63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 5. Informática na Educação |
A TECNOLOGIA AO ALCANCE DE TODOS: PROJETO DE INCLUSÃO DIGITAL DE JOVENS E ADULTOS NA CIDADE DE LAGOA DO CARRO-PE |
Gilson Felix da Silva Freitas 1,2 Ivanda Maria Martins Silva 1,3 |
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE 2. Depto de Estatistica e Informática-Deinfo 3. Profa.Dra./Orientadora-Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia-UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
O mundo digital, marcado pela superabundância de informações e pela rapidez nas inovações tecnológicas vem ressignificando à interação entre os indivíduos e as relações com os processos de aprendizagem. O universo da web, por exemplo, torna-se ilimitado com as múltiplas aplicações das tecnologias da informação e comunicação (TIC) em diversos campos do conhecimento, tendo em vista o cenário dinâmico da cibercultura. Segundo Lévy (1999, p. 17), a cibercultura é o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” Neste cenário dinâmico, três princípios básicos orientam o crescimento do ciberespaço: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. Apesar de todos os avanços tecnológicos, ainda discute-se o processo de exclusão digital que é “a falta de capacidade técnica, social, cultural, intelectual e econômica de acesso às novas tecnologias e aos desafios da sociedade da informação” (COSTA, 2006). Desse modo, é essencial o desenvolvimento de ações que contribuam para o processo de inclusão digital. Pretende-se expor uma ação de inclusão digital, realizada na cidade de Lagoa do Carro-PE pela equipe Rondon-PE. |
METODOLOGIA: |
A oficina Noções de informática atendeu 17 pessoas e teve duração de 25 horas/aula. O conteúdo foi distribuído em 4 módulos: introdução e processamento de dados, contemplando diversos assuntos relacionados a hardware e software; sistema operacional, focalizando Ubuntu, uma versão de Linux, Internet, priorizando-se ferramentas de navegação e uso do e-mail e Escritório,onde se trabalhou como o pacote doBrOffice. A proposta do curso foi articular teoria e prática, considerando as experiências de vida dos alunos, no sentido de aproximar o grupo a tecnologia por meio de suas demandas pessoais e profissionais. Nas aulas de escritório que exploravam o uso de planilha eletrônica, por exemplo, foram criadas lojas fictícias, já que muitos deles trabalhavam no comércio, o que facilitaria a interação com o grupo e com os recursos tecnológicos. Nessas lojas fictícias, agregou-se preço aos materiais, calcularam-se juros e descontos. Nas aulas de apresentação de slides, comentou-se sobre diversos assuntos, como moda e saúde. Um dos grupos organizou um desfile de moda, utilizando o recurso da apresentação de slides. A infraestrutura utilizada contou com recursos didáticos, tais como: laboratório com 19 computadores, quadro, pincel, apostila e slides, aulas expositivo-dialogadas e práticas. |
RESULTADOS: |
Notou-se, em uma avaliação diagnóstica, que 60% dos alunos nunca tinham manuseado um computador. Além disso, a faixa etária do grupo era de 20 a 60 anos. O processo avaliativo dos alunos deu-se através da análise de exercícios individuais e em equipe. Já o processo avaliativo do curso se deu através de um questionário aplicado no último dia de aula. O aluno deveria ter uma frequência mínima de 75% da carga horária e média mínima de 50% de aproveitamento nas avaliações para receber seu certificado. 65% dos alunos desde o início demonstravam estar extremamente motivados e curiosos. Já 35% apresentavam receio, impaciência devido ao fato de não terem prática ou sequer conhecimento sobre o equipamento. Essas características foram trabalhadas individualmente com atividades específicas para cada perfil, de maneira que o nivelamento se mantivesse. No final, obteve-se um resultado positivo em relação à aplicabilidade dos conhecimentos construídos pelos alunos em sua rotina de trabalho. Após o curso, constatou-se que mais de 80% da turma tiveram uma melhoria significativa quanto à interação com o computador, desde ao simples fato de ligar e desligar a máquina até a produção e envio de e-mails. Por fim, criou-se um grupo de discussão online sobre tecnologia e inclusão digital. |
CONCLUSÃO: |
É essencial o desenvolvimento de ações que contribuam para o processo de inclusão digital, compreendendo a necessidade de os indivíduos circularem e interagirem no mundo das mídias digitais, como consumidores e produtores de seus conteúdos e processos (RONDELLI, 2003). Nesse sentido, o projeto Rondon-PE, por meio da realização de oficinas de informática básica, vem se consolidando como uma ação que visa aproximar universidade e comunidade, contribuindo para o processo de inclusão digital. A tecnologia precisa ser compreendida não é suficiente apenas o indivíduo ter acesso ao computador ou as tecnologias da informação e comunicação para se resolver o problema da exclusão digital. É preciso orientar esse sujeito para que ele saiba usar as tecnologias, articulando teoria e prática, visando ao desenvolvimento de novas competências (COSCARELLI e RIBEIRO, 2005). As universidades têm papel importante no desenvolvimento de ações e programas de inclusão digital, no sentido de democratizar o acesso à tecnologia, permitindo que os indivíduos consigam produzir sentido a partir dos dispositivos tecnológicos, articulando-os às suas demandas pessoais e profissionais. |
Palavras-chave: Informação, Inclusão, Tecnologia. |