63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
LONGEVIDADE E ASPECTOS MORFO-FISIOLÓGICOS DA FOLHA EM Hymenaea Courbaril E Cenostigma tocantinum, ESPÉCIES FLORESTAIS DA AMAZÔNIA
Marina Alves de Freitas Neta 1
Simone Verdes de Jesus 1
Ricardo Antonio Marenco 1
Lucilene da Silva Paes 2
1. Laboratório de Ecofisiologia de Árvores – PIBIC/CPST/INPA
2. Laboratório de Ecofisiologia de Árvores – CPST/INPA
3. Prof. Dr./Orientador – Laboratório de Ecofisiologia de Árvores – CPST/INPA
4. Prof.MSc./Co-orientadora – Laboratório de Morfoanatomia - DES/IFAM
INTRODUÇÃO:
A família Caesalpinioideae compreende cerca de 108 gêneros e 3000 espécies. A maioria dos gêneros encontra-se nos Trópicos, na África, América e sudeste da Ásia. Na Amazônia encontram-se 16 gêneros e aproximadamente 53 espécies entre árvores, arbustos e lianas. As folhas podem ser classificadas de acordo com a disposição dos estômatos, podendo ser anfistomáticas (estômatos em ambas as faces), hipostomáticas (estômatos na face abaxial) e epistomáticas (estômatos na face adaxial). Os estômatos são importantes na manutenção do balanço hídrico da planta. Em geral, folhas que se desenvolvem em ambientes ensolarados apresentam maior densidade de estômatos (número de estômatos por unidade de área foliar) do que aquelas desenvolvidas em ambientes sombreados (MARENCO E LOPES, 2009). A duração do ciclo de vida foliar influencia na quantidade de carbono fixado e ao longo da ontogenia da planta varia a densidade estomática da folha. Por exemplo, folhas de árvores jovens apresentam menor densidade estomática do que folhas de árvores adultas (CAMARGO, 2009). Assim sendo, o objetivo deste foi avaliar a densidade estomática e a longevidade foliar em duas espécies florestais da Amazônia da família Caesalpiniaceae: jatobá (Hymenaea courbaril L.) e pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke).
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no campus V8 do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Utilizaram-se cinco mudas de jatobá e pau-pretinho em diferentes ambientes (sol e sombra) para determinação das características foliares. Para as características estomáticas foram coletadas cinco amostras foliares de cada muda, utilizando-se impressões da superfície da folha retiradas com acetato de celulose (esmalte incolor) e fita adesiva transparente, conforme descrito por Camargo (2009). Para a densidade estomática, os estômatos foram observados com aumento de 400x em um microscópio óptico, e para comprimento das células-guarda em aumento de 1000x, sendo cinco campos por impressão foliar. Para determinação da longevidade foliar, as folhas foram marcadas no início do experimento e o seu crescimento foi monitorado semanalmente medido com régua milimetrada, até atingirem seu tamanho máximo, verificando quanto tempo uma folha marcada nos seus primeiros estádios de desenvolvimento (5-10%) leva para atingir a maturidade e a senescência por causa natural. A relação entre a densidade de estômatos (DE) e comprimento das células-guarda (CG) e a longevidade foliar, foi estudada por meio de análises de regressão. Para análise dos dados utilizou-se o programa estatístico SAEG 9.0 (UFV).
RESULTADOS:
As espécies apresentam estômatos de formato reniformes na face abaxial da folha, classificando-as hipostomáticas. A densidade estomática e comprimento das células-guarda foram semelhantes em ambas as espécies. Em ambiente de sombra houve menor densidade e um maior comprimento estomático. Já em ambiente de sol o aumento da densidade foi acompanhado da diminuição do comprimento estomático. Estes resultados concordam com Camargo (2009), que afirma que o aumento na quantidade de estômatos por unidade foliar resulta em comprimento estomático menor. Na sombra, folhas de jatobá apresentaram semanalmente um crescimento de 5,6 mm de comprimento e 1,7 mm de largura, e folhas de pau-pretinho 5,8 mm de comprimento e 3,2 mm de largura. Em ambientes de sol as folhas de jatobá apresentaram crescimento semanal de 3,6 mm de comprimento e 1,6 mm de largura, e folhas de pau-pretinho 5,74 mm de comprimento e 2,89 mm de largura. Em folhas de jatobá ocorreu senescência natural aos 330 dias, e nas folhas de pau-pretinho aos 420 dias, em ambiente de sol. Em ambiente sombreado a senescência natural ocorreu aos 352 em jatobá e 445 em pau-pretinho. Isto está de acordo com Reich (1995), que relata que em florestas tropicais 67% das espécies possuem longevidade foliar superior a 10 meses.
CONCLUSÃO:
A diminuição do tamanho do poro estomático e aumento da densidade de estômatos no ambiente ensolarado podem ser explicados como um mecanismo de proteção da folha contra a transpiração excessiva, já que poros menores reagem mais rapidamente às variações no ambiente físico do que poros maiores, mostrando um alto poder adaptativo que os estômatos conferem às plantas na dinâmica de uma floresta tropical. Quanto à longevidade foliar a condição mais favorável foi obtida em ambiente sombreado, quando relacionado ao ensolarado, indicando que a produção de metabólitos (por exemplo, radicais livres) é mais acentuada em alta irradiância, uma vez que vários processos da fotossíntese, que culminam na produção de superóxidos e outros radicais livres, ocorrem em maior velocidade nas folhas de sol, o que finalmente acelera a senescência natural nesse ambiente.
Palavras-chave: Caesalpinioideae, estômatos, longevidade foliar.