63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada |
OS TATUS (CINGULATA: DASYPODIDAE) DO PARQUE MUNICIPAL DO BACABA, NOVA XAVANTINA-MT |
Elizabete Carolina Pinheiro Zaratim 1 Teresa Cristina da Silveira Anacleto 1 |
1. Graduanda - Depto. de Ciências Biológicas, UNEMAT- Nova Xavantina/MT 2. Profª. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Biológicas, UNEMAT |
INTRODUÇÃO: |
Os tatus estão distribuídos em oito gêneros e 21 espécies e ocorrem largamente na América do Sul. No Brasil ocorrem dez espécies e nove dessas são encontradas no bioma Cerrado, sendo duas classificadas como vulneráveis (Priodontes maximus e Tolypeutis tricinctus). Apesar do Cerrado ter alta riqueza de tatus, dois fatores são preocupantes para a conservação desse grupo: as escassas pesquisas e a devastação do bioma. Os tatus são animais de difícil visualização exigindo pesquisas com grande esforço amostral. O Cerrado tem menos de 1% de sua área preservada em unidades de conservação federais de proteção integral e muitas destas áreas não estão suficientemente estruturadas para garantir a integridade do ecossistema local. Em Nova Xavantina, há unidade de conservação com cerca de 500 ha, é o Parque Municipal do Bacaba. Essa área de Cerrado está inserida em uma matriz de áreas destinadas às atividades agropecuárias. Essa pesquisa visou conhecer a comunidade de tatus do Parque e identificar através de observações diretas e indiretas os ambientes mais utilizados. |
METODOLOGIA: |
O Parque Municipal do Bacaba é um fragmento Cerrado onde está instalado o Campus da UNEMAT, em Nova Xavantina, é cercado por áreas destinadas à agricultura e pecuária e uma rodovia federal, a BR 158. O estudo iniciou em julho/2009 e teve duração de 12 meses. Foram empregadas três metodologias: armadilhas de queda, capturas ocasionais e jequis. Foram instalados aleatoriamente dez conjuntos de armadilhas em cinco ambientes distintos (mata de galeria, cerrado sensu stricto, cerradão, cerradão alterado e área alterada). As armadilhas permaneceram abertas durante oito dias ao mês e eram vistoriadas duas vezes ao dia, manhã e tarde. No intervalo entre as datas de coleta, as armadilhas permaneceram tampadas. Ao encontrar uma toca recentemente escavada e com terra acumulada na sua entrada, procedia-se a instalação do jequi e a vistoria em intervalos de seis horas. As capturas ocasionais foram realizadas durante o período de revisão das armadilhas de queda, quando as trilhas do Parque eram percorridas, nesse momento também foram registrados rastros e pegadas deixados nas trilhas. Os mamíferos que caíram nas armadilhas de queda foram transportados até o Laboratório de Mamíferos para serem medidos, pesados e fotografados. Em seguida foram soltos no local de captura. |
RESULTADOS: |
Foram registradas cinco espécies de tatus: Dasypus novemcinctus, D. septemcinctus, Priodontes maximus, Euphractus sexcinctus e Cabassous unicinctus. A maioria dos registros (38%) foi de P. maximus e (17%) de D. novemcinctus. P. maximus é uma espécie ameaçada de extinção e indicadora de qualidade ambiental. Dos registros obtidos para esta espécie (n=11), oito ocorreram no cerradão alterado, a ocorrência nesse cerradão alterado pode estar relacionada à ausência de fogo e caça. Essa área foi considerada alterada por ser uma faixa estreita entre a estrada de acesso ao Campus e a Br 158. Nessa mesma área ocorreu o único registro com armadilha de queda, um D. novemcinctus jovem caiu à noite, no período de chuva. Essa espécie é notívaga, prefere ambientes bem estruturados. Em outro trabalho realizado no Parque, os registros de D. novemcinctus predominaram no período de chuva. Neste período há maior disponibilidade de presas, favorecendo a dieta dessa espécie que pode variar ao longo do ano com relação à oferta de itens alimentares. Os tatus possuem dieta variada, E. sexcinctus é considerado carnívoro-onívoro, C. unicinctus e P. maximus são considerados insetívoros-especialistas, D. novemcinctus e D. septencinctus são insetívoros-generalistas. |
CONCLUSÃO: |
Os tatus são animais de difícil visualização e captura, o uso de armadilhas de queda não se mostrou satisfatoriamente eficiente neste estudo. Provavelmente, faz-se necessário mais estudos com essa metodologia para verificar a eficácia do método. Os ambientes mais procurados pelos tatus foram cerradão alterado e a mata ciliar. Provavelmente, a classificação subjetiva de alterado por estar entre estradas com tráfego de veículos, não esteja adequada para os tatus, que nesse ambiente encontram alimento, abrigo e proteção, já que não há caça e fogo. Os dados aqui reunidos e a indicação de cinco espécies de tatus indicam que o Parque do Bacaba serve de refúgio para os animais silvestres, inclusive para o raro tatu-canastra. A criação de Unidades de Conservação nas áreas do entorno do Parque é uma necessidade, pois possibilitaria a manutenção do fluxo gênico entre as espécies, criando corredores ecológicos entre essas áreas e os fragmentos de Cerrado que compõe a Serra do Roncador. |
Palavras-chave: Cerrado, Conservação, Diversidade. |