63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ECOLOGIA TRÓFICA DE Exodon paradoxus (PISCES, CHARACIFORMES), EM ÁREAS MARGINAIS NO CURSO MÉDIO DO RIO DAS MORTES, MT
Ananda Carla Scatena de Souza 1
Marcos Kreutz 1
Eliete Francisca da Silva 1
Jane Dilvana Lima 2
Cesar Enrique de Melo 3
1. Depto. de Ciências Biológicas, UNEMAT–Nova Xavantina-MT
2. Depto. de Ciências Biológicas, UEG – Porangatu-GO
3. Prof. Dr./Orientador–Depto. de Ciências Biológicas-UNEMAT
INTRODUÇÃO:
A bacia Araguaia-Tocantins representa um ambiente muito diversificado, caracterizado por muitos biótopos, propiciando uma extraordinária riqueza da ictiofauna. O Rio das Mortes é um dos principais rios desse sistema aquático. Nesse rio são poucos os trabalhos científicos sobre peixes e, a maioria está relacionada a indivíduos de grande porte ou com maior importância comercial. Mesmo assim, estes estudos demonstram a ocorrência de alta diversidade e riqueza de espécies de peixes. Alguns estudos que envolveram peixes de pequeno porte em grandes rios demonstraram que estes são de grande importância para a cadeia trófica e para manutenção da biodiversidade nos grandes rios, o que justifica a necessidade de estudos relacionados ao nicho ecológico e a alimentação de espécies desse grupo. Exodon paradoxus é uma espécie de pequeno porte, da família Characidae, conhecido popularmente como miguelito, miguelzinho e miguelinho. Essa espécie ocupa áreas rasas de rios, lagos e córregos e possui reprodução por desova total que ocorre no período da cheia. Deste modo, este trabalho tem como objetivo comparar a ecologia trófica de Exodon paradoxus em diferentes classes de tamanho.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi realizado em áreas rasas do Rio das Mortes, no município de Nova Xavantina - MT. As coletas da ictiofauna foram realizadas em maio de 2009 em 43 pontos de coleta distribuídos em 11 localidades. Para coleta da ictiofauna foi utilizada rede de arrasto com 10 x 1,5m e malha de 5mm. Em cada local de amostragem foram determinadas três áreas de 100 m2, sendo cada área totalmente coberta pela rede de arrasto. Após a coleta, ainda em campo, os peixes foram fixados com solução de formol a 10% e depois, em laboratório, conservados em solução de etanol a 70%. Na análise de conteúdo estomacal, foi retirado o estômago de cada peixe por meio de incisão ventral e seu conteúdo foi analisado qualitativamente, utilizando-se estereomicroscópio. Para análise quantitativa foi utilizado o método volumétrico que consiste em determinar o volume de cada item ingerido. Para verificar características alimentares em relação à ontogenia da espécie, os peixes foram divididos em 10 classes de tamanho. Na caracterização da dieta, os resultados foram analisados através do método gráfico que agrupa a freqüência relativa de ocorrência e o volume relativo, proporcionando uma estimativa da importância alimentar de cada item, por meio do índice alimentar (IAi).
RESULTADOS:
Durante o estudo foram coletados 483 exemplares de Exodon paradoxus, sendo a caracterização da dieta baseada em 200 estômagos, representando 41,4% do total coletado. A análise da dieta com base nas classes de tamanho mostrou que E. paradoxus alimentou-se predominantemente do item escama nas classes iniciais e finais de tamanho, e nas classes intermediárias o item predominante foi peixe, seguido de inseto. A espécie apresentou um hábito lepidófago nas classes iniciais e finais, esse hábito é encontrado em estudos relacionados à alimentação desta espécie. Nas classes intermediárias E. paradoxus apresentou um hábito carnívoro, hábito incomum, sendo que os trabalhos apresentam a espécie com hábito lepidófago e insetívoro. Na análise de importância alimentar, o item peixe foi o mais importante em todas as classes exceto nas 2, 9 e 10.
CONCLUSÃO:
Através das análises realizadas é possível afirmar que E. paradoxus nas classes iniciais e finais apresenta características especializadas, se alimentando predominantemente do item escama, nesta classe houve complemento do item peixe e inseto. Nas classes intermediárias, a espécie apresenta características mais generalizadas, consumindo principalmente peixes, seguido de insetos, porém, a dieta nestas classes foi complementada pelo item escama. O item peixe foi o mais abundante em praticamente todas as classes de tamanho analisadas, com exceção das classes 2, 9 e 10 que tiveram como item mais abundante a escama.
Palavras-chave: dieta alimentar, lepidófago, peixes.