63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia |
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA PARESÍ NO PERÍODO DE 2007 A 2010 NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA, MATO GROSSO |
Keila Siqueira Vila Lopes 1 Miryeli Mello Ribeiro 1 Fabiana Aparecida da Silva 2 |
1. Acadêmica deptº Farmácia, Universidade de Cuiabá (UNIC) Campus Tangará da Serra 2. Profª Msc/orientadora - Depto. de Farmácia, Unic, Campus Tangará da Serra |
INTRODUÇÃO: |
O objetivo deste estudo foi descrever os aspectos epidemiológicos da tuberculose na população indígena Paresí em Tangará da Serra, Mato Grosso, nos anos de 2007 a 2010. A tuberculose continua sendo um sério problema de saúde pública. O agente causador da doença é o bacilo Mycobacterium tuberculosis, conhecido como bacilo de Koch. A vacinação com o BCG (bacilo de Calmette & Guérin) constitui o único meio através do qual se consegue induzir artificialmente imunidade contra a tuberculose. A probabilidade de uma infecção evoluir para doença é modulada por fatores ligados à carga bacteriana e às defesas imunes do indivíduo. De um modo geral, estima-se que 10% dos infectados adoecerão. Os principais sintomas da doença são emagrecimento, tosse com presença de escarro com sangue (hemoptise) e perfurações no pulmão. Esta é uma enfermidade ligada às condições socioeconômicas da população e exerce significativos impactos sobre as populações indígenas, pois são populações pouco numerosas e esta doença pode se tornar uma epidemia levando muitos indivíduos à morte. Na comunidade Paresí, quando a doença é diagnosticada o tratamento é acompanhado pela equipe da saúde indígena. Os dados epidemiológicos são importantes para que medidas de prevenção sejam desenvolvidas na população estudada. |
METODOLOGIA: |
Este estudo apresenta dados obtidos no decorrer do desenvolvimento de um projeto sobre saúde indígena entre o período de fevereiro a novembro de 2010. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Cuiabá (UNIC). Os dados foram obtidos na Casa de Apoio de Saúde do Índio (CASAI) num livro denominado “Registro de Pacientes e Acompanhamento de Tratamento dos Casos de Tuberculose”. Cada paciente com suspeita de tuberculose é direcionado até a CASAI, onde é feita a notificação e o encaminhado para consulta e exame. A confirmação da doença é dada por exames de raio X ou microbiológico (teste do Bacilo de Koch – BK). A etnia Paresí está distribuída em 35 aldeias, ocupando uma área de 1.200.000 hectares. De acordo com os dados da Fundação Nacional ao Índio (FUNAI/2011) habitam 1140 índios da etnia Paresí no município de Tangará da Serra, MT. Este estudo é de caráter descritivo e retrospectivo. |
RESULTADOS: |
Dos 1140 indígenas da etnia Paresí que residem no município de Tangará da Serra 13 casos de tuberculose foram notificados entre os anos de 2007 a 2010, correspondendo a 1,14%% da população. Estes casos ocorreram em sete diferentes aldeias, sendo elas: Aldeia Sacre Zero, Aldeia do Papagaio II, Aldeia Uirapuru, Aldeia Três Lagoas, Aldeia Figueira, Aldeia Estação Rondon e Aldeia Zanakwa. Verificou-se o predomínio dos casos de tuberculose em indígenas com mais de 60 anos de idade, representando 46,15 %. Segundo a equipe da CASAI, parte da população idosa foi contaminada em décadas passadas, quando eram altas as taxas de infecção e somente agora manifestaram a doença. Consequentemente, esses idosos tornaram-se transmissores da doença na aldeia onde residem, pois o tuberculoso portador é a principal fonte de infecção e o responsável pela disseminação da doença. Isso faz dele o principal objeto de atenção das ações de controle da tuberculose. Os casos confirmados em indígenas com idade de 20 a 40 anos foi de 30,77 %. A faixa etária de zero a 12 anos correspondeu a 23,08 % dos casos. O diagnóstico em 69,23 % dos pacientes foi dado por exame de RX e 30,77% através do exame BK. Dos treze doentes doze obtiveram cura após o tratamento e somente um caso evoluiu para óbito. |
CONCLUSÃO: |
O elevado percentual de cura aponta para uma efetividade das estratégias no tratamento supervisionado da tuberculose na etnia Paresí do município de Tangará da Serra, MT. Porém é importante a implantação de programas de controle e medidas preventivas da doença, visando melhorar as condições de saneamento básico e investir em educação sanitária nesta comunidade. Observou-se a ocorrência da tuberculose em diferentes aldeias e que os doentes, em sua maioria, eram idosos portadores da doença há anos, podendo assim ter disseminado a tuberculose nessas aldeias. Deste modo, a averiguação da doença latente em pacientes é importante para que não haja mais portadores potenciais nas aldeias, pois o diagnóstico precoce tem importância não só para o paciente, mas também para a coletividade. A não-aderência ao tratamento é outro fator que contribui para acentuar a gravidade da situação, sendo considerada o maior obstáculo para o controle e eliminação da tuberculose. O cumprimento eficaz destes possíveis programas não é uma tarefa fácil, devido à presença dos hábitos culturais, uma vez que muitos índios mesmo com presença do agente de saúde às vezes não aderem corretamente ao tratamento, buscando cura por meio de rituais religiosos feitos pelo Pajé da aldeia. |
Palavras-chave: Tuberculose, Indígena, Saúde. |