63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

PREVALÊNCIA DE Listeria monocytogenes em produtos lácteos comercializados em Ribeirão Preto -SP

Rubens Ferracini Junior 1 Fernanda Ancona Tardelli 1 Virna Aina Mankievich 1 Aristeu Gomes da Costa 1

1. Laboratório II - Microbiologia - Departamento de Farmácia - Centro Universitário Barão de Mauá - Ribeirão Preto - SP

INTRODUÇÃO:

A listeriose é infecção usualmente não diagnosticada com uma incidência de 4,5 casos por milhão de habitantes. A bactéria Listeria monocytogenes é um bacilo Gram-positivo, não esporulado, psicrófilo, causador de morbidade veiculada por vários tipos de alimentos. Esta patologia não é caracterizada por um único grupo de sintomas, e por isso não é facilmente diagnosticadas. No Brasil é subdiagnosticada e infecções assintomáticas provavelmente ocorram em todas a idades, embora, sejam de importância, apenas na gravidez. Os reservatórios do microrganismo L. monocytogenes incluem solo, lodo, forragem e água, também microbiota normal humana em até 10% dos adultos. O trabalho ora proposto, objetiva acrescentar dados epidemiológicos ao conhecimento das fontes de contaminação com L. monocytogenes.

METODOLOGIA:

Para tanto, 135 amostras de produtos lácteos obtidas no comércio local, foram analisadas quanto a presença de indicadores genéricos como bactérias heterotróficas totais, por técnica de pour-plate, e de coliformes pela técnica dos tubos múltiplos; em paralelo, foi pesquisada a presença de L. monocytogenes, iniciando-se pelo enriquecimento em Caldo UVM e em Caldo Fazer, e terminando pelo plaqueamento em Agar LactoMOX. Estes últimos procedimentos, foram realizados em duplicata, inbando-se amostras em temperaturas de 30ºC e a 8ºC/ por 72 horas. Cada amostra, foi inicialmente submetida a diluições decimais de 10-¹ até 10-5, para determinação de número de unidades formadoras de colônias em condições efetivas de contagem. Os resultados obtidos ainda foram analisados estatisticamente por técnicas paramétricas e não-paramétricas.

RESULTADOS:

Das 135 amostras testadas, 14 (pouco mais de 10% do total) acusaram a presença de L. monocytogenes, embora a presença de heterotróficos totais tenha ultrapassado os limites aceitáveis em 55 amostras (mais de 40% do total), e a presença de coliformes tenha sido relevante em 62 amostras. Além disso, em metade das amostras positivas para coliformes foram detectados termotolerantes (coliformes fecais), a maioria em produtos de origem artesanal ou períodos prolongados de prateleira. Não foi observada concomitância entre termotolerantes e L. monocytogenes, porém em quase todos os isolamentos desta bactéria, observou-se microbiota psicrófila acompanhante. Apenas 3 amostras onde obteve-se o isolamento de L. monocytogenes, ocorreram em temperaturas de crescimento de mesofílicos.

CONCLUSÃO:

Curiosamente, as amostras onde L. monocytogenes foi verificada não continham coliformes e o número de heterotróficos totais foi baixo. É bem conhecido que as principais fontes de L. monocytogenes, são alimentos frescos, e/ou mantidos em condições sanitárias precárias. Isto de fato ocorreu com as amostras frescas analisadas neste trabalho, porém a frequência de isolamentos pode ser considerada alta, entre alimentos que sofreram processamento. Conclui-se que L. monocytogenes, provavelmente é mais freqüente do que imaginamos em alimentos de importância como leite e seus derivados, que deveriam ser melhor acompanhados quanto a técnicas de controle de qualidade.

Palavras-chave: Listeria monocytogenes, listeriose, microbiologia de alimentos.