63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
CONTROLE BIOLÓGICO DA BRUSONE A PARTIR DE FUNGOS DA FILOSFERA DO ARROZ
Amanda Abdallah Chaibub 1
Ana Paula Alves Sena 2
Marta Cristina Corsi de Filippi 3
Leila Garcês de Araújo 1
1. Laboratório de Genética de Microrganismos–ICB, Universidade Federal de Goiás
2. Mestranda em Genética e Melhoramento de Plantas, Escola de Agronomia - UFG
3. Pesquisadora PhD – Embrapa Arroz e Feijão
4. Profª. Drª. / Orientador - Laboratório de Genética de Microrganismos – ICB, UFG
INTRODUÇÃO:
A brusone cujo agente causal é o fungo Magnaporthe oryzae é uma das doenças mais difundidas e amplamente disseminadas em todas as regiões do mundo onde o arroz é cultivado. A perda da produtividade devido à brusone tem sido aproximadamente de 100% da cultura (Prabhu et al., 2009).
O filoplano é habitado por vários microrganismos incluindo fungos não fitopatogênicos que podem ser utilizados no controle biológico. Neste ambiente, a competição, a antibiose, o parasitismo e a indução de resistência são intensos, resultando em um controle natural da brusone.
O objetivo do trabalho foi selecionar fungos do filoplano do arroz como agentes de biocontrole da brusone, baseando-se em estratégias de seleção conjuntas in vitro e in vivo.
O controle químico das doenças tem sido amplamente utilizado pelos produtores, entretanto, este só representa um avanço tecnológico quando inserido a um programa de manejo integrado da doença, onde o uso do controle biológico é indispensável para alcançar alta produtividade assegurando uma agricultura sustentável.
METODOLOGIA:
Foram coletadas folhas de arroz com idades variando entre 30 a 50 dias, e submetidas à extração de sua microflora para posterior isolamento dos fungos do filoplano utilizando o método imprinting. Foi realizado o antagonismo in vitro através de três experimentos de antibiose preliminares, em delineamentos inteiramente casualizados. Para realização do quarto experimento, foram utilizados 18 tratamentos que mostraram formação de halo nos três experimentos anteriores. Mediu-se o diâmetro horizontal e vertical do halo e do isolado de M. Oryzae três dias após a instalação do experimento, em intervalos variando de 48 a 72 horas, totalizando cinco medições.
Os isolados de Epicoccum sp. e de Sporobolomyces sp. foram selecionados para testes in vivo em casa de vegetação baseando-se nos resultados in vitro. Foram realizados experimentos com a cultivar Primavera, sendo pulverizadas cinco concentrações obtidas através de diluição em série de uma solução de inóculo, contendo conídios de Epicoccum sp., Sporobolomyces sp. e M. oryzae em plantas de arroz com 21 dias. A avaliação da severidade de brusone nas folhas ocorreu 11 dias após a inoculação.
As análises estatísticas dos dados foram realizadas no programa R, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.
RESULTADOS:
Foram obtidos 190 isolados fúngicos de lavouras comerciais de arroz, sendo os três mais frequentes Nigrospora sp., Phoma sp. e Sporobolomyces sp. As percentagens de crescimento micelial na horizontal de M. Oryzae na presença dos antagonistas foram estatisticamente menores do que a testemunha crescida sozinha. Somente o isolado 16 de Sporobolomyces sp. produziu significativamente menor halo de inibição na horizontal do que os demais, e o halo vertical foi estatisticamente maior quando se utilizou o isolado 6 de Epicoccum sp. diferindo dos demais antagonistas.
Os isolados 6 de Epicoccum sp. e 14 de de Sporobolomyces sp. foram selecionados pelos resultados da antibiose in vitro para serem testados em condições de inoculação em casa de vegetação. Observou-se um gradiente significativo na evolução da doença entre os tratamentos, conforme a concentração do antagonista diminuiu. Os controles que receberam apenas Epicoccum sp. e Sporobolomyces sp. praticamente não apresentaram sintomas e também diferiram estatisticamente dos demais tratamentos.
CONCLUSÃO:
Foram obtidos antagonistas a partir do filoplano do arroz que diminuíram o crescimento micelial in vitro e também reduziu a severidade da brusone nas folhas in vivo. São necessários estudos posteriores para saber se além da antibiose está ocorrendo também indução de resistênca.
Palavras-chave: Oryza sativa, Antagonismo in vitro e in vivo, Magnaporthe oryzae.