63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
INTERDISCIPLINARIDADE E CONEXÕES PARA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO NO CURSO DE LICENCITURA EM QUÍMICA
Maria Geralda Oliver Rosa 1
Cynthia Torres Daher Fortunato 2
Sidnei Quezada Meireles Leite 3,4
1. Professora de Educação, M.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES
2. Professora de Educação, M.Ed., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Aracruz do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES
3. Professor de Educação em Ciências/Química, D.Sc., Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Química, Campus Vila Velha do Instituto Federal do Espírit
4. Professor Permanente, D.Sc., Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, Campus Vitória do IFES
INTRODUÇÃO:
A formação do professor de química era até alguns anos atrás baseada no modelo “3 + 1”, quando o estudante realizava três anos de disciplinas específicas e complementando com um ano com disciplinas pedagógicas [1]. Nesse contexto, os cursos de licenciatura não apresentavam nenhum artifício que promovesse conexões de saberes, prejudicando a construção da identidade do professor e a empatia com a vida profissional no magistério [1,2]. Segundo Maldaner [2], a separação da formação profissional da formação em conteúdos promove uma sensação de vazio de saber na mente do professor. Por outro lado, a interdisciplinaridade é uma exigência natural e interna das ciências, no sentido de uma melhor a compreensão da realidade que eles nos fazem conhecer [3]. Por isso, parece haver um movimento de mudança nos desenhos curriculares dos cursos de licenciatura das áreas de Ciências da Natureza [4]. Este trabalho teve o objetivo de identificar as contribuições na construção de identidade do professor de química e tendências curriculares no curso de Licenciatura de Química do Instituto Federal do Espírito Santo-Campus Vitória. Sua oferta foi autorizada em 2006; passando pelo reconhecimento em junho de 2008, e sofrendo modificações em sua estrutura em 2010.
METODOLOGIA:
Tratou-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, baseada em anotações realizadas a partir de observações, análise de atas de reuniões, de documentos oficiais e pesquisas em livros e artigos especializados, no período de agosto a dezembro de 2010, quando da revisão desse Projeto Pedagógico de Curso. A metodologia da pesquisa utilizada foi com base em Marconi e Lakatos [5]. A comissão nomeada para revisão desse PPC foi composta por professores do Curso de Licenciatura em Química, das áreas específicas e de educação. As discussões se estenderam por seis meses sempre buscando contribuições de toda a comunidade escolar. Este trabalho constituiu em uma análise das discussões em torno da organização da matriz curricular para que seja orientado pela reflexão-ensino-pesquisa indissociados desde o primeiro período do curso pelo planejamento, flexibilidade, participação, interdisciplinaridade, historicidade e interação, a prática como componente curricular e a resolução de situações-problema. Nos últimos anos, disciplinas como Oficina de Planejamento, História da Ciência, Prática Pedagógica, Estágio Supervisionado, Instrumentação para o Ensino de Ciências, além de outras, foram introduzidas na matriz curricular visando enriquecer e ampliar a visão do professor de química.
RESULTADOS:
O PPC da Licenciatura em Química após revisão, configurou-se com as seguintes cargas horas; e com percentuais calculados a partir de 3.180 (total de horas do curso): prática como componente curricular 420 horas (13,20%), estágio supervisionado 400 horas (12,58%), componentes curriculares referentes ao núcleo de formação específica 2.160 horas (67,92%) , componentes curriculares referentes ao núcleo de formação pedagógica 660 horas (20,75%) e atividades acadêmico-científico-culturais 200 horas (6,29%). O denominador comum às chamadas disciplinas pedagógicas é a preocupação em orientar aqueles que irão atuar no magistério sobre os desafios a enfrentar no cotidiano escolar [6]. Entretanto, as disciplinas do núcleo de formação específica-pedagógica (História da Ciência; Psicologia da Educação; Bases Sócio-filosóficas da Educação; História da Educação Brasileira e Política e Organização da Educação Brasileira) promovem as conexões de saberes, superando a dicotomia que antes existia no modelo “3+1”. Nessa perspectiva, o licenciando se apropria de experiências analisando criticamente a práxis do professor de química em diferentes situações do cotidiano escolar [7].
CONCLUSÃO:
A principal mola propulsora da interdisciplinaridade nesse PPC é o compromisso individual e coletivo dos docentes viabilizando ações integradas para uma educação cidadã. A percepção de conjunto é de extrema necessidade para possibilitar ações críticas e criativas, pois o isolamento das disciplinas não possibilita o comportamento crítico e responsável [8]. Em resumo, a interdisciplinaridade e as novas organizações do conhecimento, nessa proposta, são orientadas pela reflexão-ensino-pesquisa indissociados, desde o primeiro período até o oitavo. Ref. 1. SÁ, C. S. S.; Santos, W. L. P.; Anais do VII Enpec, 2009. 2. MALDANER, O. A.; A formação inicial e continuada de professores de química, 2ª. Edição, Editora Unijui, 2003. 3. FAZENDA, I. C. A.; Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa; Editora Papirus, 2006. 4. DELIZOICOV, D.; Angotti, J. A.; Pernambuco, M. M.; Ensino de Ciências, Fundamentos e Métodos, Editoria Cortez, 2002. 5. MARCONI, M. A.; Lakatos, E. M.; Metodologia do Trabalho Científico, Ed. Atlas, 2009. 6. GADOTTI, M. História das Ideias pedagógicas. Ed. Àtica, 1999. 7. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 24. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 8. ROSA, M. G. O.; Aprender, Caderno de filosofia e psicologia da educação, V, n. 8, p. 101, 2007.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, matriz curricular, reflexão-ensino-pesquisa.