G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
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O AMBIENTE NO CONTEXTO DAS HISTÓRIAS DAS REVISTAS EM QUADRINHOS |
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Márcia Santos Anjo Reis 1
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1. Profa. Ms./Depto Pedagogia - Campus Jataí – UFG
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INTRODUÇÃO: |
O interesse em estudar paradidáticos iniciou durante a Especialização em Ciências Físicas e Biológicas. O objetivo era apresentar aos professores do Ensino Fundamental o paradidático como recurso metodológico para o ensino de Ciências. No mestrado a problemática investigada foi: Qual a concepção de ambiente apresentada nos livros paradidáticos? Como eles trabalham a questão da tríade Ciência/Tecnologia/Sociedade? A pesquisa atual tem como objeto de investigação a revista em quadrinhos (RQ), classificada como paradidáticos. Os paradidáticos são publicações usadas na escola como leitura complementar ou informativa, orientadas para leitura lúdica, que auxiliam na aprendizagem de temas variados. As RQs são produtos difundidos na cultura de massa que têm como característica comum à narrativa de acontecimentos por meio de imagens em combinação com a palavra escrita e estão sendo utilizadas como material didático no espaço escolar, em diferentes áreas. Algumas histórias das RQs se transformam em momentos de educação ambiental, ao apresentar situações como: devastação das florestas, extinção, poluição. O objetivo deste trabalho consiste em identificar os temas mais abordados ligados à questão ambiental e analisar qual a concepção de educação ambiental adotada nas histórias em quadrinhos. |
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METODOLOGIA: |
Durante o trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e documental. A RQ selecionada foi a Turma da Mônica e os personagens - o índio Papa-Capim e o Chico Bento. As revistas são exemplares doados para a sala de metodologia do curso de Pedagogia do Campus Jataí da UFG e datadas a partir de 1990. Considerando a data das revistas, suas histórias deveriam estar utilizando a concepção ambientalista, pautada na teoria do ecossistema, do desenvolvimento sustentável e das políticas ambientais, proposta na década de 1980. O estudo se pautou na análise de conteúdo proposto por Bardin (1977), seguindo as etapas: pré-análise; procedimento de análise e tratamento dos resultados. Na pré-análise realizou-se leitura flutuante das RQs com o objetivo de procurar indicativos de ambiente e verificar a possibilidade da pesquisa. Das trinta revistas selecionadas, apenas nove tinham histórias relacionadas à questão do ambiente. O documento (RQ) foi explorado por meio da categorização semântica e léxica, procurando expressões e imagens que destacassem o ambiente, tendo como indicativos a evolução dos seres vivos, a transformação do ambiente e a relação dos seres com o meio. No tratamento dos resultados e inferências, a pesquisa bibliográfica foi utilizada para dar respaldo às interpretações realizadas. |
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RESULTADOS: |
A pesquisa mostra que a análise do conteúdo parte de indicadores capazes de revelar realidades subjacentes a partir de seu estudo formal. O professor deve estar atento às expressões e imagens usadas nas histórias em quadrinhos para captar a mensagem transmitida e explorar temas ambientais. É seu papel orientar os alunos para que eles compreendam que o ambiente envolve tanto aspectos naturais, sociais, políticos e econômicos. Com relação ao aspecto da transformação do ambiente, algumas histórias mostram a concepção utilitarista, que a natureza está a serviço do homem. O ser humano tem atitudes egoístas quando age apenas em seu favor, sem se preocupar se está prejudicando o ambiente à sua volta em favor do “progresso”. Para a relação dos seres vivos e o meio encontramos mensagens que mostram a ação humana no ambiente, “salvamos a floresta”, “estão a salvo do homem”, “o juiz é a própria natureza”, nas quais se percebe a concepção naturalista. Os naturalistas se preocupam com a recuperação do ambiente e proteção ambiental desconsiderando o desenvolvimento, os avanços tecnológicos, científicos e a necessidade do uso dos recursos naturais. Outras histórias mostram a concepção ambientalista, “na natureza não existe bons ou maus”, propondo a visão ecossistêmica. |
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CONCLUSÃO: |
Segundo Srbek (2001), a RQ trata-se de material pedagógico importante para o ensino/aprendizagem e cresce o interesse pela mesma como tema de pesquisas acadêmicas. Os temas abordados nas RQs analisadas foram: lixo, água, poluição, caça predatória, reciclagem, todos apresentando situações de reflexão. O mais explorado foi proteção ambiental que envolve conteúdos como o desmatamento e a caça predatória. Diferentes concepções de ambiente foram abordadas nas histórias, a utilitarista, a naturalista e a ambientalista, em menor incidência. Nem sempre as mensagens das histórias das RQs vão de encontro com a proposta de educação ambiental, cabendo então ao professor “selecionar, organizar e problematizar conteúdos de modo a promover um avanço no desenvolvimento intelectual do aluno, na sua construção como ser social” (BRASIL, 1997, v. 4, p. 33). Quando o professor se dedica a explorar temas a partir de leituras prazerosas como ocorre com as histórias em quadrinhos, elas passam a ser mais que “mera distração”, e passam a contribuir para a formação do cidadão. Que os professores reconheçam as RQs como recurso didático opcional para o ensino, conscientes da necessidade de avaliar as mensagens transmitidas e lembrando que a educação ambiental deve ser compreendida além da sala de aula. |
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Palavras-chave: Ambiente, revista em quadrinhos, paradidáticos. |