63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
LAGUNA OLHO D’ÁGUA: UMA ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL
Nadja Alves Ferreira 1
Cintya Ximena Oliveira Leyton 1
Patrícia Pereira de França 1
Raquel Cristina de Albuquerque 1
1. Departamento de Ciências Geográficas / UFPE
INTRODUÇÃO:
A Laguna Olho D’Água encontra-se inserida no Município do Jaboatão dos Guararapes, no litoral sul de Pernambuco, aproximadamente a 22 km de Recife. Ela possui uma área de 3,7 km2, cuja profundidade não chega a ultrapassar 2 metros. A laguna tem duas ligações principais: uma ao norte, Canal Setúbal e outra ao sul, Canal Olho D’Água. O primeiro, que se estende até o Recife, é um grande transportador de cargas poluentes (esgotos domésticos e industriais, por exemplo) que são lançadas diretamente nela, induzindo o desenvolvimento expressivo de plantas macrófitas flutuantes, diagnóstico do alto grau de poluição da área. O segundo canal faz a ligação da laguna com o estuário do rio Jaboatão. Aí ela também recebe altas cargas de poluição pela interferência do rio Jaboatão, considerado o segundo mais poluído de Pernambuco. Esse fato gera a morte de algumas espécies da fauna identificadas na mesma. Este trabalho tem como propósito diagnosticar a situação ambiental em que se encontra a Laguna Olho D’Água, procurando avaliar, constatar e apresentar as principais causas e efeitos das altas taxas de poluição que gera um desenvolvimento excessivo de eutrofização, bem como saber de que forma ela interfere na vida da população, da comunidade Lagoa das Garças, que dela depende economicamente.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa está foi desenvolvida seguindo, primeiramente, a etapa de gabinete através de uma revisão bibliográfica a respeito do tema abordado, como leituras de trabalhos científicos e coleta de dados secundários disponíveis em sites da internet. Também houve visitas a campo em que foi feita uma análise da área e entrevistas com alguns pescadores locais.
RESULTADOS:
Sob o tipo climático quente e úmido (As’), a laguna está inserida numa área de planície composta por sedimentos quaternários do tipo flúvio-lagunar e solo lodoso. Em determinados pontos de sua margem é possível encontrar uma vegetação de manguezal do tipo mangue branco (Laguncularia racemosa), que ao longo do tempo foi cedendo espaço para as moradias irregulares. Ao norte da laguna deságuam, sem nenhum tratamento, os dejetos domésticos e industriais vindos pelo canal de Setúbal e ao sul, o canal o olho d’água faz a ligação com a foz do rio Jaboatão. Além de receber alta carga poluidora dos esgotos, a laguna, passou por um processo de urbanização em sua margem ao longo do tempo que contribuiu para o acúmulo de sedimentos em seu leito gerando, assim, o avanço do assoreamento. Isso vem ocasionando a mortandade de espécies da fauna típica daquele ecossistema e o impacto negativo na atividade pesqueira. A laguna abrange cinco bairros dos quais dezenas de famílias dependem da pesca que é comercializada no próprio local e em feiras livres. Atualmente, cada pescador vende, em média, 80 kg de peixes por dia. Os pescadores mais antigos relatam que há uns vinte anos atrás conseguia-se pescar três a quatro vezes mais do que o atual sendo a laguna bem mais profunda e limpa do que hoje.
CONCLUSÃO:
Posto isso, observa-se que apesar dos índices de poluição na lagoa ela ainda é utilizada como fonte de renda para algumas comunidades, porém as ações impactantes antrópicas acarretarão em um aumento da degradação através do contínuo processo de assoreamento, lançamento direto dos dejetos industriais e domésticos e do adensamento populacional nas margens e proximidades da lagoa. Contudo, o equilíbrio entre a utilização da lagoa como fonte de renda e a consciência ambiental é um dos maiores desafios, pois educação ambiental, políticas públicas e fiscalização dependem não só dos moradores ribeirinhos ou das autoridades, mas sim de todos os cidadãos, já que a natureza é um recurso comum, somos todos responsáveis por sua sobrevivência.
Palavras-chave: Laguna, Poluição, Pesca.