G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental |
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A ECO-HISTÓRIA DOS CERRADOS COMO CAMINHO PARA SUA CONSERVAÇÃO |
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Rosângela Azevedo Corrêa 1
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1. Profa. Dra - Faculdade de Educação-UnB
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INTRODUÇÃO: |
Desde 1990, a problemática nos Cerrados aparece como preocupação sociológica, mas a forma de pensar os Cerrados não é consensual, mas caracterizada por uma disputa entre os que pensam como uma fronteira agrícola a ser ocupada e por aqueles que o pensam como um bioma-hábitat a ser preservado. Essa dissensão não é resultado só do processo histórico de ocupação. Antes de tudo, as maneiras diferenciadas de pensar os Cerrados balizam-se nos paradigmas que alicerçam as formas de conceber o progresso técnico e a relação sociedade-natureza. No paradigma clássico, que sustentaria a primeira forma de perceber os Cerrados, a relação entre ciência, sociedade e natureza, coloca a esta última como um objeto inanimado, a-histórico e passivo, enquanto que o objetivo da ciência seria dominar e controlar a natureza. O novo paradigma fundamentaria uma forma de pensar os Cerrados não só como base do desenvolvimento, mas também como hábitat a ser preservado. Neste paradigma implica a superação da dicotomia sujeito-objeto na relação ciência-natureza mas ainda enfrentamos vários obstáculos à conservação da biodiversidade dos Cerrados que podem ser resumidos pelos seguintes aspectos: baixo valor atribuído aos seus recursos biológicos; exploração dos recursos visando apenas o lucro, e não o beneficio das populações locais; insuficiência de conhecimento sobre ecossistemas e espécies; os resultados dos poucos estudos científicos existentes, não são direcionados na resolução de problemas ambientais. |
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METODOLOGIA: |
O nosso foco central é a gestão/educação ambiental que implica na incorporação de idéias de parceria e conflito que perpassam as relações humanas e sócio-ambientais. Estas idéias devem ser incorporadas como aspectos constitutivos destas relações, que precisam ser administrados para propiciar a construção de projetos e ações coletivas contextualizadas no ambiente das comunidades e organizações.Esta pesquisa visa fornecer subsídios para que os indivíduos e os grupos possam encontrar o caminho sócio-político-administrativo de construção de uma sociedade fundamentada em níveis sustentáveis de interação sócio-ambiental. A nossa proposta visa desenvolver ações criativas e reflexivas voltadas para a construção de uma Pedagogia Ambiental de cunho vivencial, simbólico e prático. Para tanto, a eco-história dos cerrados busca favorecer a conexão com a história pessoal e comunitária e, através dela, com as forças essenciais da psique humana que se acham enfraquecidas pelos efeitos massificantes do modelo consumista vigente. A eco-história é um eficiente meio para que sejam visualizados os sucessivos cenários, pelos quais se transformou a geografia econômica na região. O estudo interdisciplinar pretende buscar dados históricos com informações sobre o meio ambiente em que as pessoas habitam para encontrar soluções aos problemas socioambientais locais. |
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RESULTADOS: |
A nossa proposta pretende estimular a produção de materiais didáticos para as escolas públicas e privadas sobre a realidade sócio-ambiental dos Cerrados. O objetivo desta tarefa é promover a dinamização das atividades da escola em torno da questão ambiental de modo a tornar esta questão um eixo mobilizador da gestão ambiental participativa nas comunidades e capacitar professores para lidar com as questões ambientais como eixo transversal no currículo escolar. Através dos materiais, teremos a oportunidade de transmitir conhecimentos técnicos-científicos e humanos que serão aplicados no espaço da escola e multiplicados posteriormente no ambiente comunitário. |
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CONCLUSÃO: |
Concordamos com Boff quando escreveu no seu livro “Saber Cuidar”: "O cuidado com a Terra representa o global. O cuidado com o próprio nicho ecológico representa o local. O ser humano tem os pés no chão (local) e a cabeça aberta para o infinito (global). O coração une chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. Esse cuidado com o nicho ecológico só será efetivo se houver um processo coletivo de educação, em que a maioria participe, tenha acesso a informações e faça troca de saberes" (p.135). Por esta razão, que devemos ampliar a divulgação das discussões que realizaremos sobre o Cerrado na 63a Reunião da SBPC em todos os espaços possíveis, especialmente nas escolas deste país. A defesa dos Cerrados dependerá de conhecê-lo para cuidá-lo. |
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Palavras-chave: eco-história, cerrados, ecologia humana. |