63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 12. Engenharia Química
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E COMPOSTOS FENÓLICOS NA CASCA DO JAMBO (Sysygium malaccense)
Petrúcia Karine Santos de Brito 1
Juliana Chrís Silva de Azevêdo 2
Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata 3
Márcia Maria Lima Duarte 4
1. Depto. de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. PPGEQ, Depto. de Eng. Química - UFRN
3. Profa. Dra./Co-Orientadora - Depto. de Eng. Química - UFRN
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Eng. Química - UFRN
INTRODUÇÃO:
O jambo vermelho é um fruto tropical com potencial tecnológico ainda pouco explorado. Sua safra sazonal abundante aliada à carência de informações científicas tem contribuído para o seu elevado desperdício, uma vez que sua produção se destina praticamente ao consumo in natura. Nos vegetais, a presença de fitoquímicos com ação antioxidante, dentre eles os compostos fenólicos, tem exercido efeitos protetores em sistemas oxidativos. Os resultados positivos obtidos ao longo dos anos por pesquisadores atuantes nesta área suscitaram uma maior exploração de alimentos ricos em fenólicos, estimularam o desenvolvimento de novas pesquisas e o aprofundamento de trabalhos já iniciados. Considerando a importância dos compostos fenólicos como antioxidantes e que o jambo é um fruto desperdiçado durante o período de safra no estado do Rio Grande do Norte (RN), o presente estudo objetivou avaliar a atividade antioxidante (AA) e os compostos fenólicos totais (CFT) presentes em extratos obtidos a partir da casca do jambo. Esses resultados poderão incentivar estudos sobre a viabilidade tecnológica de produtos que utilizem o jambo como matéria-prima principal.
METODOLOGIA:
A matéria-prima utilizada para a obtenção dos extratos foram cascas de jambos adquiridos por coleta seletiva aleatória durante a safra do fruto na cidade de Natal (RN). Foi utilizado como solvente a mistura água destilada e álcool etílico (99,5%), em diferentes proporções, no processo de obtenção dos extratos da casca de jambo. Todos os experimentos foram realizados nos laboratórios de Eng. de Alimentos, Operações Unitárias e Eng. Bioquímica, pertencentes ao DEQ/UFRN. A aparelhagem consistiu de um reator enjaquetado acoplado a um banho termostático, onde as amostras de casca de jambo eram misturadas ao solvente. A temperatura da solução, que variou de 40 a 60 ºC, e a velocidade de agitação, entre 9 e 12 rpm, foram controladas por um termopar e um agitador mecânico com velocidade controlável, respectivamente. Estabeleceu-se tempos de extração de 10, 20 e 30 minutos, e relações H2O/EtOH de 1:3, 2:3 e 1:1. As amostras foram analisadas em um Espectrofotômetro digital UV visível, quanto à CFT e AA, conforme as metodologias descritas por Cheplick et al (2010) e Correia et al (2004), respectivamente, utilizando os reagentes: Folin-Ciocalteau e solução de DPPH (10-3 M). Os resultados para CFT foram expressos em mgGAE/100g da amostra e para a AA, em % do radical DPPH• seqüestrado.
RESULTADOS:
A partir de diferentes condições operacionais foram obtidos 21 extratos da casca do jambo. Todos os extratos analisados, exceto o EC17, apresentaram concentrações de compostos fenólicos totais acima de 100 mg GAE/100 g de casca, atingindo uma concentração máxima de 154,2 mg GAE/100 g de casca, quando se utilizou H2O/EtOH na proporção 1:3 e se operou a 40 ºC durante 10 minutos de extração. Em relação à atividade antioxidante, esta variou entre 27,54 e 52,24% de inibição do radical DPPH•, sendo mais efetiva no extrato da casca utilizando H2O/EtOH na proporção 2:3, operando a 50 ºC por 20 minutos. Ikram et al (2009) determinaram CFT e AA de 58 frutos, verificando para o jambo um teor de CFT de 555,57 mg GAE/100 g da amostra e uma AA de 90,09% pelo método DPPH., utilizando metanol como solvente. No presente estudo, foram utilizados água e etanol como solventes, reforçando a influência das condições de processamento (tipo e tempo de extração, tratamento térmico, etc.), também observadas por Malacrida e Motta (2005) ao estudar CFT e antocianinas em suco de uva, e influência da polaridade que diferentes solventes possuem na obtenção de CFT e AA. Na literatura há resultados publicados para sistemas diferentes, utilizando outras matérias-primas, o que impossibilita qualquer comparação.
CONCLUSÃO:
A maior concentração de compostos fenólicos totais obtida nos extratos da casca de jambo analisados, resultou em 154,2 mg GAE/100 g de casca para as seguintes condições de operação: T = 40 ºC, t = 10 minutos e H2O/EtOH = 1:3. A melhor atividade antioxidante apresentada pelos extratos foi de 52,24 %, sendo considerada uma atividade moderada, para as seguintes condições de operação: T = 50 ºC, t = 20 minutos e H2O/EtOH = 2:3. Verificou-se que o aumento da concentração de fenólicos totais foi inversamente proporcional à atividade antioxidante nos extratos analisados. Fatores como temperatura, tempo de extração e relação entre os solventes, influenciaram tanto no teor de compostos fenólicos quanto na atividade antioxidante dos extratos. Os resultados obtidos durante a avaliação da atividade antioxidante in vitro de extratos de jambo, indicam esse fruto como fonte de compostos fenólicos, presentes principalmente na casca, considerados como protetores em processos oxidativos.
Palavras-chave: Jambo, Antioxidantes, Compostos fenólicos.