63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior |
FEMINIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO |
Anne Karoline Oliveira Ferreira da Silva 1 |
1. Universidade Federal de Mato Grosso |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar historicamente como o magistério tornou-se um “gueto“ profissional feminino. È imprescindível ressaltar que durante longo tempo esta profissão foi desempenhada somente por homens, entretanto posteriormente e com certa resistência, as mulheres começaram a ganhar espaço nesta área, que se torna feminina por excelência. As representações de uma sociedade patriarcal e com os papéis sexuais bem definidos, fizeram do magistério uma das maiores oportunidades com a qual contou o sexo feminino para atingir o equilíbrio entre a condição desejável e a possível de se obter, ou seja, mesclar o seu trabalho com seu papel de mulher, de mãe, de regeneradora em termos sociais, familiares e pessoais. É neste momento, que ser professora passa a ser aceitável à sociedade, movida pela “emoção” própria das mulheres e que possibilitam conciliar aos afazeres domésticos. A partir do século vinte observamos algumas conquistas e um pouco mais de liberdade profissional, acesso ao espaço público, conquista do voto, porém a prática docente ainda sofre influências das relações sociais excludentes de gênero e está sempre associada às características femininas. |
METODOLOGIA: |
Os métodos utilizados para referida pesquisa foram por meio de levantamento bibliográfico e estudo a respeito do tema em questão, entrevistas com profissionais da educação (cujos nomes não foram publicados por opção dos mesmos) da própria instituição citada, com o uso de gravador. A partir dos procedimentos e estratégias citadas, houve a necessidade de uma abordagem de natureza qualitativa, pois a mesma trabalha com o universo de significados, valores, atitudes, não só de quantidades. |
RESULTADOS: |
Ao analisarmos o papel da mulher ao longo da história da educação, podemos destacar a ocorrência de um processo chamado feminização do magistério. Processo este, que não se resume ao aspecto quantitativo das mulheres que aumentou nos âmbitos educacionais, mas também à concepção da profissão docente na sociedade que está sempre associada às características femininas. A instrução feminina era limitada, sob o pretexto de que conhecimento e sabedoria eram desnecessários à sua frágil constituição física e intelectual. Bastava-lhes aprender as primeiras letras e os cálculos aritméticos básicos para assegurar as tarefas do lar. Contudo, a primeira lei do ensino (datada de 1827) deu direito à mulher de se instruir (porém com conteúdos diferenciados dos ministrados aos homens) e admitiu o ingresso de meninas na escola primária. A necessidade de instrução e de educar, aliados ao discurso ideológico construíram uma série de argumentações que implicavam ao sexo feminino um melhor desempenho profissional na educação, devido ao fato da docência estar ligada às idéias de domesticidade e maternidade. |
CONCLUSÃO: |
Tecendo as considerações finais deste trabalho, podemos afirmar que o processo de feminização do magistério no Brasil ocorreu num momento em que o campo educacional se expandia em termos quantitativos e a mão-de-obra feminina começou a revelar-se necessária, produzindo uma maior demanda de professoras. Paralela a esta necessidade, estava à concepção que vigorou no mundo civilizado de que a culminância da existência feminina sempre se resumiu em amar e cultivar uma vida moralmente aceitável pela sociedade, tornando-a apta para educar. Sendo assim, este processo foi resultado de uma mescla da força das imposições culturais, do confinamento à reprodução biológica e às esferas privadas, com a necessidade de se adequar ao progresso social. É importante ressaltar que no ato de ensinar está presente uma extrema ambigüidade, que se apresenta na continuidade da mulher no magistério e no seu amor pela profissão até os dias atuais segundo os educadores entrevistados. Porém, é possível evitar que as imposições sociais sejam maiores do que seus impulsos pessoais e seus ideais, na hora de fazer essa escolha. Afinal, não há coisa melhor do que exercer seu ofício com dedicação e prazer, tendo a certeza de que se fez a escolha certa. |
Palavras-chave: Feminização, Sociedade Patriarcal, Educadores. |