63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
Matrizes curriculares, estágio supervisionado e formação de professores inclusivos: convergência ou divergência?
Calixto Júnior de Souza 1
1. Mestrando em Educação pela UFGD
INTRODUÇÃO:
Partindo do pressuposto que o processo de inclusão deve ser refletido, vivenciado e concretizado no âmbito do contexto escolar, bem como em tantos outros espaços sociais, urge refletir sobre a estruturação dos cursos de licenciatura em relação ao processo de inclusão das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (PNEE). Tendo em vista que a própria natureza desta modalidade de ensino almeja a formação de professores antenados com as várias nuanças contraditórias que permeiam no contexto escolar.
Destarte, este trabalho tem como objetivo analisar a articulação entre o processo de inclusão e a estruturação dos cursos de licenciatura de uma universidade do sudoeste goiano de modo a compreender como esta instituição tem pautado a sua prática pedagógica a fim de fortalecer o infindável caminho para a inclusão, tendo em vista a inclusão das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e a efetivação de culturas de inclusão no âmago do trabalho pedagógico (IMBERNÓN, 2000; MANTOAN, 2003; CARMO, 2002).
METODOLOGIA:
Este estudo tem como estrutura metodológica uma pesquisa com feixes bibliográfico e documental. Embasando-se em Gil (2002), este estudo concebeu como pesquisa bibliográfica a contribuição no sentido de coletar conhecimentos pertinentes a inclusão escolar, como forma de subsidiar a análise dos dados coletados; e como pesquisa documental no sentido de compreender como cada curso tem construído o seu Projeto Político-Pedagógico com interfaces ao processo de inclusão, na qual foram coletadas categorias centrais das nove licenciaturas da universidade estudada, são elas: Letras, Pedagogia, Matemática, Física, Química, Biologia, História, Geografia e Educação Física.
RESULTADOS:
A matriz curricular dos nove cursos de licenciatura analisados constata-se que oito deles não possuem nenhuma disciplina em seus eixos de Núcleo Comum e Núcleo Específico que aborde a temática de inclusão de modo a culturalizar futuros professores sobre práticas inclusivas a fim de concretizá-las nas futuras atuações profissionais. Em apenas um curso, a saber, Educação Física, há a presença de uma disciplina abordando essa temática no 7º período.
Constata-se na instituição estudada uma ausência de instigamento no estágio supervisionado dos saberes ligados a inclusão, tendo em vista que durante o curso há pouco e/ou quase nada de articulação com os valores e princípios intrinsecamente relacionados à diversidade do alunado, especialmente àqueles que possuem alguma necessidade especial. Em relação ao curso de Educação Física que possuí uma disciplina articulada com a inclusão no 7º período, o estágio supervisionado inicia-se no 5º período, assim, os licenciandos ingressam no campo com várias dúvidas e incertezas no tocante ao saber educar as PNEE, e muitos deles se auto-rotulam como despreparados para encarar a empreitada da inclusão.
CONCLUSÃO:
Como foi identificado pela análise dos PPCs dos nove cursos na universidade estudada, há um grande distanciamento no discurso que é proposto nos PPCs de cada curso a fim de pleitear a concretização de práticas inclusivas no interior da formação inicial de professores, partindo-se da exclamação que o ensinamento de saberes ligados a inclusão, de modo a articular a especificidade de cada curso com práticas inclusivas, constitui-se em afirmativas para a motivação dos licenciados e licenciandos na efetivação conjunta da prática pedagógica e, dessa forma, possam ser desafiados a transcender as práticas excludentes e discriminatórias que, erroneamente, resulta no banimento das PNEE de um espaço que era para ser para todos.
Por meio dos resultados, constata-se que as matrizes curriculares dos cursos analisados, em sua grande maioria, não esboçam nenhuma articulação com saberes pertinentes a inclusão. Infelizmente, os futuros professores ingressarão nas futuras atuações de trabalho com nenhuma bagagem formativa para se sentirem preparados para educar as PNEE e, quiçá, também podem ficar desmotivados para uma complementação continuada de conhecimentos referentes ao processo de inclusão.
Palavras-chave: Inclusão, Matriz Curricular, Projeto Político-Pedagógico.