63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre |
TAXA DE CAPTURA DE AVES EM UMA ÁREA DE SUB-BOSQUE DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL – PESA, REGIÃO LESTE DE MATO GROSSO |
Fabiana Mendonça Vieira 1 Hugo Jesus de Brito 1 Jessiane Mayara Nogueira Pereira 1 Keila Nunes Purificação 1,2 Lorena da Silva Castilho 1,3 Márcia Cristina Pascotto 1,4 |
1. Laboratório de Ornitologia – ICBS/Campus Universitário do Araguaia – UFMT 2. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina – MT 3. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade – UFMT, Cuiabá – MT 4. Profa. Dra./Orientadora – ICBS/Campus Universitário do Araguaia – UFMT |
INTRODUÇÃO: |
Redes ornitológicas são importantes para se amostrar uma maior diversidade de aves, especialmente aquelas pouco conspícuas, que vivem em populações pequenas e que vocalizam pouco. Além disso, permite a aquisição de dados num amplo espectro de estudos, possibilitando a obtenção de informações importantes, tais como os padrões sazonais de movimentação das aves, as espécies mais abundantes em um determinado ambiente e a ocorrência de espécies gregárias. Os padrões de movimentação das aves em seus hábitats estão diretamente relacionados à disponibilidade de recursos alimentares e de sítios reprodutivos, sendo que as variações sazonais nas atividades das aves podem ser detectadas através das taxas de captura em redes ornitológicas. Entretanto, esta metodologia está restrita ao estudo das aves de sub-bosque. Assim, o presente trabalho teve por objetivo verificar a variação ao longo do ano nas taxas de captura das aves de sub-bosque de uma área de vegetação mista do domínio Cerrado no Parque Estadual da Serra Azul – PESA, por meio da captura com redes ornitológicas. |
METODOLOGIA: |
O PESA localiza-se em Barra do Garças (15°51’34” S e 52°16’53” W), região leste de Mato Grosso, está inserido nos domínios do bioma Cerrado e possui uma área de aproximadamente 11 mil hectares. Foram realizadas capturas mensais com redes ornitológicas (malhas 36 mm; 15 m e 18 m) em uma área de sub-bosque com vegetação mista, entre março/2010 a fevereiro/2011, com um esforço amostral de 443,11 horas-redes. As redes foram abertas durante o início da manhã e mantidas abertas até a metade do dia. As aves capturadas foram identificadas e posteriormente marcadas com anilhas metálicas cedidas pelo CEMAVE/IBAMA. Para permitir comparações quantitativas entre os meses amostrados, foram calculadas as taxas de captura (número de indivíduos capturados em 100 horas-rede), como um índice de abundância, a partir da fórmula: TC = n x 100 / HR, onde n é o número de indivíduos capturados na rede; HR é o número de horas-rede da amostra; e TC é a taxa de captura. As horas-rede foram calculadas multiplicando-se o número de redes pelo tempo de operação das mesmas. A taxa de captura é utilizada como índice de abundância, pois o tempo de operação das redes foi diferente entre os meses amostrados. |
RESULTADOS: |
Ao total foram capturados 177 indivíduos, pertencentes a 48 espécies e 21 famílias. As famílias com o maior número de espécies capturadas foram Thraupidae (n=8), Tyrannidae (n=7), Trochilidae (n=5), Thamnophilidae e Emberizidae (n=4). As espécies de aves mais capturadas durante o período amostral foram Turdus leucomelas (TC=12,40 mar/10), Volatinia jacarina (TC=12,90 jun/10; TC=11,59 ago/10; TC=11,67 out/10), Thalurania furcata (TC=8,06 jun/10; TC=8,7 ago/10) e Cantorchilus leucotis (TC=8,79 set/10), sendo V. jacarina, de maneira geral, a espécie dominante nos diferentes meses da estação seca. As altas taxas de captura para V. jacarina podem ser explicadas pelo seu comportamento gregário, a qual geralmente forrageia em bandos. Os meses de junho, agosto, setembro e outubro de 2010 foram os que apresentaram a maior riqueza de espécies e também a maior quantidade de indivíduos capturados, provavelmente por ser o período reprodutivo das aves na região e durante o qual as aves se movimentam mais. Dentre as espécies capturadas e pouco conspícuas, Antilophia galeata, Elaenia parvirostris e Capsiempis flaveola só foram detectadas no PESA por meio da captura em redes ornitológicas. Duas espécies endêmicas do Cerrado também foram capturadas, A. galeata e Herpsilochmus longirostris. |
CONCLUSÃO: |
O uso de redes ornitológicas mostrou-se eficiente para o estudo das atividades da avifauna de sub-bosque, pois permitiu a determinação tanto das espécies mais abundantes como das menos conspícuas na área amostral. Além disso, as redes ornitológicas contribuíram para o registro de espécies de aves que ainda não haviam sido registradas para o PESA por métodos visuais e/ou auditivos. Com base nos resultados, podemos inferir que as maiores taxas de captura de aves de sub-bosque no PESA parecem estar relacionadas à abundância das espécies e ao fato de viverem em grupos, pois aves que se deslocam em bandos tendem a ser capturadas em maior número de indivíduos. Essa hipótese fundamenta-se nas altas taxas de captura para Turdus leucomelas e Volatinia jacarina, pois T. leucomelas é uma das espécies mais abundantes e conspícuas na área, enquanto que V. jacarina é uma espécie que forrageia em bando, tendo sido capturados vários indivíduos ao mesmo tempo. |
Palavras-chave: Aves, Cerrado, Taxa de captura. |