63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
ANALISANDO O DISCURSO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DE NARRATIVAS LOCAIS
Raiziana Mary de Oliveira Zurra 1
Cilene de Miranda Pontes 2
Neide Fernandes de Melo 3
Dayane Feitosa Lima 4
Assunta Maria Castro de Araújo 5
Lúcia Helena Soares de Oliveira 6
1. Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas
2. Prof. Mestra-Universidade do Estado do Amazonas
3. Prof. Especialista-Universidade do Estado do Amazonas
4. Prof. Mestra-Universidade do Estado do Amazonas
5. Prof. Especialista-Universidade do Estado do Amazonas
6. Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Amazônia pela Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:
O artigo analisa o discurso dos professores da Educação Infantil em aulas de Educação Ambiental a partir de narrativas orais locais com ênfase na descoberta de discursos antropocêntricos com vistas ao suscitamento de discussões sobre a questão ético–ambiental que possam esclarecer as relações de preservação dos espaços naturais em comunidades ribeirinhas no Município de Tefé, estado do Amazonas. A pesquisa visou contemplar a visão pedagógica que tem como base a concepção da criança como ser social-ambiental, inserido na cultura. Por isso, explorou-se como construir os saberes do aluno em educação ambiental, na Educação Infantil, através de narrativas: contos maravilhosos, do menino ou da menina inseridos na cultura amazônica ribeirinha analisando os discursos antropocêntricos presentes na mediação dos professores em aulas de educação ambiental a partir do uso de narrativas do imaginário local.
METODOLOGIA:
A metodologia que caracteriza o processo de produção do conhecimento a partir do uso de narrativas locais em escolas municipais rurais,em turmas de Educação Infantil, com ênfase na descoberta de discursos antropocêntricos dos professores de educação ambiental é de caráter qualitativo por meio da pesquisa etnográfica, em uma proposta de pesquisa do tipo teórico/empírica. Esse tipo de pesquisa permitiu a aproximação do contexto escolar rural para buscar compreender como são veiculados e/ou reelaborados conhecimentos, atitudes, valores, crenças, modos de ver e de sentir a realidade ambiental pelo aluno ribeirinho e de que forma esse processo vem sendo mediado pelos professores nas aulas de Educação ambiental. A seleção dos sujeitos da pesquisa seguiu os critérios da amostragem intencional ou deliberada, que foi sendo definida tendo em vista os objetivos do estudo.
Para colher as informações necessárias à elucidação do problema alavancado foram feitas observações em cinco escolas com turmas de Educação Infantil (EI), zona ribeirinha de Tefé, o que nos permitiu olhar e escutar algumas narrativas utilizadas pelo professores em suas aulas de Educação Ambiental (EA).
A narrativa foi escolhida aleatoriamente, trata-se de uma lenda coletada em uma das comunidades ribeirinhas de Tefé. Esta lenda foi fornecida aos professores para que eles a utilizassem em suas aulas a fim de que os pesquisadores realizassem análise posterior.
RESULTADOS:
No decorrer da pesquisa os professores trabalharam a lenda sugerida pelos pesquisadores e estes avaliaram as nuances do discurso antropocêntrico que subjaz os contos maravilhosos narrados por eles, em turmas de EI durante as aulas de EA.
A lenda : O boto policial, uma variação da lenda do Boto vermelho da Amazônia.
Trecho de uma atividade de interpretação de texto realizada pelos professores na EI nas aulas de EA:
A professora pergunta:
“Onde morava o nosso Boto vermelho da história”?
Análise: O pronome possessivo NOSSO Boto vermelho sugere que o boto, é nosso, passando a impressão de que os animais são propriedade nossa. Por conta disso, podemos fazer com eles o que quisermos, pois eles somente existem em função da nossa existência (lógica antropocêntrica);
Ao realizar esta reflexão estamos propondo que os educadores busquem uma ressignificação da EA na EI oferecidas em escolas rurais, tendo em vista que, paralelo ao desejo de educar e de cuidar deve-se pensar em um espaço para se formar também alunos pescadores, caçadores e etc, mas, com consciência ecológica não antropocêntrica, sem pensamentos e atos objetificadores da natureza, avessos a ética utilitarista e sem propensão a realizar a cisão entre natureza e o que emerge da cultura local.Isso deverá ser feito com muita cautela para não correr-se o risco de cair, no ponto de vista ecológico, na pedagogia redundante, isto ocorre quando no próprio discurso prol preservação introduzimos discursos antropocêntricos.
CONCLUSÃO:
E uma boa opção de se começar é implantar a EA na Educação Infantil (EI). Afinal, se queremos nos assegurar da existência de um futuro melhor teremos que investir nos personagens principais deste futuro: nossas crianças, por isso, não se pode ignorar suas primeiras manifestações criativas, ao contrário temos que valorizar e investir nelas.
São inúmeras as formas pelas quais podemos trabalhar a Educação Ambiental no ambiente escolar, e esta pode se dá tanto de maneira formal como informal aproveitando que as crianças são facilmente seduzidas pelo meio que as cerca e pelas histórias maravilhosas. A união da Educação Ambiental e da Educação Infantil é primordial para criar uma nova geração que conheça, compreenda e valorize a natureza, tratando-a com respeito e admiração, sem objetificá-la, e reconhecendo-se como parte integrante dela.
Palavras-chave: Narrativas, Educação Infantil, Educação Rural.