63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirúrgia
DETERMINAÇÃO DE COMPATIBILIDADE SANGÜÍNEA ENTRE Amazona aestiva E Gallus domesticus
Victor Yunes Guimarães 1
Maria Clorinda Soares Fioravanti 1
Janaína Dias Barisson 1
Guilherme Silveira Rocha 2
Adriano Jaskulski 3
Luciana Batalha de Miranda Araújo 4
1. Depto. de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária – UFG
2. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP/ Jaboticabal
3. Depto. de Biologia - PUC/ Goiás
4. Profa. Dra. /Orientadora – Depto. de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária - UFG
INTRODUÇÃO:
Nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), é frequente a chegada de animais com lesões ou escoriações severas, enfermidades parasitárias e enfermidades infecciosas. Muitos destes encontram - se em estado crítico e, em alguns casos, faz-se necessária transfusão sanguínea. Vários tratamentos são efetivos quando o estado geral do paciente permite o uso de terapia convencional, mas em casos onde são necessárias transfusões sanguíneas o animal fatalmente vai a óbito pela impossibilidade de execução da técnica. O papagaio – verdadeiro (Amazona aestiva) destaca – se entre as aves recebidas nos CETAS com distúrbios clínicos hemodinâmicos e coagulopatias necessitando tratamento emergencial. Não existem, entretanto, muitos estudos acerca de grupos sangüíneos em aves, sendo necessária prova de reação cruzada como teste de compatibilidade para minimizar os riscos de reação transfusional. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de realizar testes de reação cruzada para verificação de compatibilidade sangüínea entre indivíduos da família Psittacidae (Amazona aestiva) e o frango doméstico (Gallus domesticus), visando à utilização do segundo como doador em caso de necessidade de transfusões sangüíneas.
METODOLOGIA:
Foram utilizados, como modelos experimentais de receptores, 15 papagaios verdadeiros (Amazona aestiva) e, como doadores, três frangos (Gallus domesticus). Como vias de venopunção, para as duas espécies, foram utilizadas a jugular direita, ulnar superficial e metatarsiana medial. A colheita foi realizada com seringa de 3mL e agulha hipodérmica 25x7 para evitar o colabamento e ruptura dos vasos, e o volume não ultrapassou um por cento do peso do animal para minimizar alterações hemodinâmicas. As amostras de sangue foram acondicionadas em tubos de ensaio de 9 mL com e sem anticoagulante, para obtenção de células sangüíneas e soro, respectivamente. Para avaliação da compatibilidade sanguínea foram realizados os Testes de Reação Cruzada Maior e Menor e Controle, em que alíquotas de soro e de suspensão a 2% de células sanguíneas de doadores e receptores foram confrontadas. O sobrenadante foi avaliado macroscopicamente quanto à presença de hemólise e / ou aglutinação de células. Não havendo reação macroscópica visível, uma alíquota das amostras era transferida a uma lâmina de vidro para análise microscópica; o teste era considerado negativo se, na avaliação microscópica, fossem observados eritrócitos distribuídos de maneira uniforme na lâmina.
RESULTADOS:
A avaliação macroscópica dos Testes de Reação Cruzada Maior e Menor e os Testes Controle foi considerada negativa quanto à hemólise e aglutinação de células. A avaliação microscópica de alíquotas das amostras, analisadas em aumento de 10x, confirmou as observações a olho nu. Caso houvesse reação de incompatibilidade, hemólise e/ ou aglutinação significativa em um ou nos dois tubos de reação cruzada seriam detectáveis, inclusive à macroscopia, sendo necessária a escolha de um novo doador. Além de possíveis reações transfusionais, a sobrevida de células inadequadamente transfundidas resulta em terapia ineficaz. O que tem sido mostrado é que aves não possuem antígenos pré-formados na superfície de eritrócitos, portanto uma transfusão, mesmo que heteróloga, não acarreta efeitos colaterais adversos. Após uma transfusão inicial, as aves tornam-se sensíveis aos antígenos dos doadores aumentando o risco de reações fatais em transfusões subseqüentes. Hemácias de doadores de espécies homólogas revelam uma sobrevida maior do que em transfusões heterólogas. Entretanto, o resultado obtido corrobora com estudos realizados anteriormente que afirmam ser benéfica a transfusão heteróloga em casos de anemia crônica, uma vez que não houve, em nenhum dos testes realizados, reação cruzada positiva.
CONCLUSÃO:
A compatibilidade sanguínea testada a partir de Provas de Reação Cruzada, realizadas utilizando Gallus domesticus como provável doador de sangue para Amazona aestiva, resultou em positividade.
Palavras-chave: Amazona aestiva, Compatibilidade, Reação Cruzada.