63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 2. Manejo Florestal
ANÁLISE DA ESTRUTURA HORIZONTAL EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANTE E SOB MANEJO FLORESTAL NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ – TEFÉ/AM
Francilene Rabelo Rodrigues 01
Alberto Carlos Martins Pinto 01
1. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - IDSM
INTRODUÇÃO:
A pressão ambiental sobre a Floresta Amazônica para obter recursos madeireiros é crescente e a história mostra que o aproveitamento dessa matéria-prima em bases sustentáveis é um desafio para a ciência florestal. A várzea merece atenção especial no Amazonas devido ao intenso uso para a agricultura e o extrativismo madeireiro. Assim o estudo inicial da análise estrutural da floresta nos permite determinar o número de indivíduos de cada espécie, área basal e a distribuição de cada espécie na floresta. Essas informações são obtidas através do inventário florestal, cuja finalidade é obter dados sobre o potencial madeireiro de uma área ou de uma determinada espécie o qual é realizado pela instalação de parcelas permanentes que são unidades de amostras demarcadas e observadas de forma contínua, visando conhecer o comportamento das espécies e seus processos dinâmicos. Contribuindo assim, para a manutenção e utilização adequada da cobertura florestal, mantendo a diversidade e garantindo a produção contínua da floresta. Este estudo vem contribuir com informações estruturais das espécies florestais em área preservada e em área manejada da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
METODOLOGIA:
A área de estudo está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) na região do Médio Solimões, na confluência dos rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná, a cerca de 70 km a noroeste da cidade de Tefé-AM. Para o estudo da estrutura horizontal foram utilizados dados proveniente do inventário 100% de 3 parcelas permanentes instaladas pelo Programa de Manejo Florestal Comunitário (PMFC), duas parcelas estão localizadas em área de manejo florestal nas comunidades Boca do Mamirauá (PMBC) e Nova Betel (PMNB) e uma parcela localizada na Área de Preservação Permanente da RDSM na comunidade Boca do Mamirauá (APPBC). Cada parcela tem área de 1 ha e todos indivíduos arbóreos com DAP > 10cm foram amostrados, o ponto de medição de diâmetro marcado, plaqueteados e identificados. Por meio desses dados foi analisada a estrutura horizontal da floresta. Considerando os parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal apresentaremos alguns como a densidade e a dominância.
RESULTADOS:
Considerando as três parcelas foram amostrados 1415 indivíduos distribuídos em 31 famílias botânicas, 67 gêneros e 80 espécies. As famílias de maior riqueza foram Fabaceae (13), Annonaceae (8), Euphorbiaceae (7), Lauraceae e Malvaceae (5) e Clusiaceae (4). As 5 espécies de maior densidade foram Lecythis chartacea (18,67 ind./ha), Tachigali spp. (16,00 ind./ha), Micropholis venulosa (15,33 ind./ha), Annona tenuipes (13,33 ind./ha) e Ocotea cymbarum (12,67 ind./ha). As 5 espécies com maior dominância foram Hura creptans (1,91 m²/ha), Piranhea trifoliata (1,81 m²/ha), Ocotea cymbarum (1,19 m²/ha), Inga spp. (1,08 m²/ha) e Tachigali spp. (0,88 m²/ha). A APPBC apresentou 553 indivíduos, a PMBC (544) e a PMNB (318). A área basal total foi: PMBC (31,39 m²/ha), PMNB (26,83 m²/ha) e APPBC (29,49 m²/ha). Apesar de a APPBC apresentar o maior número de indivíduos, este não apresentou maior área basal demonstrando que tem muitos indivíduos, porém de diâmetros menores, isto pode ser devido a APPBC ter sofrido corte seletivo em um momento anterior a criação da reserva ou algum distúrbio natural e estar em processo de sucessão.
CONCLUSÃO:
O inventário florestal nos mostra a situação atual da estrutura da floresta, de maneira que é preciso saber o histórico de perturbação das áreas de estudos para não chegar à conclusões precipitadas, considerando a área como não muito produtiva. Estes dados são importantes para recuperação, conservação e preservação de algumas espécies existentes na área da reserva. A remedição dessas parcelas em períodos determinados é importante para acompanharmos os efeitos do manejo florestal sobre a futura estrutura da floresta e como ela se comportará até o próximo período de corte. Pode-se assim assegurar a sustentabilidade dos métodos de manejo aplicados. Sugere-se que sejam realizados estudos de auto-ecologia para uma melhor compreensão da dinâmica das espécies na floresta.
Palavras-chave: Inventário Florestal, Estrutura da Floresta, Manejo Florestal.