63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
POTÁSSIO NO ESTADO NUTRICIONAL DA SOQUEIRA DE CANA-DE-AÇÚCAR CULTIVADA EM PITANGUEIRAS-SP
Renato de Mello Prado 1
Rilner Alves Flores 2
Márcio Alexandre Pancelli 2
Hilário Júnior Almeida 2
1. Prof. Dr./Orientador - Depto. Solos e Adubos, FCAV/UNESP, Jaboticabal/SP
2. Depto. Solos e Adubos, FCAV/UNESP, Jaboticabal/SP
INTRODUÇÃO:
A colheita da cana-de-açúcar está sendo alterada do sistema manual (com uso da despalha a fogo) para o mecanizado (sem o uso da despalha a fogo), atendendo aos aspectos da legislação ambiental, e também econômicos, face ao menor custo da colheita (Prado et al., 2010). Em relação à disponibilidade de nutrientes no sistema de colheita mecanizada da cana-de-açúcar, o palhiço na superfície do solo pode afetar a dinâmica dos nutrientes, especialmente o potássio, sendo liberado ao longo do ciclo da cultura. Além disso, o potássio é muito importante para a cultura, sendo o nutriente mais extraído (Malavolta, 1994). Os trabalhos sobre adubação com esse nutriente em soqueira restringem-se ao sistema de colheita manual, existindo pouca pesquisa na literatura com trabalhos conclusivos para o sistema com o uso da colheita mecanizada, especialmente envolvendo os efeitos da interação do K com os demais nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de potássio no estado nutricional da primeira soqueira de cana-de-açúcar, em sistema de colheita sem despalha a fogo.
METODOLOGIA:
O experimento foi desenvolvido com a primeira soqueira da cana-de-açúcar, com a variedade RB 86-7515, em Pitangueiras - SP, em um Latossolo Vermelho distrófico (Embrapa, 2006), com sistema de colheita sem despalha a fogo. A biomassa da área experimental foi feita a partir da amostragem do palhiço, realizada em quatro pontos de 1 m2, obtendo-se 11,3 t ha-1 de matéria seca (17% de umidade), e teores dos nutrientes (N=3,9; P=0,1; K=0,4; Ca=1,9; Mg=0,2 e S=0,1 g kg-1) a partir da análise química empregando a metodologia descrita por Bataglia et al. (1983). Os tratamentos foram compostos por cinco doses de potássio que corresponderam a 0; 32,5; 65,0; 130,0; 195,0 kg ha-1 de K2O, dispostos em blocos casualizados e com cinco repetições. O potássio, o fósforo e o nitrogênio foram aplicados ao lado da linha de soqueira da cana-de-açúcar, sem incorporação, na forma de cloreto de potássio, super triplo e uréia, respectivamente. O estado nutricional das plantas em potássio foi feito através da amostragem foliar, aos oito meses após brotação, a partir da coleta da folha +1, retirando os 20 cm centrais da folha sem nervura, conforme indicação de Raij e Cantarella (1997). As determinações dos macro e micronutrientes no tecido vegetal seguiram a metodologia descrita por Bataglia et al. (1983).
RESULTADOS:
A aplicação de potássio incrementou linearmente apenas o teor de potássio na folha +1. Esses resultados concordam com Maeda (2009) e Silva (2010) que observaram incremento linear no teor de potássio em função da aplicação do fertilizante potássico. Verificou-se que os teores médios dos nutrientes foram: N=17; P=1,5; K=9; Ca=3,9; Mg=1,4; S=1,5 g kg-1; B=7; Cu=5; Fe=65; Mn=63; e Zn=16 mg kg-1. Os nutrientes N, K e Cu estão próximo do limite inferior da faixa adequada e B está muito abaixo desta faixa segundo Raij e Cantarella (1997) para N 18-25; K 10-16 g kg-1 e B 10-30; Cu 6-15 mg kg-1, e adequado para os demais nutrientes. Apenas o emprego da maior dose do fertilizante potássico atingiu o teor foliar de potássio (10 g kg-1) considerado adequado segundo esses autores. As diferenças entre os teores de nutrientes obtidos neste trabalho e os da literatura, possivelmente estão relacionadas às condições edafoclimáticas e cultivares com produtividades distintas, ou seja, áreas de alto potencial produtivo podem diluir os nutrientes nos tecidos. Esse efeito de diluição com o maior crescimento da planta foi relatado por Jarrell e Beverly (1981).
CONCLUSÃO:
A aplicação de potássio na primeira soqueira de cana-de-açúcar incrementou o teor de potássio na folha atingindo 10 g kg-1 com a dose de 195 kg ha-1 de K2O e não afetou os demais nutrientes foliares.
Palavras-chave: Saccharum officinarum, cana-crua, palhiço.