63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS PRESCRITAS PELOS NUTRICIONISTAS NO TRATAMENTO DA OBESIDADE EM GOIÂNIA
Alexandra R. de Oliveira Mello 1
Mayra dos Santos Maciel 1
Leonice Manrique Faustino Tresvenzol 1
José Realino de Paula 1
Tatiana de Sousa Fiuza 2
1. Laboratório de produtos naturais, Faculdade de Farmácia – UFG
2. Profa Dra/Orientadora- Instituto de Ciências Biológicas - UFG
INTRODUÇÃO:
A obesidade é uma doença que avança em diferentes partes do mundo e no Brasil já se estima que existam 27 milhões de adultos obesos. Os danos acarretados pela doença geram problemas à saúde com perda importante na qualidade e também na quantidade de vida. Para o tratamento da obesidade além de uma dieta alimentar, com restrição calórica, é incentivada a prática de exercícios físicos regulares e adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Ao longo do tempo, percebeu-se que dentro da prática nutricional, além da dietoterapia, também poderia ser associado e utilizado, como complemento ao tratamento da obesidade, plantas medicinais e fitoterápicos. Aos nutricionistas foi permitida a prescrição de alguns fitoterápicos, direito que foi regulamentado pela Resolução CFN nº 402/2007. O presente trabalho visou realizar um levantamento das plantas medicinais e fitoterápicos utilizados como terapia auxiliar no tratamento da obesidade pelos nutricionistas.
METODOLOGIA:
Foram selecionados 25 nutricionistas que atendiam em consultórios em Goiânia e que em consulta prévia admitiram prescrever plantas medicinais e/ou fitoterápicos. Posteriormente foi aplicado um questionário por um dos pesquisadores buscando informações sobre a formação desse profissional na prescrição de plantas medicinais e/ou fitotetápicos (tipo de curso realizado e carga horária); o conhecimento da resolução CFN nº 402/2007; quais as cinco plantas medicinais e/ou fitoterápicos que eles consideravam mais eficazes no tratamento da obesidade; quais eram os mais prescritos, o grau de efetividade, a dosagem e de que forma eles atuavam. As plantas medicinais e/ou fitoterápicos com maior número de indicações foram selecionados para um levantamento bibliográfico buscando informações científicos que dessem respaldo ao tratamento da obesidade.
RESULTADOS:
Os nutricionistas entrevistados (média de atuação de seis anos) relataram que obtiveram as informações sobre as plantas medicinais e/ou fitoterápicos de fornecedores (76%), artigos científicos (72%), cursos (68%), outros profissionais (44%), livros (36%), revistas (32%), internet (16%) e universidade (16%). Desse grupo, 56% já realizaram algum curso de fitoterapia, na maioria de curta duração. Em relação à Resolução CFN 402/2007, 68% responderam ter conhecimento sobre ela, entretanto todos fazem algum tipo de prescrição de plantas medicinais e/ou fitoterápicos. As plantas mais indicadas foram: Camellia sinensis L. Kuntze (48%), Cordia ecalyculata Vell (40%), Phaseolus vulgaris L. e Amorphophallus konjac K. Koch (32%), Persea gratissima C.F. Gaertn. e Caralluma fimbriata Wall. (28%) e Garcinia cambogia Desr. (24%). Alguns entrevistados (36%) tiveram dificuldades em responder qual a principal ação da planta e a dosagem e ser prescrita. Constatou-se que 20% dos profissionais indicaram substâncias isoladas como se fossem plantas medicinais e/ou fitoterápicos (nicotinato de cromo, triptofano e quercetina), enquanto que dois profissionais relataram prescrever a Valeriana officinalis, um fitoterápico que de acordo com a Resolução RE nº89/2004 tem prescrição restrita aos médicos.
CONCLUSÃO:
Este estudo permitiu uma primeira análise da prescrição de plantas medicinais e/ou fitoterápicos pelos nutricionistas de Goiânia no tratamento da obesidade, após o surgimento da Resolução CFN 402/2007. Das plantas eleitas pelos entrevistados, encontrou-se respaldo científico na literatura para o tratamento da obesidade apenas para quatro espécies: Camellia sinensis, Garcinia cambogia Phaseolus vulgaris e Amorphophallus konjac, sendo para essas duas últimas as dosagens recomendadas são bem maiores que as prescritas pelos nutricionistas. Verificou-se ausência de dados na literatura e/ou divergências entre as principais indicações e ações atribuídas para Cordia ecalyculata e Persea gratissima. Após a realização dessa pesquisa a Anvisa proibiu a importação e comercialização de produtos que contenham em sua composição o insumo Caralluma fimbriata no Brasil devido à ausência de qualquer comprovação em relação à sua segurança e eficácia. Logo, pode-se concluir que é muito importante que os nutricionistas que desejam prescrever plantas medicinais e/ou fitoterápicos como terapia auxiliar no tratamento da obesidade façam cursos de capacitação, para garantir o uso correto e o emprego apenas as plantas medicinais que colaboram e condizem com a nutrição e que tenham comprovação científica.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Obesidade, Nutrição.