63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia |
IDENTIFICAÇÃO DOS GENÓTIPOS DE ROTAVÍRUS A CIRCULANTES NA CIDADE DE GOIÂNIA-GO, APÓS A IMPLANTAÇÃO DA VACINA ORAL DE ROTAVÍRUS HUMANO (VORH) |
Ítalo de Araújo Castro 1 Fabíola Souza Fiaccadori 2 |
1. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG 2. Profa. Dra./ Orientadora - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Os Rotavírus são reconhecidos mundialmente como importantes agentes etiológicos da gastroenterite aguda. A partícula viral apresenta um capsídeo organizado em três camadas protéicas: capsídeo externo (VP4 e VP7), intermediário (VP6) e interno (VP1–3). O genoma viral constitui-se de 11 fragmentos de RNA fita dupla codificando seis proteínas estruturais (VP1-4, VP6 e VP7) e seis não estruturais (NSP1–6). A variabilidade antigênica da proteína VP6 é responsável pela classificação dos Rotavírus em sete grupos (A–G), sendo os rotavírus grupo A (RVA) adicionalmente classificados em genótipos G e P, com base na variabilidade das proteínas VP7 e VP4 e, mundialmente, existe um predomínio das amostras caracterizadas como G1P[8]. Estudos da Região Centro-Oeste confirmam esta prevalência, demonstrando também uma tendência à flutuação das freqüências relativas dos genótipos predominantes, principalmente G1 e G2, os quais alternam a prevalência em épocas distintas em uma mesma região, o que implica cuidado relativo às estratégias vacinais. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo identificar e analisar o perfil de circulação dos genótipos de RVA na cidade de Goiânia-GO, após a implantação da Vacina Oral de Rotavírus Humano (VORH). |
METODOLOGIA: |
O material de estudo consistiu de espécimes fecais obtidos no período de julho de 2008 a julho de 2009 de crianças menores de cinco anos de idade, apresentando gastroenterite aguda, vacinadas ou não vacinadas pela VORH, atendidas em dois hospitais da cidade de Goiânia, Goiás. O dsRNA viral foi extraído seguindo metodologia descrita por Boom et al. (1990). Foram utilizados 400µL de suspensão fecal acrescidos de 1mL de tampão L6 e 15µL de sílica (agitação/30min). Posteriormente, ao sedimento foram realizadas lavagens sucessivas com tampão L2, etanol 70% e acetona P.A., e ao final, este foi acrescido de 40µL de água Mili-Q/DEPC (62ºC/15min) para precipitação do dsRNA. O produto de extração foi estocado a -20ºC. As genotipagens G e P das amostras de RVA foram realizadas pelas metodologias de RT-PCR e Multiplex nested-PCR, seguindo protocolos descritos por Gouvea et al. (1990) e Gentsch et al. (1992), modificados por Leite et al. (1996). Os produtos de amplificação foram submetidos a eletroforese em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídeo, para visualização de fragmentos de DNA de tamanho esperado. |
RESULTADOS: |
No período do estudo, foram coletadas 65 amostras fecais, as quais foram previamente testadas pelo ensaio imunoenzimático, bem como pela Eletroforese em Gel de Poliacrilamida, resultando em uma prevalência global da infecção por RVA de 16,9% (11/65). As 11 amostras RVA positivas foram submetidas à genotipagem G e P, sendo possível a identificação em 81,8% e 45,4% dos casos, respectivamente, dado significativo quando comparado a outros estudos, com índices de detecção de 73,3% a 89,6%. Das amostras genotipadas para VP7 (N=9), todas foram definidas como genótipo G2, com relação ao genótipo P, apenas de cinco amostras foi possível a identificação onde, quatro foram genótipo P[4] e uma P[11]/P[9]. Neste sentido, observou-se uma maior prevalência da combinação G2P[4], o que é corroborado por estudos desenvolvidos no nordeste do Brasil em período posterior à implantação da vacina. Uma vez que o período pré-vacinal se caracterizou pelo predomínio de amostras caracterizadas como G1P[8], estes dados têm levado autores a sugerirem que a implantação da VORH, uma vacina monovalente G1P[8], teria criado condições nas quais o genótipo G2P[4] teria adquirido uma vantagem seletiva, permitindo o seu estabelecimento. |
CONCLUSÃO: |
Os dados obtidos no presente estudo demonstram a prevalência de amostras de RVA caracterizadas G2P[4] em período posterior a implantação da VOHR, o que sugere uma interferência da vacina no padrão de amostras circulantes. Por outro lado, este fato pode refletir um perfil de flutuação característico de amostras co-circulantes. Neste sentido, torna-se importante o contínuo monitoramento das infecções pelo RVA, com vistas a um melhor entendimento das conseqüências da implantação da VOHR. |
Palavras-chave: Rotavírus A, Vacina, Genótipos. |