63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos |
Avaliação do efeito do pH sobre larvas L3 de Lagochilascaris minor (LEIPER,1909) em monolayer de ágar-ágar 1,5% em placa de Petri. |
Alexandre Dias Gusmão Di Mesquita 1 Eliana Isac 2 Wolf Christian Luz 3 Alverne Passos Barbosa 4 Jayrson Araújo Oliveira 5 Juscelino Rodrigues Filho 6 |
1. Acadêmico de Farmácia - Faculdade de Farmácia / Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG. 2. Profa. Msc. Orientadora - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG. 3. Prof. Dr. Orientador - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG. 4. Prof. Dr. Colaborador - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG. 5. Prof. Dr. Colaborador - Instituto de Ciências Biológicas - UFG. 6. Acadêmico Colaborador - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - UFG. |
INTRODUÇÃO: |
O gênero Lagochilascaris apresenta cinco espécies e Lagochilascaris minor (L. minor) é a espécie de maior relevância por ser o principal agente etiológico de infecção humana. A lagochilascaríase é considerada uma zoonose emergente que apresenta elevado número de casos existentes no Brasil. A infecção humana ocorre em populações de nível socioeconômico baixo e procedentes de áreas rurais onde os habitantes têm o hábito de ingerir carne de animais silvestres proveniente de caça. Seu ciclo biológico é mantido em laboratório, utilizando hospedeiros experimentais contribuindo dessa maneira em estudos mais detalhados sobre sua biologia. A avaliação da atividade do pH exercida sobre ovos embrionados de L. minor (estádio L3) apresenta-se como alternativa na busca de novos conhecimentos sobre esta parasitose emergente que poderão resultar no futuro em estratégias para o controle e tratamento desta infecção. Tendo em vista a grande resistência a eclosão destes ovos in vitro, constitui objetivo deste de trabalho a avaliação do efeito do pH a temperatura constante de 35°C sobre a eclosão de larvas L3 de L. minor suportados em ágar-ágar 1,5% em placa de Petri em diferentes intervalos de tempo. |
METODOLOGIA: |
Foram empregados ovos infectantes (estádio L3) de L. minor obtidos em ciclo biológico experimental (gato doméstico como hospedeiro definitivo). A partir do material fecal coletado foi preparado 6mL de uma Suspensão Padrão (SP) contendo aproximadamente 6.650 ovos por 1 mL da suspensão obtida (quantitativo de ovos presentes na SP foi realizado em Câmara de MacMaster). A Suspensão Teste (ST) foi preparada a partir da SP pela retirada de 715µL desta e transferida para um tubo de ensaio acrescido de 1285µL de água destilada (volume final de ST de 2000µL). Foram empregadas 5 placas de Petri de vidro de medidas (23,75cm2 de área) contendo ágar-ágar 1,5% com pH ajustado para 1.0, 1.3, 1.6, 2,0 e 7.0 e cada uma recebeu 400µL da ST com aproximadamente 100 ovos/cm2. Em seguida as placas foram encaminhadas para estufa de laboratório a 35ºC permanecendo nesta até a realização das contagens, obedecendo-se os intervalos 5’ 30’ 60’ e 120’ em sequência. As placas foram delimitadas em 4 quadrantes e em cada um foram contados em microscópio óptico (aumento em 40x), 100 ovos em zigue-zag, anotando-se o quantitativo de larvas eclodidas. À medida que uma contagem de placa era realizada, esta retornava para a estufa para a próxima contagem no tempo seguinte. O procedimento foi realizado em triplicata. |
RESULTADOS: |
Das 60 contagens realizadas todas as placas apresentaram eclosão das larvas. Foi observado que os diferentes pHs empregados promoveram diferentes percentuais de eclosão das larvas. Os resultados foram estatisticamente analisados pelo ANOVA. A análise estatística demonstrou que houve diferenças significativas entre os valores experimentais de eclosão obtidos (pHs 1.0, 1.3, 1.6 e 2.0) quando comparados ao controle (pH 7.0), à exceção das contagens a 120’ em pHs 1.0 e 1.3. Analisando-se individualmente os valores de eclosão observa-se que o maior número destas (3,13%) ocorreu em pH 2.0, enquanto o menor número (0,58%) em pH 1.3, ambos no intervalo de contagem de 60’. Nos intervalos e 5’ e 30’, os valores experimentais apresentaram diferenças significativas quando comparadas com o grupo controle, entretanto não demonstraram diferenças estatísticas quando analisadas entre si. No tempo de 60’, os valores experimentais apresentaram diferenças significativas quando comparadas ao controle bem como entre si. Ao tempo de 120’, os valores para os pHs 1.0 e 1.3 não apresentaram diferenças estatísticas em relação ao controle. Ainda no tempo de 120’ os valores para os pHs 1.6 e 2.0 apresentaram diferenças estatísticas em relação ao controle porém permaneceram semelhantes entre si. |
CONCLUSÃO: |
O presente estudo sugere que larvas L3 (forma infectante) de L. minor são mais sensíveis a eclodirem em um pH próximo ao pH fisiológico do estômago que é de 1.8-2.0. O tempo para eclosão da larva corrobora a possível influência das secreções estomacais, dentre elas o pH, haja vista que o maior percentual de eclosão ocorreu em 60 minutos, tempo este que é aproximadamente o mesmo que o alimento permanece no estômago após sua ingestão. O entendimento da complexa relação entre a forma larval deste helminto e seu hospedeiro pode futuramente contribuir para definição de novas estratégias terapêuticas e no manejo preventivo de novas infecções resultando em benefícios diretamente associados à saúde pública, principalmente de regiões endêmicas. |
Palavras-chave: Lagochilascaris minor, Parasitologia humana, Zoonose emergente. |