63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia |
POLUIÇÃO AMBIENTAL E ÓBITOS POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES |
Camila Trolez Amancio 1 Luiz Fernando Costa Nascimento 2 |
1. Depto. de Medicina, Universidade de Taubaté – UNITAU 2. Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITAU |
INTRODUÇÃO: |
Estudos têm encontrado associações significantes entre exposição a poluentes ambientais e efeitos danosos na saúde da população, sendo importante fator causal para admissões hospitalares e mortalidade. Quanto à mortalidade, evidenciou-se que os níveis de material particulado no ar estão associados a óbitos por doenças cardiovasculares, sendo estas a primeira causa de morte no Brasil e, portanto, um grave problema de saúde pública. Apesar de nem todos os mecanismos da poluição atmosférica que causam efeitos deletérios à saúde terem sido identificados, acredita-se que há uma defasagem em relação ao dia da exposição ao poluente, o que é chamado de efeito de defasagem ou lag. Deste modo, o objetivo desse estudo é estimar a associação entre exposição aos poluentes ambientais material particulado, dióxido de enxofre e ozônio e óbitos por doenças cardiovasculares em indivíduos com 50 anos ou mais, na cidade de São José dos Campos-SP. |
METODOLOGIA: |
Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais. Foram incluídas informações relativas a óbitos por doenças cardiovasculares em indivíduos com 50 anos de idade ou mais, residentes do município de São José dos Campos, interior do estado de São Paulo. As doenças cardiovasculares selecionadas, que culminaram em óbito, foram as correspondentes à respectiva codificação na Classificação Internacional de Doenças, em sua décima revisão (CID-10: I10, I11, I15, I20 a I25, I60 a I167 e I69), tendo sido obtidas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). As estimativas foram feitas para o período de 2003 a 2007. Foram obtidos dados sobre níveis diários dos poluentes material particulado, dióxido de enxofre, ozônio, temperatura e umidade da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Foram construídos modelos de defasagem distribuídos de zero a sete dias após a exposição e realizada a análise estatística por modelos lineares generalizados (MLG) de Regressão de Poisson, pelo programa computacional R. A análise foi realizada em modelo unipoluente e ajustada por temperatura média e umidade. Desse modo, foram obtidos os riscos relativos e seus intervalos de confiança de 95%. |
RESULTADOS: |
No período do estudo, houve 1928 óbitos; a média diária foi 1,05 (dp=1,02), variando entre zero e seis. O ano em estudo que apresentou maior número de óbitos foi o de 2007, tendo apresentado a segunda maior média anual de nível de material particulado e a maior média anual de ozônio, dentre os anos em estudo. Ao se estimar a associação entre poluentes e óbitos por doenças cardiovasculares, por Regressão de Poisson, foi possível verificar que o óbito esteve associado à exposição ao material particulado no dia concorrente e o dióxido de enxofre no quarto dia após a exposição. O ozônio não se mostrou importante em nenhuma das estruturas de defasagens analisadas. |
CONCLUSÃO: |
Conclui-se que foi possível estimar a associação entre exposição a poluentes ambientais e óbitos por doenças cardiovasculares, sendo de maior importância os poluentes material particulado e o dióxido de enxofre. Esse estudo poderá fornecer subsídios para o controle da poluição ambiental e, consequentemente, prevenção de óbitos por eventos agudos de doenças cardiovasculares. |
Palavras-chave: Poluição do ar, Material particulado, Doenças cardiovasculares. |