63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química |
OBTENÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE MICROALGAS COLETADAS EM UMA LAGOA FACULTATIVA LOCALIZADA NA ETE DA VILA UNIÃO PALMAS-TO |
Aderlânio da Silva Cardoso 1 Gláucia Eliza Gama Vieira 1 Anelise Kappes Marques 1 |
1. Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustível - UFT - Campus de Palmas 2. Profa. Dra./ Orientadora - Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustível - UFT - Campus de Palma 3. Laboratório de Microbiologia Ambiental e Biotecnologia, Setor de Hidrobiologia - UFT |
INTRODUÇÃO: |
Como uma promissora fonte de óleo para a obtenção de biodiesel, as microalgas são microrganismos que apresentam uma grande quantidade de óleo por peso seco. Os lipídeos de microalgas possuem um teor que pode exceder 80% do peso seco da biomassa microalgal. Os níveis de óleo de 20-50% são bastante comuns (CHIST, 2007). Esses lipídeos podem ser obtidos por processos mecânicos (prensa) e/ou pelo uso de solventes, assim como já é realizado com as outras biomassas oleaginosas (CHIST, 2007). O óleo das microalgas ainda não está sendo bastante utilizado devido ao seu alto preço e ao alto custo de produção de microalgas, onde são necessários gastos com infra-estrutura (construção de tanques e fotobiorreatores, por exemplo) para cultivo, utilização de meios de cultura, processos de separação da microalga do meio líquido, além de outros fatores que fazem com que o óleo se torne caro (SAWAYAMA et al., 1995). Com isso, a fim de contribuir para a diminuição do valor do óleo da microalga e diminuir a quantidade dessa biomassa lançado em córregos, após o tratamento do afluente em lagoas facultativas, objetivou-se o utilizar a biomassa microalgal (denominada de residual) já presente em efluentes de lagoas facultativas para a obtenção de biodiesel. |
METODOLOGIA: |
Foi coletada, na saída da lagoa facultativa, uma amostra do efluente (100mL em duplicata). Para a obtenção de biomassa microalgal, foi coletado um volume de aproximadamente 10L. A metodologia utilizada para a análise qualitativa das microalgas da lagoa facultativa foi a descrita por Marques (2006). A análise quantitativa foi realizada de acordo com o método descrito por Uthermöhl (1958). A biomassa foi concentrada por filtração à vácuo. Já a extração dos lipídeos da biomassa seca foi realizada conforme Folch et al. (1957) apud Lourenço (2006) e caracterizados por Espectrometria de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR). Os espectros de infravermelho abrangendo a região de 4000 – 400cm-1 foram obtidos em Espectrofotômetro FTIR, Thermo Nicolet, modelo Nexus 470, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Os espectros foram obtidos à temperatura ambiente em pastilhas sólidas, e foram adquiridos com resolução de 4cm-1 e 32 scans/min. O biodiesel foi obtido conforme Xu et al. (2006), com o uso de 180,4mg de lipídeo. O biodiesel foi analisado fisicamente por FTIR, como realizado para o extrato lipídico. |
RESULTADOS: |
As espécies de microalgas encontradas pertencem aos grupos Bacillariophyceae, Cyanobacteria, Chlorophyceae, Cryptophyceae, Euglenophyceae, Zygnemaphyceae e Dinophyceae. A maior quantidade de indivíduos por mililitro é dos grupos Cyanobacteria e Euglenophyceae. As espécies predominantes foram a Lepocinclis salina Frits., a Plankthotrix isothrix Bory, Euglena sp. e a Phacus longicauda (Ehr.) Duj. Em média, a biomassa microalgal obtida da lagoa facultativa foi de 84,50mg/L.O efluente, após a filtração, teve a sua cor aparente modificada, comprovando a recuperação da biomassa microalgal e melhorando a qualidade do efluente, uma vez que, segundo Petry (2005), quando o meio hídrico apresenta a combinação de algas e compostos halogenados, trihalometanos podem ser produzidos. Foi obtido um extrato com valores iguais a 16%, com média, em massa, de 55,6±1,044mg. As bandas de absorção de lipídeos encontradas foram: 1736cm-1; 1096cm-1; 2927cm-1 (SILVERSTEIN e WEBSTER, 2000). De acordo com Yang et al. (2005), a maioria das bandas de absorção que representa os grupos funcionais dos triglicerídeos encontram-se nessas faixas encontradas. No espectro de FTIR, do extrato obtido após reação, foram observadas as bandas de absorção: 1740cm-1; 1096-1155cm-1; 2925cm-1 e 2854cm-1. |
CONCLUSÃO: |
CONCLUSÃO O efluente da lagoa facultativa da ETE Vila União é composto por diferentes espécies, sendo os táxons Cyanobacteria, Chlorophyceae, Euglenophyceae e Zygnemaphyceae com o maior número. No que diz respeito ao número de indivíduos por mililitro, as espécies dos táxons Cyanobacteria e Euglenophyceae são predominantes. As microalgas identificadas, possuem a capacidade de produção de lipídeos e ácidos graxos, predominantemente saturados, os quais são também utilizados para obter biodiesel. Na recuperação da biomassa microalgal, o processo de filtração pode ser utilizado para a concentração de biomassa microalgal, considerando uma escala de bancada. E, a biomassa recuperada do efluente possui um teor lipídico de 16%, assemelhando-se aos teores lipídicos obtidos a partir de microalgas cultivadas por processos convencionas e possuindo, com isso, potencial para uso na obtenção de lipídeo para a produção de biodiesel. Do ponto de vista econômico e ambiental, a obtenção de biomassa microalgal diretamente da lagoa facultativa mostra-se como uma alternativa aos processos tradicionais de obtenção de biomassa algal, visando o aproveitamento da biomassa para a produção de biocombustível e, simultaneamente, minimizando impactos ambientais decorrentes da presença elevada desse material no ambiente. |
Palavras-chave: Lagoa facultativa, Microalgas, Biodiesel. |