63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
HISTÓRIA E CULTURA DA ÁFRICA E AFRO-BRASILEIRA: DA FORMAÇÃO Á PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES.
Benjamin Xavier de Paula 1,2
Selva Guimarães Fonseca 1
1. Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia - PPGED/UFU
2. Departamento Interdisciplinar de Ciências Básicas da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Exatas da - DICB/FACSAE/UFVJM
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa constitui-se numa proposta de investigação científica sobre as relações étnico-raciais no universo escolar, a partir de dois enfoques: o currículo e a formação dos docentes. Buscamos desenvolver um estudo sobre a temática, com vistas á uma resignificação da História e da Cultura do povo Afro-brasileiro, que em última instância, significa estabelece novas bases para se pensar a própria sociedade brasileira por meio de uma educação comprometida com a ruptura e superação das práticas racistas no universo escolar. Na pesquisa realizamos um levantamento das políticas públicas de formação de professores para a implementação dos Estudos de História e Cultura da África e Afro-brasileira e suas influências nas práticas pedagógicas nas escolas de educação básica da cidade de Uberlândia, identificando permanências, rupturas e mudanças no cotidiano da ação dos professores e das instituições educativas onde estes atuam.
METODOLOGIA:
Quanto a metodologia científica adotada no presente trabalho, utilizamos uma diversidade metodológica que nos possibilite dar conta da problemática do objeto por meio da: 1) Pesquisa Quantitativa em Educação – nos possibilitou a construção bancos de dados que serão utilizados como fontes de pesquisa para o nosso trabalho; 2) Pesquisa Qualitativa em Educação – voltados a perspectiva emancipatória, das quais destacamos os estudos de Paulo Freire e Ana Maria Saul, dentre outros autores; 3) História Oral – por meio das entrevistas, relatos e depoimentos buscamos ouvir o professor – e por meio destas escutas, trabalhar com as suas trajetórias de formação articuladas as suas práticas pedagógicas no processo de transposição didática de saberes teórico-práticos para a transformação ou manutenção das práticas desenvolvidas na escola; 4) Pesquisa Bibliográfica - levantamento da produção teórica estudos de História e Cultura da África e Afro-brasileira em diferentes banco de dados.
RESULTADOS:
As reflexões levantadas ao longo da pesquisa nos levam á: 1) fundamentar a relevância social da nossa pesquisa, particularmente, o seu foco na educação; 2) elucidar que, os discursos atuais que buscam a negação do conceito de “raça”, tentam substituí-lo, erroneamente, por conceitos como o de “etnia”, na maioria das vezes, estão fundados em uma atitude que, considero profundamente racista, pois ao negar um conceito histórico e socialmente construído, nega a historicidade do conceito, logo, a necessidade e responsabilidade social diante da necessidade de superá-lo; 3) esclarecer sobre como as construções teóricas, por nós apontadas, ganharam, ao longo da nossa história, lugar privilegiado nos currículos escolares, nos livros didáticos, e, nas teorias que fundamentaram a formação dos nossos professores e profissionais da educação; 4) Contextualizar a formação – tanto inicial como continuada dos professores para o ensino da História e Cultura da África e Afro-brasileira e suas disposições correlatas, como uma ação que supera o simples ato de implementação da ação formadora. Busca, sim ampliar e articular as ações educacionais à esfera do estado com o intuito de induzir políticas públicas capazes de superar a herança histórica racista de que falamos: a construção de princípios e valores que caminham na direção contrária, como os princípios de cidadania, autonomia, identidade, alteridade, pertencimento e democracia.
CONCLUSÃO:
Na sociedade brasileira e mundial, articularam e articulam-se as categorias raça, gênero e etnia, historicamente, como instrumentos de subordinação social e econômica, estes que, são produzidos/reproduzidos de forma particular na educação escolar. Portanto cabe à educação se quiser libertar-se deste lugar de onde as diferenças são transformadas em desigualdades, deslocar-se para outro espaço: a luta social contra toda forma de violência e opressão e de promoção de relações positivas em amplo sentido. Classe, raça, etnia, gênero e geração são, a nosso ver, categorias centrais neste debate. Uma reeducação das relações étnico-raciais que seja capaz de romper com as barreiras do racismo e de toda forma de discriminação e preconceitos das várias naturezas requer o rompimento com os paradigmas e concepções que sustentam estas práticas no cotidiano escolar, ou que as camuflam em visões parciais do problema. Neste sentido, a pluralidade só pode se constituir, como referência, para este conjunto de princípios, se for capaz de articular um processo social onde as diferenças não mais sejam instrumento de exclusão social, ou seja, onde as diferenças não sejam transformadas em desigualdade social.
Palavras-chave: Currículo, Formação de Professores, Estudos Afrobrasileiros.