63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 1. Astronomia - 1. Astrofísica do Meio Interestelar
DINÂMICA DE EJEÇÕES DE MASSA CORONAL (CME) E ASSOCIAÇÃO COM O CICLO DE ATIVIDADE SOLAR
Márcia R. G. Guedes 1
Muller S. Lopes 1
José Roberto Cecatto 1
1. Divisão de Astrofísica – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
2. Divisão de Astrofísica – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
3. Prof. Dr./ Orientador -Divisão de Astrofísica – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INTRODUÇÃO:
Ejeções de Massa Coronal (CME) são fenômenos energéticos (até 1034 erg) que ocorrem predominantemente durante o período de máximo de atividade do ciclo solar. Tipicamente, são grandes (10x12-18 g) nuvens de gás quente e magnetizado (poucos G até uma centena de G) em forma de arco que se originam de regiões de campo magnético relativamente mais elevado (dezenas até poucas centenas de G) do que o campo magnético médio solar - associados com filamentos presentes na atmosfera solar – que são expulsos da atmosfera solar a altas velocidades (poucas dezenas a poucos milhares de quilômetros por segundo, com um valor médio de 470 km/s). Possuem morfologia variada, desde o formato de jatos relativamente colimados até halos parciais ou mesmo completos. A importância de sua investigação está no fato de se tratarem de fenômenos que potencialmente podem afetar o ambiente terrestre próximo e eventualmente causar prejuízos à algumas atividades humanas que fazem uso de modernas tecnologias.
METODOLOGIA:
Os instrumentos que observam regularmente os fenômenos CME são o satélite designado por Observatório solar e heliosférico (SOHO), utilizando o instrumento Espectroscópio coronal de grande abertura angular (LASCO), desde 1996, e mais recentemente (2007), o satélite Observatório de relações solares-terrestres (STEREO). Para as investigações da dinâmica e associação com o ciclo de atividade solar dos fenômenos CME, inicialmente, foi realizado um levantamento de todos os dados – data, velocidade, massa, energia, abertura angular, aceleração, horário e posição de início - disponíveis no site dos experimentos LASCO e satélite STEREO. O intuito é determinar o patamar e condições mínimas de ocorrência do fenômeno e sua evolução dinâmica ao longo de um ciclo de atividade solar.
RESULTADOS:
Os resultados mostram o seguinte: (1) a grande maioria dos CME apresentou aceleração ou desaceleração; (2) durante o máximo do ciclo de atividade aumentou frequência de ocorrência de CME ; (3) a maior parte dos CME durante o máximo do ciclo são os mais energéticos (velozes); (4) os CME menos energéticos – mais lentos – predominam durante a descida do ciclo de atividade; (5) a grande maioria dos CME apresentou abertura angular ≤ 120º - CME em halo ou mesmo halo parcial são relativamente raros – havendo predomínio daqueles com energias de 1027-30 erg; (6) as massas estão no intervalo de 1013-16 g; (7) as energias variam de 1028-33 erg.
Também foi realizada uma estimativa da energia magnética total de um filamento associado a um CME cujo campo magnético pode ser determinado e o valor encontrado foi de 1031 erg.
CONCLUSÃO:
Durante o ciclo solar 23 (1996-2008), a frequência de ocorrência da maior parte dos CMEs cresce em bom acordo com a subida do ciclo em direção ao máximo. Porem, a fase de descida do ciclo foi mais rápida do que o decréscimo da frequência de ocorrência de CMEs, principalmente para os CMEs mais lentos, com velocidades menores ou iguais a velocidade média (da ordem de 500 km/s), que passam a predominar nessa fase acompanhando o decréscimo da energia dos CMEs. Isto significa que os CMEs de baixa velocidade continuam ocorrendo mesmo em períodos de baixa atividade solar. Também, obtivemos que o valor encontrado para a energia do CME (1031 erg) corresponde à ordem de grandeza de um CME de moderada energia. Neste caso, podemos dizer que a energia magnética do filamento de origem é suficiente para produzir o CME observado com a energia que foi medida. Porém, uma investigação estatística com uma base bem maior de casos é necessária.
Palavras-chave: CME, Sol, Ciclo Solar.