63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
FENOLOGIA DE FLORAÇÃO E FRUTIFICAÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DO SUB-BOSQUE DA FLORESTA ATLÂNTICA NORDESTINA
Rafaela Alves Pereira da Silva 1
Elba Maria Nogueira Ferraz Ramos 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto. Acad. de Meio Ambiente, Saúde e Segurança - IFPE
INTRODUÇÃO:
A Floresta Atlântica é caracterizada pela sua rica diversidade biológica. No entanto, ela se encontra em estado crítico de conservação, estando entre as florestas mais ameaçadas do planeta. Diante deste quadro, estudos relacionados às estratégias reprodutivas e a fenologia das espécies são necessários para a compreensão da biologia da espécie e entendimento da regeneração natural, as quais contribuem para traçar ações de conservação dos fragmentos ainda existentes. Diante disso, a fenologia estuda o ciclo de vida das plantas, como o brotamento e a senescência foliar, a floração e a frutificação relacionando essas mudanças às diversas condições ambientais. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo estudar a fenologia das espécies Psychotria bahiensis DC e Stromanthe porteana Griseb, em duas condições com diferentes status de conservação, bem como fornecer dados sobre quais condições ambientais essas espécies estão mais adaptadas, a fim de contribuir para o entendimento de processos ecológicos importantes que possam ajudar a propor estratégias de manejo e recuperação de áreas degradadas.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada num fragmento de Mata Atlântica, no Jardim Botânico do Recife, JBR, localizado a 08° 04’ S 34° 55’ W no estado de Pernambuco. Onde foram selecionados dez indivíduos da espécie Psychotria bahiensis
e dez indivíduos da Stromanthe porteana , com o objetivo de observar e comparar o comportamento de ambas em micro-habitats diferenciados. A distribuição dos indivíduos abrangeu trechos do interior da mata com maior incidência luminosa e trechos com maior sombreamento. Os indivíduos receberam uma plaqueta de identificação de 10cm x 10cm, de material plástico de cor vermelha. As observações ocorreram quinzenalmente, de outubro de 2010 a março de 2011. Procurou-se determinar as fenofases de floração (indivíduos que apresentaram inflorescência) e frutificação (indivíduos que apresentaram infrutescências) das espécies.
RESULTADOS:
A espécie Psychotria bahiensis apresentou 60% de inflorescência, sendo 20% na área de maior luminosidade e 40% na área de maior sombreamento. Esta fenofase se deu, principalmente, no mês de fevereiro, supõe-se que as chuvas de verão, ocorridas no mês de janeiro, tenham influenciado o comportamento desta espécie. A frutificação foi observada em 60% dos indivíduos, onde 20% correspondem à área de maior incidência luminosa e 40% nos trechos de maior sombreamento. Para a espécie Stromanthe porteana, 50% dos indivíduos apresentou inflorescência, sendo 40% na área de maior luminosidade e 10% na área de sombreamento. A frutificação ocorreu em 30% dos indivíduos, sendo que todos estavam na área de maior luminosidade. Desta forma, podemos afirmar que Stromanthe porteana é uma espécie que floresce e frutifica melhor em áreas de maior incidência luminosa e Psychotria bahiensis, apresenta melhor desenvolvimento em áreas de sombreamento.
CONCLUSÃO:
Constata-se que as espécies forneceram respostas diferentes as condições ambientais consideradas, onde a luminosidade, foi um fator extremamente importante para as fenofases da Stromanthe porteana, e a condição de sombreamento foi essencial para o desencadeamento das fenofases de floração e frutificação da Psychotria bahiensis. Esses comportamentos diferenciados sugerem às diferentes estratégias e respostas de floração e frutificação das espécies as condições abióticas, principalmente o fator luz, e são importantes para subsidiar a seleção de espécies a serem utilizadas em projetos de recuperação de áreas degradadas.
Palavras-chave: fenologia, mata atlântica, efeito da luz.