63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos |
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE EM TEFÉ/AM (1980/1990). |
Ruth Uchoa de Alencar 1 Leni Rodrigues Coelho 2 Cristiane da Silveira 3 |
1. Universidade do Estado do Amazonas/UEA 2. Profa. Ms./ Orientadora - Universidade do Estado do Amazonas/UEA 3. Universidade do Estado do Amazonas/UEA |
INTRODUÇÃO: |
O Movimento de Educação de Base foi criado em 1961 em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da União. O MEB tinha o intuito de oferecer à população rural uma alfabetização em que propiciasse o ser humano uma base mais ampla para que este tivesse condição de se defender das ideologias difundidas naquele período. Este movimento foi o único que sobreviveu ao golpe da ditadura militar, porém, começou aos poucos a se extinguir, com exceção em alguns municípios no norte do país. O MEB em Tefé tinha como objetivo prestar serviços à população ribeirinha que se encontrava esquecida, bem como orientar e conscientizar a população menos favorecida do seu valor como ser humano. A presente pesquisa tem os seguintes objetivos: analisar a evolução do Movimento de Educação de Base em Tefé/AM no período de 1980 a 1990; analisar a prática educativa do MEB em Tefé e identificar as redefinições do projeto político-pedagógico do MEB em Tefé/AM no período da ditadura. Acredita-se que a pesquisa em questão se faz relevante por preencher lacunas na história da educação de jovens e adultos, principalmente nos âmbitos regional e local. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi fundamentada em documentos oficiais acerca do MEB que se encontra em Tefé na Rádio Educação Rural e no Centro de Treinamento Irmão Falco. Foi utilizada também técnica de História Oral para analisar de forma mais consistente as ações do movimento. Meihy (2007), afirma que a História Oral é um recurso moderno, capaz de promover análise de processos sociais. Para isso foi elaborado um roteiro de entrevistas com questões norteadoras sobre o MEB entre 1980 e 1990 e foram entrevistados ex-coordenadores, ex-professores, ex-alunos e ex-supervisores que participaram deste movimento, bem como os manuais pedagógicos e o estudo bibliográfico referente ao tema para embasar teoricamente o trabalho. |
RESULTADOS: |
Diante da análise documental verificou-se que o MEB escolhia os professores e monitores para atuarem na alfabetização de jovens e adultos na comunidade em que os alunos estavam inseridos. Fazia-se um levantamento de informações e escolhiam aqueles sujeitos que sabiam ler e escrever para lecionar. No que se refere ao cargo de supervisor constatou-se que este era ocupado por meio de processos seletivos sendo que os candidatos eram submetidos a uma avaliação para testar seus conhecimentos na área. Quanto à qualificação dos professores e monitores verificou-se a partir das entrevistas concedidas pelas ex-professoras que as mesmas não dispunham de formação específica para lecionar, uma vez que em Tefé, a população ainda não usufruía o direito de cursar universidade, pois esta foi inaugurada apenas no ano de 2000. As pessoas que possuíam melhores condições econômicas tinham que ir para outras cidades para continuar os estudos e estas nem sempre cursava licenciatura ou mesmo retomavam para a cidade de origem. Neste período era comum admitir alunos ao cargo de professores mesmo que não tivessem concluído o Ensino Fundamental. |
CONCLUSÃO: |
O MEB adotava os princípios de Paulo Freire, já que levava em conta a realidade vivenciada pelo educando, bem como propiciava aos professores autonomia em seu trabalho pedagógico. No entanto ao analisar as entrevistas constatou-se que no MEB em âmbito local havia controle no que se refere ao trabalho didático-pedagógico desenvolvido pelo professor em sala de aula. A ex–supervisora do MEB afirma que supervisionava o trabalho pedagógico dos professores para verificar se os alunos estavam se desenvolvendo intelectualmente. Apesar da fiscalização dos supervisores percebeu-se que as atividades pedagógicas eram pensadas e desenvolvidas com base nas experiências adquiridas nos encontros realizados com monitores, supervisores e coordenadores do programa. Neste momento os professores podiam criticar o que não estava dando certo, sugerir melhoras e expor suas idéias. No que tange aos alunos do MEB, percebeu-se melhoria na qualidade de vida, uma vez que estes tiveram a oportunidade de produzir e cultivar hortas comunitárias, gerando assim mais recursos financeiros para as despesas básicas da família e dos próprios moradores da comunidade. |
Palavras-chave: EJA, MEB, EDUCAÇÃO POPULAR.. |