63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL COM Panthera leo (Linnaeus, 1758) NO ZOOLÓGICO SANTUÁRIO SÃO FRANCISCO DE CANINDÉ – CEARÁ
Andressa Rocha Fraga 1
Caio Bezerra de Mattos Brito 2
Fátima Aurilane de Aguiar Lima 1
Oriel Herrera Bonilla 3
Maria Goretti Araujo de Lima 4
Alecsandra Tassoni Pereira 5
1. Bolsista PET Biologia – MEC/Sesu. Universidade Estadual do Ceará - UECE
2. Integrante PET Biologia – MEC/Sesu - UECE
3. Prof. Dr./Orientador – Departamento de Ciências Biológicas – UECE
4. Profa. Dra./Co-orientadora– Departamento de Ciências Biológicas – UECE
5. Bióloga Orientadora Técnica – Zoológico Santuário São Francisco de Canindé
INTRODUÇÃO:
A maioria dos felídeos selvagens está sob algum grau de ameaça e algumas espécies são vistas como criticamente em perigo de extinção. (REIS et al., 2006). Com isso, muitos animais selvagens são mantidos em zoológicos, locais destinados tanto para exibição, como preservação e reprodução (SANDRES,FEIJÓ; 2007). O cativeiro, quando comparado à vida livre, possui grandes diferenças que são basicamente, a previsibilidade do ambiente, a falta de complexidade ambiental e o tempo que o animal gasta para se alimentar ou procurar comida. Como consequência, o animal pode apresentar algumas mudanças comportamentais. Uma ferramenta utilizada nos zoológicos para reduzir o estresse a que os animais cativos são submetidos é o enriquecimento ambiental, método em que se cria um ambiente interativo e complexo, permitindo ao animal apresentar um comportamento natural (SHEPHERDSON,1993). Assim, objetivou-se analisar o comportamento de um felídeo (Panthera Leo) ao ser submetido a seis diferentes materiais, para verificar quais despertaram maior interesse por parte do animal. Com esse estudo pretende-se contribuir com o conhecimento da importância e da necessidade do enriquecimento ambiental para o bem-estar de animais cativos.
METODOLOGIA:
O estudo ocorreu entre os meses de outubro/10 a abril/11 no Zoológico Santuário São Francisco de Canindé, no município de Canindé – Ceará, com um jovem leão de nome Argos, com pouco mais de um ano e meio, doado pelo Zoológico de Pomerode - Santa Catarina. As observações foram realizadas antes e após a aplicação do enriquecimento, sendo utilizado o método de observação “all occurrence sampling” (ALTMANN, 1973), onde é realizada uma amostragem de comportamento à vontade. Foi registrado todo comportamento do animal por um período total de 30 horas, dividido em dois turnos com duração de aproximadamente 3 horas pela manhã e 2 horas à tarde. Foram utilizados como forma de enriquecimento os seguintes materiais: osso para cães sobre a manilha; pneu automotivo apoiado em um dos troncos do recinto; canela em pó tanto na parte superior como inferior dos troncos; três caixas de papelão com grama, sendo que em uma delas foi acrescentada canela em pó e em outra uma presa abatida escondida; folhas de bananeira e bloco de gelo com carne, colocado no chão. Cada material foi colocado uma vez por semana no período da manhã, evitando um estímulo exagerado dos sentidos do animal e a necessidade de atraí-lo de volta ao cambeamento para colocação dos objetos.
RESULTADOS:
Comparando o tempo máximo de interesse do felídeo pelos materiais, houve uma redução da atividade com os objetos à tarde, com exceção das caixas de papelão, cujo interesse foi maior pela manhã. Ao utilizar o osso e o bloco de gelo com carne, a variedade comportamental foi maior, o animal interagiu com os objetos fixos do recinto e apresentou comportamento diferente dos já observados, dentre eles permanecer sobre a mureta do recinto, correr e saltar sobre os troncos. Esse fato demonstra que a utilização de osso e carne nas técnicas empregadas estimula uma maior atividade nos felídeos (LAW et al, 1986). Com o pneu, apesar do interesse imediato, no decorrer do dia, o animal ficou grande parte da tarde em descanso. Quando usado canela em pó, o leão demonstrou um novo comportamento, sentando sobre o tronco. Ao utilizar as caixas, o animal não realizou forrageamento na grama, voltando sua atenção apenas para o papelão. Somente depois de 2 horas e 33 minutos, do início da observação, comeu a presa abatida. Ao utilizar as folhas, o interesse à tarde foi bastante reduzido, provavelmente, devido estarem secas. O bloco de gelo aumentou o tempo gasto e o desafio de obter comida, somente após 2 horas e 16 minutos do início da observação um pedaço de carne foi arrancado.
CONCLUSÃO:
Com isso, percebeu-se que tanto a interação como o desinteresse pelos enriquecimentos propostos variou conforme o material utilizado e período observado. Assim, conclui-se que o enriquecimento ambiental foi de grande importância para o leão cativo, pois apesar de possuir hábitos crepusculares, com a inclusão desse recurso foi possível uma maior atividade, diminuindo o tempo gasto com descanso e proporcionando um ambiente mais estimulante, fato importante para o bem-estar do animal cativo.
Palavras-chave: Enriquecimento Ambiental, Panthera leo, Bem-estar.