do seu ambiente escolar e quais as práticas pedagógicas adotadas pelos professores em suas aulas. |
METODOLOGIA: |
O tipo de pesquisa utilizada para coleta de dados é a investigação qualitativa que busca entender o fenômeno em sua totalidade. Os métodos utilizados foram o da observação direta das aulas que permite contato direto do pesquisador com o fenômeno observado; a entrevista semi-estrutrada com o professor regente; também foi realizada aplicação de desenhos e conversas com as crianças. A aplicação do desenho e as conversas com as crianças foram fundamentais para a identificação e comprovação das práticas corporais as quais as crianças vivenciam nestas instituições. Conforme Wiggers (2005, p.65), os desenhos infantis podem revelar uma expressão do pensamento das crianças cuja análise não se esgota na simples observação. Já as conversas com as crianças foram no sentido de entender e interpretar corretamente o significado do que elas desenharam. Foram observadas duas escolas públicas localizadas na região administrativa de Taguatinga no Distrito Federal, sendo recolhidos e analisados os desenhos dos discentes do primeiro ano, terceiro ano e quinto ano do Ensino Fundamental das séries iniciais, do turno matutino. |
RESULTADOS: |
As entrevistas realizadas com os professores regentes confirmaram a hegemonia da tendência psicomotricista e desenvolvimentista em nível de compreensão teórica por parte dos professores. Brincadeiras no parque e jogos esportivos foram as atividades mais comumente praticadas e também eleitas pelas crianças como momento preferido dentro da escola, isto se evidenciou a partir da análise dos desenhos. A partir das observações identificamos algumas outras atividades que fazem parte da cultura corporal das crianças, por exemplo, uma brincadeira denominada “chocolate inglês”. Outra atividade corporal que conseguimos identificar com as observações e aplicação de desenho, tendo sua ocorrência principalmente na hora do recreio, mas também estiveram presentes nas conversas dos alunos, foram as lutinhas. Essas eram executadas com movimentos característicos das artes marciais e com alguns golpes imaginários, porém fatais, que são característicos de um desenho televisivo chamado Naruto, este foi representado por um menino que sempre comandava estas brincadeiras. A representação deste desenho televisivo e também de outros nos fornecem argumentos para afirmar a presença da mídia nas brincadeiras, no imaginário e no corpo das crianças. |
CONCLUSÃO: |
Os dados analisados atenderam satisfatoriamente aos objetivos propostos inicialmente, mas também nos mostrou duas relevantes problemáticas aqui discutidas de forma superficial. Uma é a questão da presença da mídia no corpo e brincadeiras das crianças e a outra refere-se a necessidade ou não de um professor especialista para atender as séries iniciais do ensino fundamental. Em relação as práticas corporais na infância destacamos a presença de atividades recreativas apenas com a finalidade de descansar as crianças do esforço intelectual com atividades motoras e lúdicas, bem como o desgaste dos docentes das horas trabalhadas em sala de aula. As tendências pedagógicas citadas pelos professores trazem implícita uma concepção de educação infantil compensatória. A presença da televisão no imaginário e nas brincadeiras das crianças é fator presente no cotidiano e deve ser considerada e trabalhada de forma planejada nas atividades para educação física escolar nas séries iniciais do ensino fundamental. No que se refere à presença de um professor especialista para sistematizar as aulas de educação física, é uma discussão ainda maior já que envolvem aspectos além da prática pedagógica. |
Palavras-chave: Infância, Práticas corporais, Práticas pedagógicas. |