63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
OCUPAÇÃO DE ÁREAS DE MATAS DE GALERIAS EM AMBIENTE URBANO: ANÁLISE DA MICROBACIA DO CÓRREGO VACA BRAVA ― GOIÂNIA (GO).
Leonardo de Castro Araújo 1,2,3
Luan do Carmo da Silva 1,2,3
Maria Cristina Xavier e Azevedo 2,3
1. Programa de Educação Tutorial
2. Instituto de Estudos Sócio-Ambientais
3. Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO:
Esse artigo tem como objetivo analisar o processo de uso e ocupação da microbacia do córrego Vaca Brava em Goiânia (GO); entender como os agentes imobiliários que atuam na área, sem o devido respeito as legislações vigentes; demonstrar os impactos ambientais decorrentes da ocupação inadequada do local e suas conseqüências para a cidade.
A área designada ao nosso estudo foi escolhida devido às fortes intervenções antrópicas em toda a sua extensão, estimulada pela especulação imobiliária, e pela diversidade sócio-econômica presente na mesma. Esse processo de uso e ocupação é resultado do jogo de estratégias e interesses das instituições privadas, atreladas ao poder público os quais atuam sem considerar os impactos negativos tanto de ordem político-social como ambiental.
Em Goiânia, a ocupação de deu primeiro em regiões não tão próximas aos cursos d’água e matas ciliares, mas com a pressão do mercado em expandir negócios lucrativos, essas áreas antes preservadas começam a ser ocupadas. A microbacia do córrego Vaca Brava é uma das que possui o solo mais explorado e menos preservado em todo o seu curso.
METODOLOGIA:
A produção do trabalho iniciou a partir de pesquisa bibliográfica a qual centralizou tanto em informações especificas da própria bacia (geomorfologia, urbanização, poluição, construção do parque etc.) como também em conceitos chaves, como especulação imobiliária, ocupação de áreas inapropriadas para essa atividade.
Realizou-se trabalho de campo com o objetivo de identificar a área correspondente à bacia do córrego Vaca Brava assim como a visualização e o registro fotográfico de impactos ambientais intrínsecos nessa área.
A delimitação da microbacia do córrego Vaca Brava foi realizada de maneira manual, por meio da ferramenta Editor disponível no software ArcGIS 9.2 pelos autores do trabalho, privilegiando dessa forma os divisores de água das proximidades, como por exemplo, o Morro da Serrinha localizado a sudeste do curso d’água.
Como recurso técnico de analise, foram utilizados produtos de Geoprocessamento (shapefiles), de Sensoriamento Remoto (imagens de satélite, ortofoto) de bases oficiais como Mapa Urbano Básico Digital de Goiânia, disponibilizado pela Companhia de Processamento de Dados do Município de Goiânia (MUBDG – COMDATA) e o software Google Earth,. As visitas de campo surgiram a partir da necessidade de verificar, comprovar e relacionar os dados.
RESULTADOS:
A área em estudo é uma região polarizadora de atividades que foram dispersas do Centro de Goiânia para as regiões sul/sudeste da cidade. Nota-se na área da microbacia grande concentração de serviços, além de um eficiente sistema de infraestrutura urbana que reforça ainda mais a área como uma região "muito bem localizada". Contribui ainda mais para isso, a construção do Parque Vaca Brava, que funciona como um atrativo para empresas imobiliárias instalarem novos projetos.
A ocupação inadequada do solo não respeita nem mesmo as áreas destinadas ao convívio público, como é o caso do Parque Vaca Brava, o qual parte de sua área foi destinada a construção do Shopping Center Goiânia Shopping, existem até lotes dentro da Área de Proteção Permanente. Parte do córrego tem sido canalizado de forma clandestina com a utilização de gabiões e placas de concretos. Além do despejo irregular de lixo e restos da construção civil a menos de três metros do curso do córrego.
Os recursos hídricos encontram-se em péssimas condições, sendo que a poluição urbana é o principal agente agressor. Segundo Júnior (2005), amostras coletadas do córrego Vaca Brava indicam a presença de bactérias nocivas a saúde humana, entre elas a Helicobacter pylori que podem provocar gastrite e câncer gástrico, que estão relacionadas à contaminação com material fecal humano ou de animais diretamente relacionados.
CONCLUSÃO:
Tanto a cidade como o urbano estão estritamente ligados a sistemas que de certa forma controlam e direcionam sua produção. A especulação imobiliária seria um desses sistemas, que interferem e organizam a cidade de acordo com seus interesses.
Através de nosso trabalho foi possível detectar que o Geoprocessamento em parceria com o Sensoriamento Remoto é ferramenta de extrema precisão para se entender os processos naturais e sociais os quais ocorrem no âmbito de uma microbacia hidrográfica localizada em ambiente urbano.
O processo de uso e ocupação do solo na microbacia do córrego Vaca Brava se encontra, atualmente, atrelado a mecanismos econômicos que controlam e direcionam sua (re)produção, condicionando a região a uma série de impactos, tanto de ordem social como ambiental. Verificou-se intensa contaminação do córrego Vaca Brava por grande quantidade de matéria orgânica, suas margens se encontram desmatadas e ocupadas. Os bairros que fazem parte de seus limites, considerados nobres da capital goiana, concentram investimentos públicos que de certa forma não privilegia toda a cidade, contribuindo ainda mais para o processo de segregação espacial presente na cidade.
Palavras-chave: Mata de galeria, Espaço urbano, Especulação imobiliária.