63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História |
ALDEAMENTO INDÍGENA EM MATO GROSSO: EDUCAR PARA CONTROLAR (1845-1880) |
Vivian Cristina da Silva Bispo 1 Nathália dos Santos Borges 1 Nicanor Palhares Sá 2 |
1. Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT 2. Prof. Dr./ Orientador - Depto de Teoria e Fundamentos da Educação - IE/UFMT |
INTRODUÇÃO: |
No Brasil, no período imperial, as questões indígenas passaram por uma fase de identificação com a missão católica. O Estado dividia as responsabilidades da questão indígena com as ordens religiosas, sendo que estas tinham contato direto com os índios e mantinham missionários que administravam a maioria dos aldeamentos indígenas em todo o país. Os aldeamentos consistiam em retirar, em muitos casos, os índios de sua aldeia e levá-los para outra aldeia, formada pelos governantes e religiosos, a fim de serem catequizados. A missão religiosa utilizava a educação como ferramenta para socializar/civilizar os indígenas e adequá-los ao convívio social. Em Mato Grosso, não diferentemente das demais partes do país, o aldeamento indígena foi uma prática muito utilizada para civilizar os índios. Diante do explicitado, buscou-se com esse trabalho compreender o processo civilizador por meio da educação ministrada nos aldeamentos na Província de Mato Grosso, no período de 1845 a 1880. |
METODOLOGIA: |
Para a realização deste trabalho, utilizaram-se fontes documentais, disponíveis no banco de dados do Arquivo Público de Mato Grosso – APMT, tais como: Relatório de Presidente de Província de Mato Grosso, Relatório do Diretório dos Índios, Ofícios, documentos referentes à igreja e Jornais da época, além de fontes bibliográficas que retratam o cenário em que o trabalho se insere, compreendido no recorte temporal entre 1845 a 1880. |
RESULTADOS: |
As análises documentais mostram que o aldeamento em Mato Grosso foi uma maneira encontrada pelo Estado, em consonância com a ordem religiosa – católica, de promover uma educação capaz de moldar aos indígenas para viverem em sociedade. Pretendia-se com a catequização, além de inculcar valores religiosos, coagir e impor aos índios o medo e o respeito às autoridades não indígenas. Os dados indicam que a intenção dos governantes em aldear os indígenas era cessar as “carreias” destes e transformá-los em trabalhadores, utilizando-os como muralha viva, força militar, contras tribos de índios hostis que atacavam e saqueavam as aldeias colonizadas. |
CONCLUSÃO: |
Esse trabalho parte do pressuposto de que a educação permeia todas as organizações sociais, desde a simples a mais complexa e, pode ser utilizada como instrumento normatizador da vida em sociedade, moldando cidadãos em prol de um ideal civilizatório, como é o caso da educação destinada aos indígenas. Percebe-se que o aldeamente indígena em Mato Grosso, tratava-se de um projeto civilizador, que também continha em seu cerne, o propósito de converter os índios à religião católica. Dessa forma, os índios aldeados receberiam uma “educação” propícia para que esses cessassem suas “correrias” e deixassem de assustar e atacar os colonos, fornecendo ao mesmo tempo mão de obra para o trato com a lavoura. O aldeamento facilitaria também, utilizar do saber indígena para a navegação e para o transporte de produtos rumo à província do Mato Grosso. Em resumo pode-se dizer que o objetivo principal de catequizar/educar os índios consistia na busca idealizadora em transformar cada selvagem num cidadão-trabalhador e obter a completa submissão dos grupos indígenas. |
Palavras-chave: Educação, Aldeamento indígena, Processo civilizatório.. |